O LAGO

O autor

Edimilson Rodrigues Maciel, filho de Tucuruí, município localizado no sudeste do Pará, é um grande pesquisador da história da sua cidade natal e a micro-região que a envolve. Detém conhecimentos adquiridos através de seus estudos pessoais, sendo considerado, atualmente, um autodidata. Estudou nas Escolas Frei Gil de Vila Nova, Oneida Borrágio Zumero e Instituto Nossa Senhora da Conceição, em Tucuruí. Completou seus estudos em Belém.

Sua carreira literária teve início em 1997, quando publicou seu primeiro livro: “Tucuruí 50 Anos”. Em 1999, lançou “De Belém a Tucuruí”. Neste, Edimilson descreve uma viagem feita da capital paraense à sua cidade natal, refazendo o mesmo trajeto que Inácio Baptista, pesquisador e navegador, fez no século passado. É neste caminho, feito de barco, que o escritor apresenta os aspectos da vida dos povos ribeirinhos que habitam as margens do rio Tocantins, servindo de importante relato comparativo entre estes dois momentos, revelando inúmeras transformações verificadas nesta população ao longo dos anos.

Em seu terceiro título, “Guerrilha no Brasil”, o tucuruiense escreve sobre a Guerrilha do Araguaia. Neste, relata os acontecimentos da batalha, sua origem, como se deu a preparação dos guerrilheiros e como

eles divulgavam suas ideologias aos camponeses, na tentativa de convencê-los a aderir à causa. Consta também no livro fotografias inéditas e manuscritos de guerrilheiros e militares, com destaque para o desfecho das três batalhas principais e o final trágico de quase a totalidade dos guerrilheiros, que se deu através de prisões, torturas e crueldade.

Neste, “O Lago”, a intenção do autor é apresentar não apenas aos paraenses, mas aos brasileiros e ao mundo, como se originou o reservatório de água formado com o represamento do rio Tocantins para movimentar as turbinas da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Além disso, busca esclarecer algumas implicações que este fato provocou tanto no meio ambiental como no meio social da região, interferindo na rotina da comunidade que foi obrigada a mudar da área hoje alagada, ou daqueles que tiveram seus hábitos alterados apenas por conviver com um dos maiores lagos artificiais do planeta.

Apresentação

O presente trabalho foi desenvolvido em dois momentos: primeiramente foram realizadas as pesquisa de campo, com a participação direta do autor que foi até o local em busca de relatos dos habitantes das ilhas do Lago de Tucuruí e para testemunhar o modo de vida daquela comunidade. Esta pesquisa de campo teve início em novembro de 2000, com a visitação de Edimilson Maciel durante 2 anos em visitas esporádicas, ou seis meses corridos, aos pescadores e ribeirinhos do local. Esta ação oportunizou a ele colher depoimentos importantes, além de fazer o registro fotográfico da região.

Sua presença nesta comunidade, porém, não foi apenas de mero espectador. Maciel esteve participando ativamente das atividades desempenhadas por eles, como a pesca, a caça, o plantio, a colheita e a fabricação da farinha, por exemplo. “Este foi um dos mais difíceis trabalhos realizados por mim”, confessa, lembrando que foi parco o apoio financeiro, tendo custeado com recursos próprios a maior parte dos gastos com viagens, estadia, alimentação, filmes fotográficos e demais materiais utilizados neste período.

Já num segundo momento, o autor de “O Lago” buscou informações em instituições, como Colônias de Pescadores de Marabá, Itupiranga, Jacundá e Tucuruí,

além do Centro de Proteção Ambiental (CPA) da Eletronorte, entre outras.

Tudo isso para tentar alcançar o objetivo de mostrar um pouco da história desta construção, como é feita a pesca artesanal e relatar o modo de sobrevivência dos ribeirinhos, sua cultura e seu estilo de vida. Muitas vezes, Maciel necessitou retornar as ilhas para fazer mais fotos ou regravar depoimentos. Apesar das dificuldades, afirma: “Esperei muito tempo para fazer este