Semantica

. Semântica enunciativa ou argumentativa

Ao contrário da formal, esta semântica, cujo precursor foi o linguista francês Oswald Ducrot, na década de 70, entende o significado como um jogo argumentativo criado na e pela linguagem. Não falamos sobre a realidade, mas para construir um mundo e a partir dele tentar convencer nosso interlocutor da nossa verdade, criada por meio daquilo que significamos ao dizer isto ou aquilo desta ou daquela forma. A realidade já não é o parâmetro, pois pode ser criada, mudada, manipulada por quem utiliza a linguagem. Desejamos convencer o outro da “nossa verdade”. Na afirmação seguinte, por exemplo, “Como posso aceitar o argumento de que fumar faz mal à saúde, se é dito por um médico que fuma tanto quanto eu?”, o falante deseja convencer seu ouvinte de que fumar não faz mal à saúde – a despeito de todas as pesquisas que atestam o fato – já que um médico, autoridade no assunto, também fuma.

Ao dizermos, por exemplo, “Pedro continua a viver à custa de sua mulher”, não estamos apenas fazendo uma constatação de um fato da realidade. Emitimos também um juízo de valor, mesmo que de forma implícita. Além de não se poder negar que no passado Pedro vivia à custa da mulher, considerado um conteúdo pressuposto devido ao uso do verbo “continuar”, também pode significar que reprovamos seu comportamento e/ou que Pedro é um folgado.

3. Semântica cognitiva

Corrente recente dos estudos semânticos, teve como um de seus marcos inaugurais a obra Metaphors we live by, em 1980, de George Lakoff e Mark Johnson. Nesta semântica, o significado é central, e não a realidade ou a própria língua, já que a forma linguística deriva da significação interna ao indivíduo, construída a partir de suas experiências corpóreas. Isto é, o significado emerge de dentro para fora, como resultado de uma motivação. Ele estaria relacionado ao nosso sistema geral de conhecimentos e não seria um fenômeno prioritariamente linguístico.

Segundo esse modelo, o significado se constrói a partir de nossas interações físicas com o meio ambiente em que vivemos. Quando uma criança, por exemplo, começa a se deslocar de um lugar para o outro, desenvolve o esquema cunhado por Lakoff de “Caminho”. Ao brincar com peças de encaixe ou colocar e retirar objetos, ela desenvolve o esquema “Recipiente”. Esquemas como esses dariam sentido às nossas sequências linguísticas, amparando nosso falar e pensar.

Cognição – sistema de conhecimentos mentais e processuais que nos permitem pensar, raciocinar, relacionar informações, perceber, julgar, imaginar, interagir, atribuir significados, aprender, emocionar-se, entre outras habilidades.

Interlocutor: No processo de leitura, escrita ou interação face a face (conversas, bate-papo, ligação telefônica, e-mail etc), interlocutores são os participantes diretos e/ou indiretos que interagem por meio da linguagem. No caso de um livro ou reportagem em jornal ou revista, os interlocutores são os leitores e o escritor ou jornalista.

Proposição – Sentença completa sobre algum fato em forma de afirmação