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Por:   •  28/3/2015  •  3.061 Palavras (13 Páginas)  •  369 Visualizações

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Entre a linguagem e a poesia: uma

análise sintática sobre Os Sertões

Déborah Christina de Mendonça Oliveira (UCB)

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar alguns aspectos sintáticos presentes na obra Os

Sertões de autoria de Euclides da Cunha. O trabalho terá como foco de análise os seguintes pontos: as

construções das sentenças, a pontuação utilizada, as formas verbais e a posição dos adjetivos presentes na

referida obra. Tais aspectos receberão, muitas vezes, um tratamento linguístico; isso significa que a

abordagem dos temas terá como referencial teórico as teorias linguísticas mais recentes. Sabe-se, no entanto,

que o estudo do estilo não se esgota nos aspectos formais de composição.

Palavras-chave: Adjetivos; Euclides da Cunha; formas verbais; pontuação; sintaxe.

ABSTRACT: This article aims to analyze some syntax aspects observed in the book Os Sertões written by

Euclides da Cunha. This work will focus the analysis on some points, such as: the sentence constructions, the

punctuation, the verbal forms and the position of adjectives. Those aspects will receive sometimes a linguistic

treatment; this means that such aspects will be explained using a theoretical contribution of some modern

linguistic theories. We know, however, that the study of styles cannot be exhausted on the formal aspects of

the composition.

Keywords: Adjectives; Euclides da Cunha; verbal forms; punctuation; syntax.

Introdução

O presente trabalho foi suscitado por uma discussão inicial acerca de Os Sertões de

Euclides da Cunha, promovida por meio de uma mesa-redonda intitulada “Linguagem,

poesia e ciência: encontros e confrontos em Os Sertões”, da qual participei em maio de

2010, na Universidade Católica de Brasília, cujo objetivo era debater aspectos literários e

linguísticos da obra em questão. Portanto, a análise apresentada, neste artigo, é resultante,

em parte, da apresentação feita na ocasião desta mesa-redonda.

Este estudo terá como enfoque alguns aspectos da sintaxe do texto de Euclides da

Cunha, a saber: a forma de construção das sentenças, a pontuação, as formas verbais e a

posição dos adjetivos. Tais aspectos receberão, muitas vezes, um tratamento linguístico;

isso significa que a abordagem dos temas terá como referencial teórico as teorias

linguísticas mais recentes. Sabe-se, no entanto, que o estudo do estilo não se esgota nos

aspectos formais de composição.

Entre a linguagem e a poesia: uma análise sintática sobre Os Sertões

Volume 3 – Número 1/2 – Ano III – dez/2010

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Antes de iniciar a análise, não se pode deixar de fazer menção, nestas notas

preliminares, ao contexto histórico em que se estabeleceu o texto Os Sertões, pois grande é

a influência que fatores, tais como: o contexto histórico, social e político exercem na

estruturação do conteúdo da obra e na análise dos efeitos de sentido que encontramos na

manifestação verbal do texto.

A obra Os Sertões de autoria de Euclides da Cunha foi publicada em 1902. Em

1897, Euclides da Cunha havia sido enviado pelo jornal O Estado de S. Paulo, como

correspondente, ao norte da Bahia, para fazer a cobertura do conflito no arraial de

Canudos, liderado por Antônio Conselheiro. Segundo o Governo da época, a revolta era

liderada por fanáticos monarquistas, que lutavam contra a República. O livro Os Sertões é

fruto, provavelmente, do que o autor viu e pesquisou sobre o movimento. Nos primeiros

artigos que Euclides enviou para o jornal O Estado de S. Paulo, o autor apresentou o

conflito de Canudos sob a ótica republicana, que via no movimento uma tentativa contra o

Governo. Entretanto, após um olhar mais acurado, o autor pôde fornecer ao leitor a real

dimensão da história, que ele define como um crime na significação integral da palavra.

A obra está dividida em três partes: A terra, O Homem e A Luta. A linguagem do

autor é, muitas vezes, técnica e sisuda, permeada de expressões científicas. O estilo

utilizado por Euclides, representado pelas construções sintáticas, infunde na obra uma

preocupação estética, em que a forma tenta reproduzir o conteúdo do texto. O texto narra a

situação de miséria do sertanejo, causada pela seca, e o massacre promovido pelo Exército

brasileiro para pôr fim à iniciativa de Antônio Conselheiro e de seu grupo, como bem

observou Souza (2009):

O narrador que se acopla estruturalmente ao pintor euclidiano da natureza procura sempre

apresentar o efeito trágico da guerra de Canudos, e não a guerra em si mesma. Não se atém aos

golpes e contragolpes das cenas de batalhas entre os exércitos rivais. Concentra-se no

emolduramento dos quadros da natureza, viabilizando a pintura das cenas dramáticas, que

representam a reviravolta

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