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Preconceito Linguístico

Por:   •  12/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  655 Palavras (3 Páginas)  •  154 Visualizações

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Linguística Histórica

Prof. Alcione Gonçalves

Letícia Silva Alves Fernandes

Na segunda metade do século XVIII  Marquês de Pombal decretou o português como língua oficial do Brasil, tornando concreta a proibição de se expressar por meio outros idiomas nos territórios pertencentes a Coroa.  Tal medida pode ser  considerada fator determinante no processo de desaparecimento e erradicação de línguas e costumes da população, haja vista que a língua é um instrumento de domínio e controle. Como forma de poder,  o prevalecimento do português fez com que os indígenas  abandonassem elementos tradicionais de sua cultura e passassem a fazer  uso do mesmo para talvez ganhar espaço na sociedade, diminuindo assim o uso e aprendizagem de suas línguas maternas, ocasionando um desaparecimento contínuo das mesmas.

Levando isso para o campo do preconceito linguístico, é possível perceber que o processo de desaparecimento de línguas e falares ainda ocorre, mas não para a imposição de uma nova língua, e sim para o uso ‘’correto’’ da língua portuguesa, em outros termos: Norma padrão.  A qual, apesar de ser necessária e possuir ambientes e momentos que requerem seu uso, vem causando uma mortalidade dos falares e das variações linguísticas presentes no território brasileiro, pois virou marca de status, classe, conhecimento e superioridade, fazendo com que aqueles que não possuem  certo domínio sejam considerados ‘’inferiores’’.  

Mas afinal, o que seríamos de nós sem a língua para marcar e representar a diversidade presente em nosso país?  O que pode ser mais bonito do que saber que poncã, bergamota e mexerica são, na verdade, a mesma fruta? Será que existe algo que seja mais encantador do que chegar à um lugar e sentir que você  é novamente uma criança aprendendo a falar?. Caso ainda hajam dúvidas para as questões acima apresentadas, vamos para mais alguns parágrafos.

A língua é um dos elementos que compõe o conjunto que chamamos de herança cultural, através dela histórias são repassadas, receitas são compartilhadas, preces são feitas, conflitos são iniciados, romances se iniciam e terminam, ela nos constrói. É através da mesma que adquirimos nossos costumes, seja ele pedir a benção aos seus pais antes de dormir, ou aquela vez em que você ouviu sua avó dizer: ‘’Que cheiro de terra molhada, vai chover’’, e desde então você não consegue sentir esse cheiro e não voltar no armário para pegar um guarda-chuva. Ela nos permite ser quem nós somos, julgá-la é o mesmo que nos julgar.

O preconceito linguístico faz com que toda cultura repassada por meio da língua seja morta e/ou deixada para trás. Apontar os “erros” de português de outros falantes, sobretudo daqueles inferiorizados por algum motivo ou fato histórico, faz da língua um instrumento de discriminação social, privilégio daqueles que conhecem a variedade padrão e que sabem fazer o uso “correto” das regras gramaticais. Dizer que alguém está falando errado é o mesmo que dizer que sua cultura e criação são erradas, não se pode comparar o falar de uma criança filha de pais analfabetos com uma que seja filha de pais advogados, isso somente serviria para acentuar preconceitos já existentes e torná-los mais graves e presentes na sociedade. Ter preconceito linguístico é ser egoísta, é ignorar a pluralidade presente em uma nação.

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