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Prova Literatura Clássica

Por:   •  18/6/2023  •  Trabalho acadêmico  •  656 Palavras (3 Páginas)  •  45 Visualizações

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Na leitura do texto "A bela morte e o cadáver ultrajado, de Jean-Pierre Vernant" vimos que Aquiles, o herói por excelência da Guerra de Troia, buscava realizar feitos heroicos e adquirir a glória imperecível através do destino de Zeus, a morte. Ou seja, Aquiles queria ser eternizado com sua morte gloriosa no campo de batalha, ser eternizado por seus feitos enquanto jovem, alcançar o kléos em vez de ter uma vida longa, envelhecer e ficar sozinho e sem glória.

Enquanto o corpo está vivo, é visto como uma multiplicidade de órgãos e membros animados pelas pulsões que lhe são próprias: é o lugar em que se desdobram e às vezes se afrontam impulsos, forças contrárias. É com a morte que, abandonado por eles, o corpo adquire sua unidade formal. De sujeito e suporte de ações diversas, mais ou menos imprevistas, torna-se puro e simples objeto para outrem: e primeiramente objeto de contemplação, espetáculo para os olhos, a seguir objeto de cuidados, de deploração, de ritos funerários. (VERNANT, p. 47)

Entretanto, na Odisseia, vemos uma nova versão de Aquiles pois, agora morto, percebe que poderia ter escolhido a vida longa, pois, vivo, ele poderia contar os seus feitos como Ulisses fez na Odisseia. Ou seja, a glória que, em sua visão, só seria alcançada na morte precoce, poderia ter sido postergada e o herói poderia ter conquistado mais coisas, ter sido glória e prestígio estando vivo. Ao morrer jovem, com sua beleza, ele até poderia ser lembrado pelos seus feitos, por sua coragem e força, mas não poderia presenciar as pessoas o vangloriando, não poderia contar seus feitos como fez Ulisses.

 

Ó nobre filho do Eácida, Aquiles, primeiro entre os Dânaos!

Vim, por me ser necessário pedir um conselho a Tirésias

sobre a maneira de em Ítaca alpestre chegar de tornada.

Ainda ao país dos Aqueus não fui ter, nem à pátria querida;

sim, continuo a vagar e sofrer. Mas ninguém, nobre Aquiles,

é tão feliz como tu, no passado e nos tempos vindouros.

Enquanto vivo, os Argivos te honrávamos, qual se um deus fosses;

ora que que te achas no meio dos mortos, sobre eles exerces

mando inconteste. Não podes queixar-te da Morte, ó Pelida!'

"Isso lhe disse; ele, logo, me volve as seguintes palavras:

'Ora não venhas, solerte Odisseu, consolar-me da Morte,

pois preferira viver empregado em trabalhos de campo

sob um senhor sem recursos, ou mesmo de parco haveres

a dominar deste modo nos mortos aqui consumidos. ( (HOMERO, Odisseia, XI, 478-492)

A tradução prosaica acima, de Carlos Alberto Nunes, mostra o arrependimento de Aquiles em ter escolhido a morte tão jovem. Para ele, a vida, em detrimento da morte, valeria mais a pena até se ele fosse um lavrador assalariado a serviço de um homem sem muitos recursos. Ou seja, embora Aquiles estivesse no Hades, algo positivo pois significava que ele não vagaria eternamente, arrependeu-se de sua decisão, ficou angustiado mesmo tendo alcançado o ideal de glória imorredoura pela qual ele tanto lutou e conseguiu, pois foi visto pelos mortais como belo, corajoso e mestre na arte da guerra.

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