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Trabalho de Conclusão de Curso

Por:   •  23/8/2021  •  Artigo  •  5.152 Palavras (21 Páginas)  •  99 Visualizações

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Das páginas à televisão: a ironia adaptada do livro “Dom Casmurro” para a minissérie “Capitu”

Juliana Corrêa GIL¹

RESUMO: O presente trabalho terá por objetivo fazer uma análise comparativa entre a obra “Dom Casmurro” de Machado de Assis e a minissérie “Capitu” de Euclydes Marinho. Uma vez que será objeto de comparação a forma como a ironia utilizada por Machado em sua obra é adaptada por Marinho para a televisão, sendo um período de 109 anos que separam as duas obras que serão utilizadas como material para a realização da análise.

PALAVRAS-CHAVE: Análise comparativa; Adaptação; Ironia.

1. Introdução

Ao se falar da Literatura Brasileira é indispensável discorrer sobre o respeito pela obra literária de Machado de Assis, bem como toda a sua influência, não somente na Literatura Brasileira, mas em várias outras manifestações artísticas.

O presente trabalho terá por objetivo fazer uma análise comparativa entre a obra “Dom Casmurro” de Machado de Assis e a minissérie “Capitu” de Euclydes Marinho. Uma vez que será objeto de comparação a forma como a ironia utilizada por Machado, em sua obra, é adaptada por Marinho para a televisão, sendo um período de 109 anos que separam as duas obras que serão utilizadas como material para a realização da análise.

Em suas obras, Machado expõe aspectos do comportamento humano, os quais normalmente são escondidos, traz a luz do conhecimento de todos, como uma linguagem e narrativa peculiar e complexa, traços de extrema intimidade que normalmente esconde-se dos demais, como medos e segredos, e, além de sua imensa capacidade criativa, faz tudo isso com uma ironia aguda, que muitas vezes chega a incomodar o leitor, pois podemos, muitas vezes, nos enxergar nas palavras Machadianas.

O livro “Dom Casmurro”, foi impresso em Paris em 1899, sua divulgação foi no Rio de Janeiro em 1990. A história contada no livro se passa entre a metade e o final do século XIX e acontece na cidade do Rio de Janeiro. A história é contada em primeira pessoa, por um dos personagens principais: Bentinho, Dom Casmurro, que dá título ao livro, conta sua história. A história do seu amor por Capitolina (Capitu), desde a adolescência e o desenrolar

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de suas vidas. A personagem principal da obra é Capitu, ficando Bentinho (o narrador) como um protagonista secundário ao lado dos vários outros personagens secundários e do antagonista Escobar. Assim, segundo um estudo de Coutinho (2004) a escolha do narrador é evidentemente intencional, pois o autor pretende relatar uma história que sucedeu ao narrador-personagem, a qual é por ele melhor conhecida. Dessa forma, Bentinho é o ponto de vista do qual o leitor vê os acontecimentos, ou seja, a história é a apresentada na maneira pela qual Bentinho a experimentou, interpreta e expõe. Não vemos nem ouvimos Capitu, seu ponto de vista não é mencionado.

Contudo, na adaptação da obra para a minissérie, a estrutura narrativa do romance foi mantida, com os capítulos divididos por títulos curtos, apresentados em cartelas e proferidos como nas antigas radionovelas. O texto foi preservado, sendo que as palavras e os diálogos são os mesmos do livro, e a cronologia básica é a mesma. A opção pelo título “Capitu” e não Dom Casmurro, como no livro-base de Machado, partiu da ideia de buscar um diálogo com a obra original, e com a própria personagem Capitu. Além de que foi uma forma de deixar claro que a minissérie iria além de uma simples adaptação de um suporte para o outro.

2. Referencial Teórico

A obra a ser estudada faz parte do Realismo, dessa forma achou-se importante trazer as contribuições desse movimento literário no Brasil, a fim de embasar a futura análise.

A escola Realista caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. O engajamento ideológico fez com que muitas vezes a forma e as situações descritas fossem exageradas para reforçar a denúncia social. Atingindo seu ponto máximo com o Naturalismo, direcionado pelas ideias materialísticas. Muitas vezes, Realismo e Naturalismo se confundem (COUTINHO, 2004).

Dessa forma, Bosi (1997) descreve o movimento realista como

O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos se submeterem ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito (p. 187).

O movimento Realista vem da Europa com tendências ao universal, contudo, ao chegar ao Brasil, passa por modificações devido às tradições do país, e, sobretudo pela

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intensificação das contradições da sociedade, reforçada pelos movimentos republicanos e abolicionistas, intensificadores do descompasso de sistemas sociais.

Para tanto, no cenário literário brasileiro destaca-se como grande escritor Realista Machado de Assis que ao publicar “Memórias Póstumas de Brás Cubas” causa grande perplexidade.

Joaquim Maria Machado de Assis é considerado o mais importante escritor brasileiro. Nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Machado, em sua juventude, já dava mostras de uma crescente em sua vida, quando tronou-se jornalista, foi, então, essa a profissão que o aproximou da literatura. Sua carreira como escritor também contou com seu casamento, pois sua esposa era grande incentivadora de seu trabalho, há nos escritos machadianos resquícios da influência dela.

As obras de Machado, normalmente, são divididas em duas épocas: o pré e o pós-Romantismo, sendo nesse pós-Romantismo que Machado de Assis adquiriu a sua chamada “maturidade artística”; iniciada após a escrita de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e que se consolidou mais tarde com “Quincas Borba” e “Dom Casmurro”. Essas três obras demonstram o quão hábil Machado tornou-se em criar e escrever prosas realistas, distanciando-se assim de sua fase romântica (PERES et al., 2011).

Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e o primeiro presidente da instituição, da qual foi aclamado presidente perpétuo. O maior nome da literatura brasileira faleceu em 1908, recebendo honras fúnebres de chefe de estado (MELO; ROCHA, 2011).

Em suas obras, Machado expõe aspectos do comportamento humano, que normalmente são escondidos, traz a luz do conhecimento de todos, como uma linguagem e narrativa peculiar e complexa, traços de extrema intimidade

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