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Trafico Negro

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Por:   •  14/6/2013  •  9.820 Palavras (40 Páginas)  •  451 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A pesquisa que originou este trabalho debruçou-se sobre a mortalidade escrava e o impacto do tráfico negreiro sobre esta população no Rio de Janeiro. Ela tem a tarefa de investigar as condições de vida que os cativos levavam na cidade, assim como suas condições de transporte desde sua saída da África até o porto de destino, mais precisamente mostrar a importância do tráfico negreiro no sentido em que esta atividade introduzia uma série de doenças no Brasil aumentando assim a mortalidade da população escrava na cidade.

O tráfico de escravos existe desde o período colonial. Quando a mão-de-obra indígena não supriu mais as necessidades dos colonos foi substituída pelo trabalho escravo de pessoas negras vindas da África. Este comércio de “almas” intensificou-se no século XIX com a abertura dos portos. Os escravos eram arrancados de sua própria terra, de seu lugar de origem para serem escravizados privados de toda liberdade. Ao serem transportados para os lugares os quais destinavam-se, tornavam-se vulneráveis a todo tipo de perigo e risco contra as suas vidas. Vidas que foram perdidas por inúmeros motivos, pela ganância de um comércio.

Nesta importação continuada de escravos, o medo, a fome, a sede, a sensação de vazio e desespero figuravam-se como seus companheiros, sem mencionar as doenças que se manifestavam nos navios em razão das más condições em que estes negros eram transportados. Moléstias como disenteria e varíola liquidavam uma grande parte da carga de escravos no tráfico. Inúmeras doenças foram introduzidas no Brasil durante o período do tráfico negreiro.

O interesse em desenvolver um estudo sobre os escravos especificamente sobre as doenças e a mortalidade dos mesmos na travessia atlântica e o impacto epidemiológico no desembarque é mostrar uma outra visão da escravidão, fugir um pouco das questões políticas, econômicas que os cercavam e voltar para questões sociais como a saúde.

É uma nova perspectiva sobre a escravidão, um novo olhar. É perceber que os negros eram tão humanos quanto os brancos, que necessitavam - já que estavam condenados a viverem na escravidão até a morte ou até que conseguissem sua liberdade - de melhores condições de vida, de cuidados e tratamento. Ver os escravos como pessoas humanas, não como uma mercadoria que poderiam ser descartadas quando não suprisse mais as necessidades do seu dono.

A questão da mortalidade no tráfico negreiro é um assunto de extrema relevância, porém às vezes esquecido por alguns pesquisadores. Tanto que poucos trabalhos foram realizados na área. No entanto novas pesquisas têm sido desenvolvidas a respeito. Muitos autores já discutiram sobre a questão do tráfico negreiro. Por mais que no Brasil esta prática foi abolida por quase dois séculos, ainda é um tema atual e estudado por pesquisadores e historiadores nacionais e estrangeiros. Nota-se também que estudantes de ciências biológicas como a medicina tem-se preocupado em desenvolver estudos, teses, trabalhos monográficos referentes ao tema.

Falar sobre a mortalidade dos escravos requer uma análise profunda do modo de vida que eles levavam e todas as dificuldades por eles encontradas desde a saída da África até o desembarque no Brasil, numa tentativa de sobrevivência em meio a maus tratos e descasos dos traficantes e a sociedade, em meio a precárias condições de vida, de transporte e doenças. Doenças que os afetavam constantemente e que levaram muitos escravos a óbito. É importante observar que os escravos vinham num ambiente propício a infecções bacteriológicas, virais e que a contaminação destas doenças era até mesmo inevitável, uma vez que eram mal alimentados, maltratados, numa jornada longa, totalmente desconfortável e embarcação superlotada, num ambiente precário e insuportável sem nenhuma limpeza e higiene. Todos estes fatores deixava-os frágeis, debilitados possibilitando o contágio e com a chegada de novos escravos por meio do tráfico, o contato com esta nova esfera microbiana ocasionava a mortalidade.

O trabalho nesse aspecto da escravidão é relevante, pois proporciona uma reflexão, sobre como esses escravos sofriam não só sob maus tratos e chibatas de seus proprietários e mercadores no tráfico, mas também por doenças . Doenças, que muitas das vezes vistas como uma forma de “presente” de seus orixás para libertá-los do mal da escravidão.

Para fundamentar a pesquisa, autores que estudam o tráfico e a escravidão há muito tempo foram utilizados a fim de compreender a questão. Manolo Florentino em “Em Costas Negras” desvenda a lógica empresarial do tráfico e detecta os agentes propulsores do mesmo. Compreende o comércio de escravos como um negócio com estruturação e dinâmica empresarial própria considerando que é a partir do tráfico que se entende a escravidão no Brasil.

Robert Conrad em “Os Últimos Anos da Escravatura no Brasil”, ressalta que a escravatura no século XIX era de extrema importância econômica e social para o Brasil, assim como a necessidade de sua existência e permanência na sociedade brasileira.

No livro “Homens de Grossa Aventura”, o autor João Luís Fragoso faz uma análise numa perspectiva econômica em torno do tráfico negreiro e seus benefícios e contribuições monetárias para a colônia explicitando que a maior parte da renda de Portugal vinha do tráfico negreiro por meio de impostos gerando uma acumulação endógena de capital.

O norte-americano Philip D. Curtin em seu artigo “Epidemiology and Slave Trade” explora o aspecto da epidemiologia da migração mostrando que no tráfico, com a retirada de pessoas de um ambiente próprio para outro e as doenças sendo levadas com estas pessoas podiam se espalhar oferecendo uma mortalidade na migração.

Na obra “A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro”, Mary Karasch monta um panorama da vida cultural, econômica e social dos escravos no Rio de Janeiro tocando num ponto relevante na vida destas pessoas que são os maus tratos e as doenças que acometiam estes mesmos e as moléstias que se manifestavam nos navios negreiros no transporte da África para o Brasil.

Jaime Rodrigues em “De Costa a Costa” aborda temas como a captura e a venda dos negros na África, as relações sociais que se estabeleciam a bordo dos navios, o tipo de alimentação e as doenças que grassavam os africanos escravizados e os primeiros contatos com a nova terra.

Emília Viotti da Costa no livro “Da Senzala à Colônia” e “Ser Escravo no Brasil” de Kátia Mattoso abordam aspectos das condições de vida dos escravos no campo e na cidade.

Com Carlos Eugênio Líbano Soares em “A Capoeira Escrava” nos apresenta a capoeira como forma de representação da

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