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Terceiro Mundo

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Por:   •  26/5/2013  •  1.763 Palavras (8 Páginas)  •  508 Visualizações

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Passada a experiência traumática da Segunda Guerra, a Europa tinha pela frente um difícil recomeço. Entre as ruínas das cidades, as populações procuravam reconstituir suas referências.

As perdas humanas representavam não só um abalo moral, mas também dificuldades para a tarefa de reconstrução da economia e da sociedade européias.

Além da diminuição populacional em razão das mortes em combates ou bombardeios, muitas pessoas se deslocaram em busca de parentes ou fugindo das pressões decorrentes do estabelecimento de novas fronteiras políticas. E havia ainda o trauma produzido pelo lançamento das bombas atômicas no Japão, que reforçava a herança dolorosa deixada pelo conflito.

As duas nações que emergiam com maior força no pós-guerra, EUA e URSS, tinham estratégias opostas para a restauração do equilíbrio mundial. Ambas deixavam claro que, embora a Segunda Guerra tivesse acabado, a disputa pelo poder não terminara. Iniciava-se, então, o conflito de interesses que ficou conhecido como Guerra Fria.

A DESCOLONIZAÇÃO

Após a Segunda Guerra Mundial, regiões africanas e asiáticas que se encontravam sob o domínio de países como Inglaterra, França e Holanda rebelaram-se no sentido de conquistar sua autonomia política e cultural.

As perversidades da guerra e as dificuldades econômicas para a reconstrução européia abalaram as justificativas preconceituosas da superioridade da raça branca. Embora tenha sempre existido nos países colonizados da Ásia e da África somente após a Segunda Guerra, a resistência ao domínio europeu resultou em conquistas mais concretas. Os movimentos nacionalistas se fortaleceram, exigindo não apenas autonomia interna (reivindicação característica do entreguerras), mas também a independência.

As antigas potências imperialistas se entravam fragilizadas nesse período, tanto em razão das suas dificuldades econômicas quanto questionamento da legitimidade de seu domínio sobre os territórios que colonizavam. Muitas nações colonizadas tinham enviado contingentes humanos para lutar contra os regimes totalitários, ou seja, a favor das forças "democráticas" liberais. Essa contribuição foi cobrada mais tarde,sendo exigida das forças aliadas coerência com os princípios liberais estabelecidos após a guerra. Além disso, os EUA e a URSS, interessados nessas regiões como novas áreas de influência, estimularam os movimentos nacionalistas e a ruptura com o antigo colonialismo europeu.

A emancipação e suas contradições

Os movimentos de independência afro-asiáticos tomaram em alguns países a forma de confronto armado e, em outros, seguiram vias pacíficas. Nas colônias em que a retirada dos colonizadores se deu de maneira consentida, assumiram o poder geralmente grupos da elite Local,quase sempre vinculados aos interesses econômicos do antigo dominador.

Analisando o desmoronamento dos impérios coloniais, a historiadora Letícia Bicalho Canêdo chama a atenção para a complexidade do processo de descolonização, em vista das profundas conseqüências da dominação européia sobre os povos colonizados.

[...] A descolonização não deixa, pois, de ser o choque de valores do Ocidente na Ásia e na África, valores que atribuíam preeminência à técnica e aos bens materiais e a revolta da Ásia e da África contra o Ocidente, que tentava arrancar-lhes O que o tempo e a História lhes tinham ajudado a produzir: identidade cultural, riquezas e autonomia. Nesse sentido, a descolonização passou a ser vista como ai expressão do ódio e da humilhação pacientemente acumulados, do desejo de recuperar a dignidade, mas uma dignidade a ser definida no plano internacional. (A descolonização da Ásia e da África. São Paulo:Atual, 1994. p. 7.)

Talvez resida exatamente no choque cultural e de concepção de mundo a raiz da grande contradição do processo de descolonização, sobretudo na África.

Retalhada de acordo com os interesses imperialistas, a África ganhou um mapa que encobriu a enorme diversidade étnica do continente, fonte secular de conflitos tribais. A presença estrangeira no território africano, amparada por uma força militar repressora, conseguiu muitas vezes diluir essas tensões. Uma das questões levantadas com o início dos movimentos emancipacionistas foi justamente a da manutenção das fronteiras que os europeus tinham determinado.

Para que a autonomia política acontecesse, era preciso que se estabelecesse um verdadeiro Estado nacional e, conseqüentemente, um poder político soberano. Isso significaria sobrepor um grupo étnico a outros, e, assim, criar a possibilidade de um novo conflito, agora interno. E os problemas não parariam aí. Os diversos grupos (que viriam a constituir o povo da nova nação) possuíam histórias distintas, tinham culturas próprias e, para dificultar ainda mais a união, falavam línguas diferentes. Estabeleceu-se então o paradoxo, como identificou o historiador José Flávio Saraiva: para poder articular politicamente a população e expulsar o branco dominador, era preciso que a língua desse estrangeiro fosse ensinada a todos, pois ela garantiria o idioma único da futura nação.

[...] há a questão das relações do continente com o mundo exterior. As línguas do colonizador são, nesse sentido, imprescindíveis para a comunicação e a troca de experiências. Ademais, o emprego de um idioma nacional unificado favoreceria o aproveitamento técnico-científico ao nível de todos e não só de uma pequena elite ilustrada detentora de uma língua que lhe permite isolar-se da sociedade para dominá-la.

(A formação da África contemporânea. São Paulo: Atual, 1987. p. 14.).

A Conferência de Bandung

Em 1955, realizou-se na Indonésia a conferência de Bandung, considerada um marco importante no movimento de emancipação das colônias afro-asiáticas. Os chefes de Estado das 29 delegações de países africanos e asiáticos presentes no encontro conclamaram à união do Terceiro Mundo, considerada necessária para resistir à dominação das nações desenvolvidas. Tal posição indicava que esses países pretendiam alinhar-se automaticamente a nenhum dos dois blocos hegemônicos, o que lhes conferia um peso significativo no cenário mundial.

Foram formulados na ocasião princípios que refutavam a discriminação racial, o colonialismo e a corrida armamentista e incentivavam a operação econômica e cultural entre os países do Terceiro Mundo. Além disso, os países independentes assumiram o compromisso de colaborar para a emancipação dos povos ainda com laços coloniais.

A partir da Conferência na África se intensificaram.

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