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"O espelho" Machado de Assis

Por:   •  4/9/2017  •  Resenha  •  579 Palavras (3 Páginas)  •  1.309 Visualizações

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Resenha

“O espelho” (Machado de Assis. Papéis avulsos).

Em Santa Teresa um grupo de senhores que passavam as noites discutindo sobre assuntos de grandes transcendências. Em uma dessas noites um dos homens que se destacava pelo silencio, resolveu falar e abre um questionamento sobre a alma ou as almas. Segundo ele, o homem tem duas almas, uma que olha de dentro para fora e outra que olha de fora para entro.

A alma exterior modifica-se com o tempo e circunstâncias, existem casos em que o botão de uma camisa pode ser a alma exterior de alguém, já a alma interna tem como função transmitir vida. Juntas as duas juntas completam o homem. Quem perde uma delas, naturalmente perde metade da existência.

O homem continua, fala de um episódio que aconteceu quando tinha vinte e cinco anos.  Tinha sido nomeado alferes da Guarda Nacional, que antes era pobre, começou a ser chamado de Sr. Alferes. Parentes e amigos tinham ficado tao alegres, mas ao mesmo tempo, muitas pessoas que antes se davam bem como ele passaram olhá-lo com adversidade. Até que uma de suas tias, D. Marcolina, que morava num sítio distante, pediu para vê-lo e quando fosse, era para levar sua farda.

 Todos os empregados da casa o tratavam com o maior gracejo, o elogiavam de toda forma, recebia carinho, atenção e muito mais. Sua tia estava tão entusiasmada que mandou colocar um grande espelho em seu quarto. Era grande, sua riqueza e beleza eram tanta, que contrastava com o resto da casa, que era modesta e simples.

Dias depois sua tia Marcolina recebeu uma má notícia e teve que viajar, pediu par que o sobrinho tomasse conta do sítio. Ficou apenas ele e alguns escravos da casa, que continuavam com as bajulações. Na manhã seguinte que sua tia saiu, ele encontrou-se sozinho, todos servos haviam fugido durante a noite, não havia mais nada, até os cães os escravos levaram.

Inicialmente ficou triste por causa do prejuizo causado à tia, também um pouco perplexo, sem saber o que fazer. Os dias eram mais longos, as horas demoravam passar. Com o tempo, o homem apenas sobrevivia, mal comia, sentia-se dominado pelo cansaço. Passou dias a fio sem se olhar no espelho, por medo do que poderia ver ou apenas por não ter o que olhar, mas no fim de oito dias resolveu olhar. Olhou e recuou. Tudo que via era uma figura vaga, esfumada, mutilada e esgaçada, por mais que soubesse que fisicamente isso não pode ser real, era exatamente assim que se sentia. Teve uma súbita ideia de vestir sua farda de alferes, até que, enfim, o espelho refletiu o que queria ver: um homem inteiro, com sua alma exterior. A partir daí, tornou-se outro, hora ou outra se vestia de alferes e sentava-se diante do espelho, dessa forma pôde passar por mais seis dias de pura solidão sem nem sequer notar. E antes mesmo que os outros homens percebessem, ele já havia ido embora.

Essa teoria das duas almas é um tema muito pertinente, pois nos faz refletir sobre a incerteza e a inconstância humana, expõe a diferença entre ser para si e ser para o próximo, as ‘máscaras’ usadas para esconder as aparências e a vulnerabilidade humana. A família do personagem, mesmo que com boas intenções, acabou fazendo mal a ele, colaborou para a perda de sua alma interior, foi quase como um vício. Depois desse grande relato sobre como era irritante, saiu sem que ninguém percebesse antes de receber qualquer elogio.

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