Literatura Portuguesa

O TROVADORISMO E AS CANTIGAS PORTUGUESAS

Patrícia de Oliveira Cabezudo

Professora Silvana Scarpatto

Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI

Letras (LED0180) – Prática do Módulo III – Literatura Portuguesa

11/11/2014

RESUMO

Em uma época de mudanças no cenário literário português, o trovadorismo vem para dar a poesia uma nova forma de se expressar. Antes os sentimentos retraídos, começam a ser expostos dentro das tradicionais cantigas, louvando, provocando e por várias vezes, até mesmo insultando. Numa transformação para ser uma nação independente, Portugal precisava ter um registro grandioso na sua história cultural e com as cantigas e seus trovadores, passa-se então a ser esta fase, um símbolo de fortalecimento e riqueza da cultura lusitana. Neste trabalho, vamos percorrer um pouco à cerca do que foi o trovadorismo, e o que cada cantiga representava, sendo que cada uma tinha suas características e gêneros.

Palavras-chave: trovadorismo, cantigas de amor, Portugal.

1. INTRODUÇÃO

Será abordado neste paper, acerca das cantigas e da fase que dá surgimento a elas, o Trovadorismo, que veio a ser uma das mais importantes fases da literatura lusitana. Dentre o trovadorismo, o surgimento das cantigas vem se popularizando, trovadores deixavam ali o que pensavam e muita das vezes o que desejavam.

Mulheres formosas de extremo louvor eram descritas em vários versos e cantadas por jograis, que com seus instrumentos, davam ao poema, uma forma melhor e facilitadora de compreensão. Por outro lado, ataques inúmeros aos tais inimigos eram sempre descritos nas cantigas, até mesmo quem cantasse mal, não passava imune aos pensamentos e escritas dos trovadores. Enfim, uma das grandes épocas que então se formou e estruturou a cultura portuguesa, sendo até hoje de grande referência.

2. TROVADORISMO

Também conhecido como Primeira Época Medieval, o Trovadorismo é o primeiro movimento literário da língua portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galego-português possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados. Marcou-se o início do Trovadorismo na península ibérica com a Cantiga da Ribeirinha, em 1198 ou 1189.

Segundo Brandão (2011), É o conjunto das manifestações literárias contemporâneas à primeira dinastia - a dinastia de Borgonha (1109-1385) Alguns aspectos da história da Península Ibérica são importantes para entendermos certas características das manifestações literárias desse período. O feudalismo, já em declínio, terá reflexos até mesmo na linguagem da poesia amorosa, como veremos adiante. As cortes dos reis e dos grandes senhores feudais são os centros de produção cultural e literária. A reconquista do território, dominado pelos árabes desde o século VIII, faz prolongar, na nobreza ibérica, o espírito guerreiro e aventureiro das Cruzadas. Daí o gosto tardio em Portugal pelas novelas de cavalaria. Por último, o profundo espírito religioso medieval e teocêntrico refletirá tanto nas já citadas novelas de cavalaria como na poesia de temática religiosa (Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X) e nas hagiografias (vidas de santos) e obras de devoção.

Surgem então as tais cantigas que eram poemas criados com o objetivo de que fossem cantados, todos eles devendo ser acompanhados por instrumentos musicais (flauta, viola, alaúde, e etc.). Os autores das cantigas eram chamados de trovadores, e quem as apresentava cantando eram os jograis.

2. AS CARACTERISTICAS DAS CANTIGAS:

Segundo Sardagna (2010), as cantigas são distribuídas em dois gêneros maiores e subdivididas em quatro modalidades, conforme segue:

 Gênero Lírico: cantigas de amor e cantigas de amigo.

 Gênero Satírico: Cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.

3. CANTIGAS DE AMOR

É uma cantiga de gênero lírico, exprimem um sentimento masculino e são sempre ambientadas em palácios. Mostram um homem apaixonado por uma dama de classe superior a ele.

O tratamento dado a esta cantiga sempre é por “senhor” ou “senhora”. Vivem em um amor mal correspondido pelas mulheres que tanto desejam, ocasionando assim uma decepção amorosa. Em várias cantigas, os homens se colocam em situação de serventia.

Vamos a leitura de uma cantiga feita por D.Dinis, transcrita em Português atual:

“Se eu pudesse forçar meu coração.

obrigá-lo a senhora, a vos dizer

quanta amargura me fazeis sofrer,

posso jurar – dê meu Deus seu perdão! –

que sentiríeis compaixão de mim.

Pois senhora, conquanto apenas dor

e nenhuma alegria me causeis,

se soubesses o mal que me fazeis,

posso jurar – perdoa-me, Senhor! –

que sentiríeis compaixão de mim.

Não me querendo nenhum bem, embora,

se soubésseis a pena que me dais,

e quanta dor há nos meus tristes ais,

posso jurar – de boa fé senhora ! –

que sentiríeis compaixão de mim.

E mal seria, se não fosse assim.”

FONTE: TUFANO; SARMENTO (2004, p. 23-24).

4. CANTIGAS

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