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Uma Criança Precisa Falar

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Por:   •  15/3/2015  •  607 Palavras (3 Páginas)  •  199 Visualizações

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Uma criança precisa falar

O povo brasileiro padece do mal do mutismo, que parece ter sido adquirido, sobretudo, por sua longa inexperiência democrática. A nossa história não é uma história a qual o povo desempenhou papel decisivo nos rumos de seu próprio destino. Ao contrário, é uma história onde o povo sempre esteve fora dos processos decisórios. As mais avançadas correntes na educação popular, frequentemente encontram em Paulo Freire parâmetros que orientam os trabalhos. Infelizmente, porém, em suas práticas efetivas, muito pouco realizam de suas propostas. Enquanto Paulo Freire enfatiza a importância da verbalização, da manifestação, da discussão e da reflexão, os educadores permitem que estas teses fiquem no plano do discurso, enquanto que, em sua ação pedagógica, tomam a palavra os “mestres” e pedem aos alunos que façam silêncio. A liberdade não nasce com o homem, mas, ao contrário, é aquisição construída ao longo de muitos anos. A escola tem portanto, papel fundamental na medida que é responsável por grande parte dessa construção, desse exercício fundamental de liberdade. Sem experiência democrática não se aprende a ser livre.

Mas, como pode a escola contribuir? Acreditamos que de inúmeras formas. Entre elas, é preciso destacar a necessidade de deixar que as crianças falem. Falar não é apenas uma questão cultural e política, mas em se tratando de crianças, uma necessidade do crescimento,desenvolvimento psicológico. A linguagem (verbal) exercita o pensamento, socializa, desenvolve o pensamento simbólico e operatório, coloca o aluno em conflito com os outros, organiza a sua mente, interpreta o mundo, expressa sentimentos. Quanto mais a pessoa cresce, mais a linguagem assume papel preponderante.

A interpretação que se costuma fazer, em nossas escolas, a respeito do natural exercício da linguagem, é que se trata de bagunça, barulho. Torna-se preciso entender que, onde existem crianças deve haver barulho, deve haver movimento. A questão é organizar e controlar este saudável barulho. Alegar que “atrapalha a sala ao lado”, “incomoda colega” é o que se pode dizer de pior, pois o que realmente tem atrapalhado o povo brasileiro tem sido o seu secular silêncio.

Um professor jamais deveria pedir silêncio. É justo que peça que moderem suas vozes, que falem mais baixo, que não falem todos ao mesmo tempo quando se tem de ouvir um colega, mas jamais dizer: “Silêncio, prestem atenção!” (ao professor), pois não há nada que mereça mais atenção do que a fala do colega ao lado. O silêncio é natural na reflexão e esta é uma construção que requer tempo para ser elaborada. É imitando e falando que podem adquirir vocabulário e ampliá-lo; é trocando experiência com os demais que ampliam seu mundo, sua visão. Falar, neste momento, significa exercitar uma função que está se desenvolvendo, é aprimorar a aquisição da linguagem, o repertório pessoal. Quanto mais uma criança fala, mais aprende a falar ( e a escrever), pois a linguagem necessita de exercício.

Para a alfabetização, é fundamental a existência de um vocabulário amplo, o que deve pressupor um maior número de experiências. Falar exercita a expressão de idéias e amplia o mundo mental, do que resultam, em conseqüência, maiores possibilidades de analisar e transformar a realidade.

Falar é, portanto,

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