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A Primeira Tópica Freudiana

Por:   •  17/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.755 Palavras (8 Páginas)  •  363 Visualizações

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Primeira tópica Freudiana

Inconsciente, pré-consciente e consciente

Um ato psíquico passa, em geral, por duas fases, dois estados, entre os quais se intercala uma espécie de prova (censura). No primeiro estado, este ato é inconsciente e faz parte do sistema Inconsciente; ele poderá ser afastado pela prova da censura sem conseguir ter acesso ao segundo estado, dizendo-se, então que o ato foi recalcado: permanece inconsciente. Se conseguir, porém, passar pela censura, entrará no segundo estado e fará parte, então, do segundo sistema, a que Freud chamou de Sistema Consciente. Contudo, sua ligação com a consciência ainda não foi inteiramente determinada pelo fato de pertencer a esse segundo sistema. Esse ato psíquico ainda não é consciente no verdadeiro sentido da palavra, mas antes, suscetível de tornar-se consciente. Foi essa noção de “possibilidade de tornar-se consciente” que levou Freud a incluir no sistema Consciente a existência de um sistema Pré-Consciente.

De qualquer forma, disse-nos ele, “admitindo esses (dois ou três) sistemas psíquicos, a psicanálise deu mais um passo na direção que a afasta da psicologia da consciência descritiva.

Clancier, P-S. Freud. Ed. Melhoramentos, SP, 1977.

SISTEMA INCONSCIENTE.

A – O adjetivo inconsciente é por vezes usado para exprimir o conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência, isto, num sentido “descritivo” e não tópico, quer dizer, sem se fazer discriminação entre os conteúdos dos sistemas pré-consciente e inconsciente.

B – no sentido tópico, inconsciente designa um dos sistemas definidos por Freud no quadro da sua primeira teoria do aparelho psíquico: é constituído por conteúdos recalcados aos quais foi recusado o acesso ao sistema pré-consciente-consciente pela ação do recalcamento (recalcamento primitivo ou originário e recalcamento posterior).

Características ou propriedades específicas do Sistema Inconsciente

a) Seus conteúdos são representantes psíquicos das pulsões e, mais ou menos, fortemente investidos.

b) O sistema Inconsciente e seus conteúdos são regidos ou funcionam de acordo com as regras do processo primário. Há extrema mobilidade das intensidades de investimento. A energia é livre. No processo primário atuam as operações de deslocamento, a condensação e simbolização.

No deslocamento, uma representação pode transmitir sua quantidade de investimento a outra representação, ou seja, a energia investida numa representação pode ser desinvestida dela, unir-se (ligar-se) a outras representações de intensidade antes fraca, mas todas ligadas à primeira por uma série de associações. O deslocamento é facilmente perceptível na produção do sonho. Nele, para Freud, “o deslocamento manifesta-se de duas maneiras: em primeiro lugar, um elemento é substituído não por um de seus próprios elementos constitutivos, mas sim por algo de mais afastado e, portanto, por uma alusão; em segundo lugar, o acento psíquico é transferido de um elemento importante para outro, pouco importante, de modo a que o sonho receba outro centro e pareça estranho” (Introdução a Psicanálise, Payot, Paris, 1962, pg.158) e engane a censura.

O processo de deslocamento favorece o da condensação na medida em que o deslocamento, ao longo de duas séries de associações, dá lugar à representação nodal.

Na realidade, a condensação, faz de uma só representação o representante de numerosas séries de associações na encruzilhada das quais se situa. Quer dizer que essa representação se encontra investida das energias que estavam, antes, ligadas a essas diversas séries de associações. A condensação aparece no sonho de forma facilmente detectável. Ela apresenta-se nele pelo fato da descrição manifesta do sonho, comparada com o seu conteúdo latente, aparecer como se truncada e com lacunas. Ela pode operar no sonho por diversos meios. Por exemplo, por um elemento, trate-se de um personagem ou de um tema dominante, só é conservado por encontrar-se em vários pensamentos do sonho, ou então, elementos diferentes se encontram reunidos numa entidade composta: uma pessoa, exemplificando, pode ser criada em sua totalidade por meio da soma e sobreposição de características extraídas de várias outras pessoas.

c) Seus conteúdos, fortemente investidos pela energia pulsional, buscam a consciência e a ação (retorno do recalcado), ou seja, descarga pulsional (ponto de vista econômico); mas não podem ter acesso ao sistema Pcs-Cs senão nas formações de compromisso, depois de terem sido submetidos às deformações da censura.

São indiferentes à realidade e regulados, exclusivamente, segundo o princípio do prazer-desprazer. Quer dizer que, temos aqui, substituição da realidade externa psíquica, segundo a qual a realização de um desejo (inconsciente) se efetua em função de todas as regras que não sejam as de satisfazer necessidades vitais. Tais processos, definindo-se pela satisfação dos impulsos segundo o princípio de prazer, correspondem, portanto, à redução das tensões ao nível mais baixo (princípio do prazer, princípio da constância, e posteriormente, hipótese de Eros e Thanatos).

d) são mais especialmente certos desejos da infância que conhecem uma fixação inconsciente.

A abreviatura Ics (Ubw Unbewusste alemão) designa o inconsciente sob a sua forma substantiva como sistema; Ics (Ubw em alemão) designa o adjetivo inconsciente (unbewusst) enquanto qualifica em sentido estrito os conteúdos do referido sistema.

e) Os processos inconscientes são intemporais. Significa que não são ordenados pelo tempo, não são modificados pelo tempo e não tem relação com ele.

f) Não consideram graus de certeza, dúvida ou negação.

C) No quadro da segunda tópica freudiana, o termo inconsciente é, sobretudo, usado na sua forma adjetiva; efetivamente, inconsciente deixa de ser o que é próprio de uma instancia especial visto que qualifica o id e, em parte, o ego e o superego. Mas convém notar:

a) que as características reconhecidas na primeira tópica ao sistema Ics são de um modo geral atribuídas ao Id na segunda:

b) que a diferença entre o pré-consciente e o inconsciente, embora já não esteja baseada numa distinção inter-sistêmica, persiste como distinção intra-sistêmica (o ego e o superego são em parte pré-conscientes e em parte inconscientes).

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