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O MOVIMENTO DO IMAGINÁRIO - O PERFIL DO LEITOR BRASILEIRO

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Por:   •  12/12/2013  •  4.753 Palavras (20 Páginas)  •  357 Visualizações

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O MOVIMENTO DO IMAGINÁRIO - O PERFIL DO LEITOR BRASILEIRO

Gilberto Barbosa Salgado*

I - INTRODUÇÃO

Em trabalho anterior, dissertação de mestrado em sociologia no IUPERJ em 1995, intitulado "O Imaginário em Movimento - Crescimento e Expansão da Indústria Editorial no Brasil ( 1960-1994)", buscou-se analisar o crescimento, a expansão, a tecnicização e a segmentação da indústria do livro no Brasil, inclusive com pesquisa de mercado junto às editoras, em uma abordagem no nível macro de análise social.

Doravante, trata-se de alcançar um outro nível de análise e interpretação, desta feita em uma perspectiva mais micro, com o escopo de esboçar um amplo e completo perfil do leitor brasileiro, mesclando survey, com variáveis quantitativas e qualitativas, focus-groups específicos e entrevistas de profundidade, destinados a uma abordagem mais pormenorizada.

A apresentação deste projeto, e sua articulação em uma pesquisa, permitirá discutir a temática, situada em um parâmetro para tese de doutoramento; como tal, pode-se, a partir do problema, serem discutidos aspectos atinentes às variáveis sócio-econômicas de controle, a dimensão amostral, a pormenores temáticos e de conteúdo pertinente, bem como, afinal, as possíveis teorizações e dimensionamentos analíticos decorrentes.

* Sociólogo, psicólogo e psicanalista, mestre em Sociologia no IUPERJ(1995), prof. da UFJF desde 1987 e consultor de empresas. 2

II - O LEITOR BRASILEIRO

O leitor brasileiro é um tipo especial de consumidor. Consumidor cultural. Se por um lado já estão relativamente caracterizados o consumidor médio de teatro, cinema, rádio ou televisão, inquietante, posto que relevante, é estudar, por outro lado, o leitor brasileiro.

Quem é o leitor brasileiro ? Quais são suas reais preferências? Como ele interage com o objeto-livro ? Quais são as condicionantes culturais e sócio-ambientais da formação deste leitor ? Por que se lê tão pouco poesia no Brasil ? Quais processos cognitivos e abstrato-formais envolvem a gênese formativa destes leitores ? Estas são algumas, dentre outras questões, que norteiam a temática, ao lado de seu perfil sócio-econômico.

De uma maneira geral, o brasileiro é propenso a consumir produtos culturais : são milhões que assistem televisão ou ouvem rádio, ao passo que discos e CD’s alcançam com relativa facilidade vendas de 10 mil cópias. O livro, por sua vez, quando suplanta 2 mil exemplares de vendas é motivo para comemorações. Deste modo, é preciso, através de uma ampla radiografia destes "seres", para alguns editores "quase inexistentes", procurar entender seu universo, descrever um pouco o imaginário que habita a relação das pessoas com os livros e, paradoxalmente, tentar interpretar as causas de uma menor predisposição a este consumo e as raízes do hábito da leitura. Os dados coletados poderão, doravante, traçar uma teoria sobre o leitor brasileiro, se constatada uma série de singularidades em relação aos demais consumidores culturais.

Um amplo e diferenciado diagnóstico do leitor brasileiro possibilitará ainda, como condicionante direto, oferecer um vasto material analítico-interpretativo para editores, livreiros, escritores, professores e, por que não ?, os próprios leitores. Sua relevância é substantiva, outrossim, para autoridades públicas que atuem na formulação e no planejamento de políticas setoriais para educação e cultura ( Ministério da Educação, Câmara Brasileira do Livro, Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Bibliotecas públicas). Realizado este passo, o prognóstico de médio-alcance para um perfil em mutação do leitor brasileiro deverá, por conseguinte, 3

acompanhar a formulação da tese de doutoramento, sugerindo um leque de opções e modificações nas políticas públicas para a cultura, que, fatalmente atingirão este leitor.

Fundamentalmente, a perspectiva acima anunciada é congruente com o que foi feito na dissertação de mestrado "O Imaginário em Movimento - Crescimento e Expansão da Indústria Editorial no Brasil ( 1960-1994)", defendida no IUPERJ em 1995, além de estar em sintonia como uma das linhas centrais da casa, uma vez que o IUPERJ é uma referência nacional na área de políticas públicas. Neste caso, o estudo analítico e interpretativo do perfil do leitor brasileiro possibilita oferecer, indubitavelmente, subsídios, como estudo de caso e diagnóstico, para aqueles setores, privados ou estatais, culturais ou educativo-pedagógicos, que lidam diretamente com o leitor e o livro. 4

III - FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Muitas podem ser as abordagens teórico-metodológicas a serem aplicadas ao leitor brasileiro. Neste artigo estarão sumariadas apenas algumas, tendo em vista que outras concepções teóricas poderão ser resultantes dos dados obtidos através do survey, dos focus-groups e das entrevistas de profundidade, coletados na parte empírica da pesquisa.

O "abre-alas" teórico situa-se em Jürgen Habermas, na Teoria da Ação Comunicativa ( 1981/83). Nesta obra o autor empreende uma crítica da dialética entre a razão emancipatória e a razão instrumental propondo, como síntese, a "razão dialógica", veículo do "consenso fundado" e da comunicação desobstruída. A saída de Habermas é bastante otimista, se comparada à "paralisia decisória da dialética sem síntese" de Adorno e Horkheimer. Se é aceito no universo da teoria social que os frankfurtianos empreenderam um diagnóstico crítico, posto que sombrio, da estrutura da indústria cultural, o prognóstico generalizou-se a partir do primeiro em um exercício auto-poiético, talvez até mimético. Em Habermas a razão dialógica aparece como proposição dentro de duas antinomias : a que opõe trabalho e interação e, outra, a antagonizar sistema e mundo-vivido - a presença de um no outro, e vice-versa, dentro de um projeto maior, e incompleto, que é o da modernidade, oferece a possibilidade de deslocamento dos objetos temáticos, alvos da teoria social, dentro destes eixos antinômicos. Aqui, acrescenta-se que entender o leitor brasileiro é compreendê-lo como fenômeno da recepção, a partir da estrutura da indústria editorial.

Se o diagnóstico crítico da estrutura da indústria editorial no Brasil foi feito na dissertação de mestrado supracitada, a conclusão

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