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O duplo em "O espelho - esboço de uma nova teoria da alma humana", de Machado de Assis

Por:   •  5/1/2018  •  Trabalho acadêmico  •  733 Palavras (3 Páginas)  •  902 Visualizações

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O duplo em O espelho - esboço de uma nova teoria da alma humana, de Machado de Assis

        O conto O Espelho – esboço de uma nova teoria da alma humana, de Machado de Assis, narra o encontro de alguns amigos que se reuniram, em uma noite, para conversar sobre “questões de alta transcendência”.

        Entre eles, temos Jacobina, que em determinado momento da conversa decide levantar algumas observações sobre a alma, além de contar aos companheiros um fato de seu passado, quando ele era jovem e foi nomeado alferes, alcançando, a partir da nomeação, grande prestígio entre familiares, amigos e conhecidos.

        Jacobina, em certo momento, afirma que “não há uma só alma, há duas”, apresentando ao leitor o tema do conto: um esboço de uma nova teoria sobre a alma humana. Esta rejeita a ideia de unidade do ser, determinando a existência de duas almas.

        No conto, ocorre a duplicação da alma humana em interior e exterior, uma vez que a construção da narrativa evidencia duplicidades; ademais, a duplicação da personagem e dos elementos narrativos geram, consequentemente, sua duplicação em partes diferentes.

        A narrativa, além de trazer Jacobina como representante dessa duplicação, possui uma estrutura que emprega repetidas vezes palavras como duas, metade, meio. O texto e a personagem central são construídos em um movimento espelhado, no qual o espelho representa a questão da identidade do sujeito e todo o texto é uma alegoria dessa questão.

        Para Jacobina, o homem é dotado de duas almas, “uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro”. Ao longo da vida, a alma exterior pode mudar, de acordo com o interesse do indivíduo. No caso de Jacobina, sua alma exterior havia sido transformada após ele ser nomeado alferes, passando a receber as cortesias de todos que o cercavam, principalmente de sua tia Marcolina. A partir do momento em que se viu sozinho na casa de sua tia, sem as atenções que tanto estimava, a alma exterior de Jacobina foi perdendo forma.

        Nessa solidão, lentamente a alma do homem - Joãozinho, que se tornará Jacobina (quando nomeado) - vai dar lugar à alma do alferes. A solidão de Jacobina o deixou vulnerável, de tal maneira que sem ninguém por perto para elogiá-lo, bajulá-lo, a sua alma exterior se perdeu e somente através do espelho é que pôde reencontrá-la.

        Durante o período de solidão na casa de sua tia, Jacobina experimentou uma existência apática, vazia, enfadonha. É a visão do outro belo ou fardado que desperta ou devolve a alma exterior à personagem.

        Após ter ficado sozinho na casa da tia, Jacobina não tinha coragem de se olhar no espelho, pois temia achar-se “um e dois ao mesmo tempo naquela casa solitária”. Porém, ao fim de oito dias, decide justamente se olhar no espelho com o fim de achar-se dois. Ao se contemplar, não foi sem espanto que Jacobina se espantou com a falta de definição dos contornos de sua imagem, “sombra de sombra”. Repentinamente, Jacobina decide, então, vestir a farda de alferes, e neste instante a imagem refletida no espelho deixou de ser turva para ganhar contornos definidos. No reflexo do espelho, no outro refletido, Jacobina havia reencontrado sua alma exterior.

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