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LEITURA DO POEMA MARIA DIAMBA, DE JORGE DE LIMA, UMA VISÃO SOBRE GÊNERO E ESCRAVIDÃO

Trabalho Universitário: LEITURA DO POEMA MARIA DIAMBA, DE JORGE DE LIMA, UMA VISÃO SOBRE GÊNERO E ESCRAVIDÃO. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  15/5/2014  •  3.171 Palavras (13 Páginas)  •  4.712 Visualizações

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LEITURA DO POEMA MARIA DIAMBA, DE JORGE DE LIMA, UMA VISÃO SOBRE GÊNERO E ESCRAVIDÃO

Em nossa leitura do poema Maria Diamba, vamos, em um primeiro momento apresentar/conhecer Jorge de Lima e verificar em que contexto histórico ele o escreveu, em um segundo momento vamos analisar a estrutura do poema de acordo com Norma Goldstein (2006), em sua obra Versos, sons, ritmos, para finalizar, vamos fazer uma leitura do poema de acordo com a teoria de escravidão e de gênero, embasada nos seguintes autores: Sandra Maria Job, em sua tese de doutorado Em texto e no contexto social: mulher e literatura afro-brasileiras e Gilberto Freyre, em sua obra Casa grande & senzala.

Antes de iniciar nossa análise se faz necessário saber quem é o poeta escritor e qual o contexto histórico que ele vivenciou em sua época. Jorge Mateus de Lima, carioca que nasceu em 1893, porém mudou-se para o nordeste quando tinha apenas nove anos, viveu em transição entre nordeste e sudeste até sua morte em 1953, no site Brasil Escola, em um texto escrito por Sabrina Vilarinho (2009), pudemos evidenciar essa transição no trecho:

Fez o ginásio e o segundo grau em Maceió. Logo após, com apenas 15 anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia na cidade de Salvador, contudo, concluiu o curso no Rio de janeiro no ano de 1914. Neste mesmo ano, estréia na literatura com o livro de características parnasianas “XIV Alexandrinos”. Já formado, exerce a medicina na cidade de Maceió, e também atua em cargos políticos e como professor.

Em nossa pesquisa, podemos evidenciar que Jorge de Lima não era um escritor convencional, pois, além de exercer várias funções como médico, pintor, tradutor, político e poeta escritor, também passou por vários contextos estilísticos como Parnasianismo e Barroco além de adotar regionalismo e catolicismos como uma temática em suas obras, e posteriormente ao longo do tempo o Modernismo.

Em termos gerais os estilos de época: Parnasiano e o Barroco, encaixam-se em um contexto no qual a literatura, em particular o poema, buscavam trabalhar com estruturas fixas. Em outras palavras, existiu em cada um desses períodos, regras prefixadas para o texto poético. Entretanto o estilo modernista, que surgiu no início do século XX, veio contrapor as ideias de estruturas fixas, em especial do Parnasianismo e Simbolismo. Na verdade,

Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era de uma ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte encontrado nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes delimitada pelos padrões académicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo dos escritores em conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma para se criar. (Online, [s.d.], [s.p.]) .

O movimento pode ser descrito genericamente como uma rejeição da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova perspectiva baseada em ideias e técnicas atuais, mesmo que a fonte de criação venha do passado. Jorge de Lima por ser um autor tradicional e por ter passado por vários estilos estéticos é um exemplo de escritor que se utiliza de algumas fontes de criação e estruras passadas no Modernismo.

Ele escreveu diversas obras, entre elas XIV Alexandrinos (1914), Negra Fulô – Livro de sonetos (1949) e Invenção de Orfeu (1952). Entretanto, nossa análise será integralmente focada no poema Maria Diamba, que em um contexto histórico foi escrito por Lima, em seu livro Poemas Negros (1949), obra esta que tem caráter regionalista e que se insere na estética modernista.

Em uma leitura específica, segundo a escritora Norma Goldstein (2006), podemos perceber que o poema Maria Diamba se encaixa na inovação modernista, é um poema de versos livres, que não segue uma estrutura fixa, composto por uma irregularidade de rimas. Estas seguem uma distribuição misturada e nas mesmas se pode observar a semelhança sonora no final de diferentes versos, como pode ser visto na escansão a seguir:

MARIA DIAMBA

Pa/ra/NÃO/a/pa/nhar/MA/is A

1 2 3 4 5 6 7

Fa/lou/que/sa/BI/a/fa/zer/BO/los B

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Vi/rou/co/ZI/nha. C

1 2 3 4

Foi/ou/tras/coi/sas/pa/ra/que/ti/nha/JEI/to. D

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Não/fa/lou/ MA/is. A

1 2 3 4

Vi/ram/que/sa/bi/a/fa/zer/TU/do, E

1 2 3 4 5 6 7 8 9

A/TÉ/mu/le/cas/pa/ra͡ a/CA/sa/GRAN/de. F

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

De/pois/FA/lou/SÓ/, G

1 2 3 4 5

SÓ/dian/te/da/ven/TA/ni/a H

1 2 3 4 5 6

Que/ain/da/vem/do/su/DÃO/; I

1 2 3 4 5 6 7

Fa/lou/que/que/ri/a/FU/gir J

1 2 3 4 5 6 7

Dos/se/nho/res/e/das/ju/DI/a/ri/as/des/te/mun/do E

1 2 3 4 5 6 7 8 91011 12 13 14 15

Pa/ra/ o/Su/mi/DOU/ro. L

1 2 3 4 5 6

Analisando o poema nota-se a ausência de uma métrica específica, acentuando a liberdade de um novo ritmo, livre e imprevisível. Composta por duas estrofes, a primeira é uma sétima e a segunda uma sextilha, evidenciando-se a liberação e mescla de todos os tipos de estrofes e versos.

Com relação às figuras de linguagem, a metáfora está explícita no terceiro verso da primeira estrofe, “Virou cozinha.”, pois, esta só ocorre quando o escritor

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