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UM OLHAR SOBRE OS SENTIMENTOS DE CAMILO PESSANHA NO POEMA "OLVIDO"

Trabalho Universitário: UM OLHAR SOBRE OS SENTIMENTOS DE CAMILO PESSANHA NO POEMA "OLVIDO". Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  11/4/2014  •  1.113 Palavras (5 Páginas)  •  2.097 Visualizações

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Nome: Camila Nogueira

Universidade Presbiteriana Mackenzie – Curso de Letras

UM OLHAR SOBRE OS SENTIMENTOS DE CAMILO PESSANHA

NO POEMA “OLVIDO”

RESUMO:

Neste trabalho pretende-se analisar o poema “Olvido”, de Camilo Pessanha, bem como entender os aspectos subjetivos no texto, assim como os traços do Simbolismo em Portugal. Para tanto essa pesquisa parte do pressuposto da autenticidade simbolista do autor que aborda de forma geral em seus poemas o pessimismo. O poema em questão revela a personificação da morte emocional e principalmente a visão pessimista de Pessanha.

PALAVRAS-CHAVE

“Olvido”, Camilo Pessanha, pessimismo, Simbolismo.

OLVIDO

Desce por fim sobre o meu coração

O olvido. Irrevocável. Absoluto.

Envolve-o grave como véu de luto.

Podes, corpo, ir dormir no teu caixão.

A fronte já sem rugas, distendidas

As feições, na imortal serenidade,

Dorme enfim sem desejo e sem saudade

Das coisas não logradas ou perdidas.

O barro que em quimera modelaste

Quebrou-se-te nas mãos. Viça uma flor...

Pões-lhe o dedo, ei-la murcha sobre a haste...

Ias andar, sempre fugia o chão,

Até que desvairavas, do terror.

Corria-te um suor, de inquietação.

Para entender o poema “Olvido”, composto por Camilo Pessanha, é indispensável compreender um pouco os sentimentos do autor e o período em que ele vivia. O Simbolismo, na verdade, é um movimento difícil para os poetas da época, pois segundo Álvaro Cardoso Gomes, “O homem que acreditava ter acesso aos segredos do universo, via razão e via progresso, vê de repente que tudo não passa de ilusão, que o universo é regido por forças incontroláveis que ele desconhece completamente.”, ou seja, é possível afirmar que o homem que antes idealizava o mundo exterior a partir do interior já não tinha notoriedade. Nesse período, a ciência passa a reger as tendências e não mais o sentimentalismo.

A descrença das emoções reflete no poeta o pessimismo, a descrença da realidade e uma postura contra a sociedade. Nessa perspectiva, é possível imaginar que Camilo Pessanha foi um dos mais autênticos simbolistas da época, apresentando em seus poemas uma visão totalmente contrária, subjetiva e sem explicações racionais. Ele mostra o mundo sob a ótica da ilusão, da dor e do pessimismo.

O poema “Olvido” é um exemplo dessa perspectiva sobre Camilo Pessanha. Esse poema evidencia a impressão de morte. Para entender a primeira estrofe é preciso observar, atentamente, os dois versos iniciais, “Desce por fim sobre o meu coração/ O olvido. Irrevocável. Absoluto.”. Observando a palavra olvido sob o ângulo do esquecimento e coração o órgão responsável pelo armazenamento das emoções, o poeta intenciona dizer que as emoções estão desligadas e esquecidas, uma vez que a alma do poeta é movida pelos sentimentos que vem do coração e esses tais sentimentos já não fluem mais. Ao observar o quarto verso é possível acreditar que não há motivo para a existência física, o corpo pode padecer em um caixão, porque o coração foi tomado pelo véu de luto como escrito no terceiro verso. Dessa forma, pode-se concluir que o esquecimento da emoções encobriu o coração e já não há mais vida para as emoções, uma vez que não existem emoções, não há razão para viver.

Sabendo que a pele de um cadáver é rígida e estática, Pessanha coloca na estrofe a seguir a imagem de um cadáver que, por outro lado, pode ser interpretado como ausência de preocupações, pois esteticamente preocupações causam rugas. Sendo assim, não há preocupações porque o poeta está supostamente morto. As emoções geram a vitalidade ao corpo, ou seja, elas são sinônimo de vida e como visto anteriormente as emoções sucumbiram, o corpo está em estado de padecimento. O próprio autor caracteriza esse momento como imortal “As feições, na imortal serenidade,”. Essa serenidade que aparece na segunda estrofe não está no sentido de paz ou relativo ao bom, levando em conta o adjetivo imortal ela pode ser compreendida como uma metáfora de esquecimento, ou até pior, um aprisionamento.

Nessa perspectiva, um verso confirma o outro, pois na sequência tem-se “Dorme enfim sem desejo e sem saudade/ Das coisas não logradas ou perdidas.”, a imortal serenidade é um adormecimento, um sono profundo que novamente remete ao esquecimento, o qual foi falado no início do texto estabelecido por

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