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A Arte Filosófica

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Por:   •  17/3/2014  •  716 Palavras (3 Páginas)  •  340 Visualizações

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Filosofia e Arte

Rodrigo S. de Oliveira

Qual é a fronteira da filosofia com a arte? Ou filosofia e arte se confundem? Algumas pessoas afirmam que a filosofia deveria ser encarada como uma forma de arte, talvez Nietzsche seja o mais famoso deles, embora, claro, ele tivesse um conceito de filosofia diferente do que comumente se diz ser filosofia. O problema de fundo aqui é: se assumimos que a filosofia é uma substituta da religião, ou seja, assume o campo ocupado por ela, apenas numa relação diferente com esse campo, ao invés de contemplar busca conhecer e usa como critério de justificação não a autoridade da tradição, mas a dúvida e a reflexão. Ora a arte parece ocupar ao menos parte desse campo, assim parece que ela também estaria numa relação de concorrência com a filosofia e a religião, Nietzsche parece sugerir algo assim. Como se distingue filosofia e arte então?

Precisaremos de um conceito de filosofia para compará-la com a arte. Iremos fazer apontamentos gerais sobre a filosofia, tal como a entendemos: a filosofia se expressa linguisticamente e nela nós tomamos algo por verdadeiro, ela expressa proposições, sentenças com valor de verdade e busca fundamentar ou justificar essas proposições. Mesmo as concepções que negam que existam proposições filosóficas, visam fundamentar suas afirmações. Assumimos que existem proposições filosóficas.

O campo da filosofia pode se chocar com o da arte, assim como se choca com o da religião: um mesmo enunciado moral, por exemplo, “não se deve matar”, pode ocorrer em um texto religioso e também em um texto filosófico, esses campos diferem um do outro na questão da legitimação ou da justificação: a legitimação religiosa é “Deus ordenou” que recorre à palavra revelada e a filosófica é feita através de uma fundamentação pela razão.

A arte, pode concorrer com a religião e a filosofia em alguns campos, como a moral, nós podemos assumir que o teatro pudesse ter uma função moral, ou que a literatura tenha essa função moral, como em Tolstoi. Claro que estamos falando de concepções de arte funcionalistas nesse caso, ou seja, que admitem que a arte tenha uma função ou um objetivo exterior a si mesma. A arte, no entanto, não consiste absolutamente em tomar algo por verdadeiro, ou seja, não existe uma pretensão de verdade e isto se manifesta ainda no fato de que ela não faz enunciados. Para as artes não-lingüísticas, isto é fácil de perceber (O que enuncia uma pintura? Ou uma música? Nada). Na arte que se expressa lingüisticamente, a literatura, é verdade que ocorrem enunciados, mas na literatura (o romance, a novela, o conto, poesia…), o escritor não exprime com seus enunciados nenhuma opinião, ele não diz: tal coisa se passa assim na realidade, ele descreve possibilidades. Claro que o escritor pode nos transmitir suas idéias e acreditar ou tomar aquilo por verdadeiro, mas os méritos de uma obra literária não são obtidos pela verdade ou falsidade dos enunciados expressos por ela (exceto talvez num romance de não-ficção, como A Sangue Frio, de Capote… Mas aí entraríamos na fronteira do jornalismo com a arte e não temos conhecimentos para isso). Seria um equívoco, portanto, se pedíssemos para que o autor de uma obra literária fornecesse argumentos acerca da verdade de suas frases enunciativas. Um escritor

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