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Aeroporto

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Por:   •  22/10/2014  •  Seminário  •  365 Palavras (2 Páginas)  •  254 Visualizações

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CRÔNICA: AEROPORTO - III

Aeroporto. Quase de madrugada. O último voo de volta para casa. O jovem homem de aproximadamente uns 35 anos se dirige até o banheiro. Até então, não havia ninguém ali, a não ser ele. Tenta driblar o sono e o cansaço jogando água no rosto. Já despachou as bagagens. Está quase nos braços de Morfeu ("por que não havia 'Morpheia'?", indignou-se). Recurvado sobre a pia e tentando se recompor, avista, chegando ao mesmo reservado, um distinto senhor de uns 50 ou 60 anos, no máximo, em um impecável terno de corte italiano.

"Deve ser advogado, promotor ou juiz.", pensou.

Reparou detida e discretamente no homem, que se posicionava a algumas pias de distância. Estava com um suéter acima da camisa e um cachecol sobre os ombros.

"Deve estar com frio".

O distinto senhor retirou o paletó e colocou-o cuidadosamente sobre os ombros, equilibrando-se para que a peça de vestuário não caísse. Arregaçou as mangas até quase a altura dos cotovelos. Retirou o relógio caro e um anel de ouro, colocando-os no bolso e apertou a válvula da torneira.

"Deve ser para comer alguma coisa".

O jovem homem reparou, no entanto, que o distinto senhor detinha-se mais do que de costume no ritual de lavar as mãos.

"Deve estar com a mão bastante suja".

Reparou, aliás, que o homem lavava e lavava e lavava e lavava sem parar, durante minutos a fio, sem sequer perceber que havia mais alguém naquele banheiro. Estava compulsivo. Espantosamente compulsivo.

"Deve ser TOC".

Após minutos a fio, o senhor, finalmente, parou de lavar as mãos. A essa altura, o jovem homem já estava suficientemente espantado para estar com sono. Nem disfarçava mais o olhar. Os olhos arregalados naquele personagem que, agora, atacava o compartimento de toalhas de papel, vorazmente, deixando quase vazio.

"Deve ser hipocondríaco".

Sem sequer se importar com o jovem na sua frente - ou sem nem se dar conta da presença deste - o senhor parte em disparada para uma cabine, fechando, rapidamente, a porta, atrás de si, daquelas que não vão até o chão. Embasbacado, o jovem inclina o pescoço e repara que os pés do homem estão para dentro. Subitamente, ouve aquele característico barulho e um suspiro de alívio e conclui.

"Deve ter a pele sensível".

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