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Trafico Negreiro Na Modernidade

Artigo: Trafico Negreiro Na Modernidade. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  31/10/2012  •  1.826 Palavras (8 Páginas)  •  887 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Entender os problemas enfrentados por povos negros que foram escravizados por outras nações pode ser considerado como um dos principais desafios dos historiadores contemporâneos. Tal fato se justifica pela complexidade de alguns fatos que ocorreram com as nações africanas, onde as mesmas tiveram até mesmo a própria cultura destruída em virtude de estarem sob o domínio estrangeiro.

Partindo desse pressuposto, percebe-se que a população negra enfrentou uma fase difícil ao ser explorada por outros continentes, principalmente pela Europa. Sabe-se que os povos que chegaram à África não criaram todos os problemas ali existentes, mas as suas ações escravistas contribuíram de forma decisiva para o chamado processo de “descolonização” do local por considerarem o negro como um mero objeto, ou seja, uma mercadoria que pudesse ser comercializada como outra qualquer. Ao agirem de tal forma, os exploradores promoveram a destruição da identidade africana com o seu povo em vários itens, dentre eles, os aspectos culturais a ela inerentes.

2 O TRÁFICO DE ESCRAVOS NA MODERNIDADE

Na Idade Moderna, sobretudo a partir da descoberta da América, houve um florescimento da escravidão. Desenvolvendo-se então um cruel e lucrativo comércio de homens, mulheres e crianças entre a África e as Américas. A escravidão passou a ser justificada por razões morais e religiosas e baseada na crença da suposta superioridade racial e cultural dos europeus.

Os portugueses já usavam o negro como escravo antes da colonização do Brasil, nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. O tráfico para o Brasil, embora ilegal a partir de 1830, somente cessou em torno de 1850, após a aprovação de uma lei de autoria de Eusébio de Queirós, depois de intensa pressão do governo britânico, interessado no desenvolvimento do trabalho livre para a ampliação do mercado consumidor. Iniciado na primeira metade do século XVI, o tráfico de escravos negros da África para o Brasil teve grande crescimento com a expansão da produção de açúcar, a partir de 1560 e com a descoberta de ouro, no século XVIII.

A viagem para o Brasil era dramática, cerca de 40% dos negros embarcados morriam durante a viagem nos porões dos navios negreiros, que os transportavam. Mas no final da viagem sempre havia lucro. Os principais portos de desembarque no Brasil eram a Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco, de onde seguiam para outras cidades. A escravidão da Idade Moderna estava baseada num forte preconceito racial, pelo qual a etnia ao qual pertencia o comerciante era sempre considerada superior. A partir deste período a escravidão passou a ser sustentada por teorias ideológicas que marcam o começo de uma nova maneira de pensar e de agir por parte da Europa Ocidental. Ganhou uma conotação racial e desumana, que até então não era tão explícita, o que serviu para fundamentar a continuação e alargamento da sua prática.

Com o advento das Grandes Navegações não foram somente ‘descobertos’ novos mundos, mas também novas maneiras de submeter os seres humanos ao trabalho escravo. Em primeiro momento, os índios foram forçados a este tipo de trabalho e, logo depois começaram a inserir o escravo negro proveniente do continente africano.

Portugal liderava as explorações na África, tanto nas possessões de ilhas, quanto nas alianças no continente. Depois de derrubar a concorrência holandesa, herdaram de vez à Costa do Ouro, perto do forte Elmira. Os holandeses haviam abocanhado Elmira e Luanda, como reserva humana para uso de escravos em sua Guiana (Suriname), e no nordeste brasileiro recém-conquistado. Com a vitória portuguesa diante da Companhia das Índias ocidentais1, a coroa recuperou estes dois fortes.

França e Inglaterra somente mais adiante tomariam interesses pela África. No começo o transporte de negros foi para Lisboa e outras partes da Europa, mais como trabalhadores domésticos, assim como os árabes já faziam desde o século VII. Com a colonização da América, permitiu-se a pratica do plantio, tropical e monocultural e os portugueses vislumbraram promover a produção do produto mais valioso da época, o açúcar. Para trabalhar tamanhas terras seria necessária mão-de-obra. E após algumas tentativas frustradas com os povos indígenas (excetuando aos povos andinos onde já haviam sociedades mais organizadas hierarquicamente e com trabalho compulsório) e a grande oposição da escravidão nativa por parte da igreja, os portugueses no Brasil e ilhas do Caribe; os ingleses na Jamaica, Barbados, Bermudas, Granada, Caribe; os espanhóis, com maioria das Américas; franceses e até dinamarqueses queriam a hegemonia por esse mercado. Sobrou para os africanos este trabalho, já que eles tinham a pratica da metalurgia, mineração e agricultura, além de maior resistência física. Mas, como trazer esses homens escravizados agora, para as Américas? O método mudou muito de região a região. Os países europeus também não seguiram uma forma uniforme de permuta, sendo que alguns países criaram grupos comerciais, como a Companhia das Índias Ocidentais (Holanda), Real Companhia Inglesa (Inglaterra). Muitos se usaram de suas possessões e feitorias para promover trocas com os soberanos locais, se usando de suas bugigangas para efetuar o comercio.

Mas, perto de 1700 o poderio europeu ainda era bem limitado. Com a chegada dos anos próximos a 1800, e após essa data o trafico atingiu níveis jamais vistos:

“segundo um relatório do Ministério dos negócios estrangeiros do Império do Brasil, em 1853, foram desembarcadas, apenas no Rio de Janeiro, entre 1840 e 1845, cerca de 120.000 africanos; nos cinco anos seguintes, o numero foi 220.000. Note-se nessa época o trafico era ilegal e restrita ao sul do Equador.” (RODRIGUES, 1978, p.89).

Mas, a partir do século XVIII, a Europa está mudando. Os interesses não correm em conjunto com a escravidão. Filósofos franceses como Voltaire3 se opõe. Na Inglaterra em 1772, todos os escravos foram libertos, num total de 15.000 negros do subúrbio de Londres e Liverpool. Mirabeau, após a libertação de escravos da França em 1789, queria estender para as colônias, mas esta lei foi rechaçada pela Assembleia.

Em 1794, o retorno da escravidão promove a Independência (não somente ela, mas foi um dos motivos principais) no Haiti. Nos EUA, somente após 1860 e as complicações da guerra de secessão que a escravidão some das terras americanas oficialmente. A Inglaterra, desde 1817, promove pressões no trafico transatlântico. A primeira foi permitir apenas o tráfico abaixo da linha do Equador. Estava liberada a passagem no golfo da Guiné, entrando Moçambique e outros portos do oceano Indico. Em 1836 o Brasil

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