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Resenha da obra “Dois irmãos”, de Milton Hatoum

Por:   •  27/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  616 Palavras (3 Páginas)  •  143 Visualizações

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          Trabalho de outros, para a disciplina de Literaturas de Língua Portuguesa

 

                            Resenha da obra “Dois irmãos”, de Milton Hatoum

 A obra “Dois irmãos” escrita por Milton Hatoum, é o segundo romance nacional publicado pelo autor, em 2000. O romance, por sua maestria narrativa, recebeu o prêmio Jabuti, em 2001, e é considerado um dos melhores romances brasileiros do século XXI. “Dois irmãos” é uma releitura da obra “Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Porém, ao contrário da obra de Machado, no romance de Hatoum os dois irmãos são maus e vilões por cometerem atrocidades.

 A história conta um drama dentro de uma família de origem libanesa, que vive em Manaus. A família tem uma posição privilegiada por serem comerciantes burgueses. Porém, até a burguesia têm seus conflitos familiares e acertos de conta.

 O conflito central da narrativa, é a desavença entre dois irmãos devido à disputa pela afeição de uma vizinha e por causa da predileção da mãe com o irmão mais novo, Omar. O autor se aproveita desse conflito para construir uma crítica social na narrativa, pois chama a atenção para temas universais como: a desavença entre irmãos, pois essas brigas entre irmãos gêmeos, é algo que diversas culturas têm em comum. Além de atravessar essas problemáticas, o autor da obra compara o drama familiar a fatos históricos ocorridos na cidade de Manaus: o final do ciclo da borracha e a intervenção dos militares no período da Ditadura Militar. Portanto, além de problemáticas culturais e sociais, o romance tem um toque regionalista por conter aspectos da cultura manauara e libanesa.

 Algo que chama a atenção no romance é o fato de ele ser narrado pelo final, pois se desenvolve a partir da reconstrução dos antecedentes do desfecho. Portanto, a história se “inicia” com prantos e lamentos de uma mãe que chora pela decadência moral e financeira da família. No entanto, cabe ao leitor estabelecer uma cronologia linear dos fatos, pois a história recua e avança no tempo por causa das problemáticas desvendadas lentamente na história, pois elas são responsáveis por solucionar ou suspender os segredos da narrativa.

  O romance é narrado em primeira pessoa por Nael, filho de Domingas. Domingas é a escrava da família, que foi abusada sexualmente por um dos irmãos e deu à luz a Nael, que é tratado como um bastardo e um ninguém pela família, ou seja, ele assim como a mãe, não tem um papel específico dentro da família. Portanto, por ser narrador personagem e observador, Nael cumpre a função de preservar as memórias decadentes daquela família. Porém, por Nael e a sua mãe serem alvos de preconceito e racismo da família, ele narra a história com frieza e racionalidade, pois devido aos seus problemas pessoais com a família, Nael faz o possível para conquistar os leitores e persuadi-los a aceitar seu ponto de vista subjetivista acerca da decadência da família.

 A narrativa é marcada por duas metáforas muito importantes, as quais são representadas pelos irmãos Yazub e Omar, e a escrava Domingas. Yazub e Omar representam a dualidade de imigrantes que estão divididos entre o novo lar, o Brasil, e a sua pátria. Domingas representa as oposições e contradições que distanciam as posições de empregado, família e escravo, em um ambiente, um contexto social herdado pelo colonialismo.

 Entretanto, o romance “Dois irmãos” é uma obra épica e deve ser “devorada” e refletida criticamente, pois é a metáfora de uma fase marcada por perdas pela qual o Brasil enfrenta desde a sua origem.

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