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Judeus Na Espanha

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Por:   •  26/1/2015  •  1.686 Palavras (7 Páginas)  •  295 Visualizações

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Judeus na Espanha

Al-Andalus foi o nome dado à península Ibérica pelos conquistadores islâmicos do século VIII. Foi, inicialmente, um emirado e, posteriormente, um califado independente. A chegada dos árabes e dos berberes – tribos africanas convertidas ao islamismo - foi saudada pelos judeus, que sofreram duras perseguições nas últimas décadas do reino visigodo, o qual perdurou de 412 a 711 e empregou grande parte desse tempo na tentativa de converter o país ao catolicismo.

Cem anos de regime católico transformaram os judeus em criptojudeus, fizeram de cidadãos ordeiros e produtivos elementos socialmente descontentes e potencialmente rebeldes. Quando, em 711, a monarquia visigoda, os nobres e o clero sucumbiram, após pouca resistência, ao assalto combinado de beberes e árabes, vindos da África do Norte, os remanescentes judeus – secretos – comemoraram e, possivelmente, participam ativamente das ações militares, considerando os invasores muçulmanos como libertadores de um jugo odioso e retornaram com júbilo ao judaísmo aberto. (BORGER, 1999 p. 308)

No tempo árabe, muitos judeus migraram para a parte da Espanha ocupada pelos árabes e uma grande quantidade de imigrantes africanos ajudou também a reforçar a comunidade judaica espanhola. Os judeus conseguiram criar fortes posições econômico-sociais na Península Ibérica, tinham sua liberdade religiosa garantida e ampla liberdade na administração de suas comunidades. Adotaram inclusive o idioma e alguns costumes árabes, como as roupas de seda e os turbantes, o que não fez com que perdessem o contato com outras comunidades judaicas.

Em Al-Andalus puderam renovar a língua e a literatura hebraica, dedicar-se aos estudos dos textos sagrados e à tradução de textos científicos, desenvolvendo enormemente a cultura judaica na Península. Muitos abandonaram a agricultura e passaram a viver nos grandes centros urbanos. Eram protegidos pelos novos senhores e converteram-se em eficazes auxiliares para o comércio, a administração e a representação diplomática. Al-Andalus, principalmente durante o reinado de Abderraman III, convertia-se então no centro espiritual do povo judeu, não só para a Península, mas também como referência para as demais comunidades judaicas espalhadas pela Europa e pelo Oriente. (MIGUÉZ, 2004)

A partir de 929, a região tornou-se o Califado de Córdoba sob o domínio de Abderraman III, que proclamou a independência do Califado. É então que os judeus integram-se fervorosamente às diversas áreas como medicina, filosofia, filologia e astronomia, última esta na qual os rabinos possuíam amplo conhecimento e associavam-nos a aparelhos indispensáveis à navegação para aperfeiçoar os instrumentos náuticos. Foram grandes colaboradores também, posteriormente, nas Grandes Navegações.

Todo o processo cultural judeu-hispânico gerou um novo tipo de liderança na sociedade judaica com base na força econômica e na influência social adquirida através do contato com a cúpula do governo. Quando um judeu realizava determinada atividade de maneira notável na corte, era automaticamente visto como a pessoa mais indicada para tratar dos assuntos judaicos no reino e, então, nomeado, independente da avaliação do restante da comunidade.

No íntimo da aristocracia judaica espanhola estava a imagem do judeu que combinava harmoniosamente elementos, que outra comunidades judaicas de outras épocas considerariam contraditórias ou conflitantes, como: uma escrupulosa observância religiosa judaica aliada aos modos e costumes cosmopolitas; a Torá e a sabedoria grega; uma devoção intensa à tradição judaica e uma abertura genuína à cultura não-judaica circundante. (BORGER apud YADIN, 1971)

Os judeus se dedicavam também ao estudo da cultura da língua hebraica e a exegese bíblica, fazendo com que Al-Andalus se convertesse no centro de estudos do Talmud com reuniões de sábios judeus. É nesse contexto que Hasdai ibn Shaprut, médico, diplomata e ministro na corte de Abderraman III, impulsionou o estudo da Torah e do Talmud.

Durante o apogeu do reino de Córdova, foram construídas inúmeras mesquitas, hospitais, mercados e colégios e a Universidade de Córdova tornou-se a maior instituição do gênero em todo o mundo e, com o auxílio do governo, sustentou centenas de poetas, artistas, pesquisadores, cientistas e eruditos.

Muitos historiadores chamam o período de ‘Idade de Ouro’ por todos os sucessos dessa simbiose. Porém, havia grande descontentamento social nessa supremacia, o que gerou o desmembramento do Califado, no século XI, após inúmeras guerras civis e a chegada dos almorávidas e dos almôadas com uma política de intolerância e forte integralismo religioso. A cultura judeu-árabe coincidiu exatamente com o auge de um renovado fanatismo religioso muçulmano, que destruiu comunidades, matou seus líderes, expulsou, violentou, confiscou e converteu à força. Formaram-se, então, Estados parciais.

Tanto os almorávidas quanto os almôadas começaram a exigir de judeus e cristãos sua conversão ao islamismo, o que levou a grande maioria dos judeus andalusis a estabelecer-se nos reinos cristãos de Castela e Aragão, que, na época, concediam alguns privilégios à comunidade judaica, favorecendo seu assentamento. É importante ressaltar que, enquanto os reinos cristãos continuavam sua guerra contra os muçulmanos, os judeus seguiram sendo imprescindíveis para a repovoação das zonas conquistadas e para a organização da vida cidadã, do comércio e da administração. Desse modo, foram ocupando cargos públicos em Castela, Aragão e Catalunha. Sua presença na corte veio também favorecida pelo seu conhecimento do árabe – o que os tornava úteis para as tarefas diplomáticas –, e pelo seu conhecimento de medicina e de outras ciências (MIGUÉZ apud ROMERO, 1997).

Em outros reinos, na Espanha cristã, os judeus encontravam certa tolerância e, com isso, há uma transição demográfica, uma vez que a maioria dos judeus se deslocou do domínio muçulmano para o cristão.

Com o enfraquecimento da união das cidades-Estado houve expansão da Reconquista cristã, que visava expulsar os mouros da Espanha. Muitos judeus se tornaram parceiros da Reconquista e outros procuraram refúgio em Portugal, onde conseguiram manter uma relação pacífica e colaborativa para desenvolvimento científico e social. Em Portugal, os judeus conseguiam levar uma vida relativamente calma até Manuel, rei de Portugal, proibir a entrada em seu reino. Então, muitos emigraram para as Índias ou para países mais hospitaleiros como a Itália, Turquia e Holanda.

Os judeus que optaram por migrar para o norte da Espanha foram premiados com casas, lojas e

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