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Obscuridade na Poesia Moderna

Por:   •  22/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.159 Palavras (5 Páginas)  •  272 Visualizações

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A obscuridade na poesia moderna: uma aproximação

O presente texto procurará examinar como a questão da obscuridade se coloca na poesia moderna. Contudo o que se pretende aqui não é uma investigação sistemática, completa e exaustiva desse problema, antes, o objetivo é apresentar alguns apontamentos que forneçam pistas para compreender um pouco melhor a discussão sobre a obscuridade na poesia moderna.

A investigação sobre a obscuridade na poesia tem uma longa tradição crítica, inúmeros estudiosos procuram examinar se ela pode ser entendida como uma categoria própria da poesia moderna e quais as implicações disto. As possibilidades de respostas para esta questão são amplas e está longe de um consenso, sendo possível identificar inúmeras nuances e posições conflitantes. Entre os estudos mais importantes sobre o tema está o livro de Hugo Friedrich, Estrutura da lírica moderna: problemas atuais e suas fontes. Logo no início da obra, o crítico alemão afirma que a lírica moderna, de maneira mais específica aquela produzida na Europa no século XX, é de difícil acesso por ser enigmática e obscura. Entre os autores que considera exemplar destaca: Rilke, Tralk, G. Benn, Apolinnaire, Saint-Jonh Perse, Garcia Lorca, Guillén, Palazzeschi, Ungaretti, Yeats e T.S. Elliot. Na obra destes autores seria possível constatar uma obscuridade que, por um lado, fascina o leitor, mas que, por outro, o perturba. A causa disto está na magia das palavras e no mistério dos sentidos prendem o leitor, mesmo quando a compreensão encontra-se desorientada.

Para Friedrich, a obscuridade apresentada por estes autores não é algo ocasional, mas proposital. Eles procuram não deixar a compreensão dos sentidos expressos na poesia plenamente acessíveis. Assim, para o leitor que pretende se empenhar na tarefa de ler esta poesia  

“(...) não se poderá aconselhar outra coisa a quem tem boa vontade do que procurar acostumar seus olhos à obscuridade que envolve a lírica moderna. Por toda a parte, observamos nela a tendência de manter-se afastada o tanto quanto possível da mediação de conteúdos unívocos. A poesia quer ser, ao contrário, um todo auto-suficiente.”[1]

Na lírica moderna não é possível compreender os conteúdos a partir de uma mesma perspectiva, pois está presente nela uma pluralidade de formas e significações. A consequência disto seria o surgimento de uma tensão entre o interno da poesia e o externo.

A obscuridade seria, segundo Friedrich, o padrão para o desenvolvimento da poesia moderna o “princípio estético dominante”.[2] A linguagem utilizada nela apresenta uma perspectiva ambígua no que diz respeito ao significado, pois deve, ao mesmo tempo, expressá-lo e encobri-lo. Esse movimento de desvelamento e velamento afastaria a poesia da sua função de comunicação da linguagem, “para mantê-la flutuando numa esfera da qual pode mais afastar-se do que se aproximar de nós”.[3] Isto decorre do fato, de a linguagem utilizada na poesia não apresentar nenhum objeto imediato de comunicação, faltaria, assim, elementos de ancoragem para o leitor estabelecer uma compreensão mínima do poema.

A categoria da obscuridade proposta por Friecrich, para descrever a lírica moderna, assume um sentido negativo. Mas isto não teria a função de depreciar, mas, segundo o autor, o de encontrar um esquadro teórico capaz de definir a lírica moderna. Contudo, parece arriscado aceitar a obscuridade como um conceito geral e capaz de ser aplicada a toda a poesia moderna indistintamente. Segundo aponta Afonso Bernardinelli, em seu livro Da poesia à prosa, é preciso compreender que “clareza e obscuridade são conceitos relativos. Só se é claro ou obscuro para alguém, para um público determinado, com sua competência e expectativas. Quanto às características exclusivamente textuais, clareza e obscuridade não têm muita consistência”.[4] A concepção de obscuridade de Berardinelli aponta para elemento que devem ser considerados, como: momento histórico, cultura, intenção do autor, formação do leitor, entre outros. Além disso, a obscuridade pode ser vista não a partir de um conceito unitária, mas sim múltiplo. Ele propõe a existência de quatro tipos de obscuridade: Solidão e singularidade; profundidade e mistério; provocação; e jargão.

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