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CONFIDENCIALIDADE

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Por:   •  21/10/2014  •  Seminário  •  543 Palavras (3 Páginas)  •  324 Visualizações

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CONFIDÊNCIA

As palavras são uma extravagância para mim desde minha infância. São uma

extravagância, antes de tudo, por aquilo que têm de estranho.

O que significam essas mímicas das pessoas em torno de mim, sua boca em círculo ou

alongada em diversos trejeitos, seus lábios em curiosas posições? Eu “sentia” alguma coisa

diferente quando se tratava da cólera, da tristeza ou do contentamento, mas o muro invisível que

me separava dos sons correspondentes a essas mímicas era, ao mesmo tempo, vidro transparente

e cimento. Agitava-me de um lado desse muro, e os outros faziam o mesmo do outro lado.

Quando tentava reproduzir as suas mímicas como um macaquinho, não era nunca por

intermédio de palavras, mas por letras visuais. Às vezes, ensinavam-me uma palavra de uma

sílaba ou de duas sílabas que se pareciam, como “papa”, “mamã”, “tatá”.

Os conceitos mais simples ainda eram misteriosos. Ontem, amanhã, hoje. Meu cérebro

funcionava no presente. O que significavam o passado e o futuro?

Quando compreendi, com a ajuda dos sinais, que ontem estava atrás de mim, e amanhã

diante de mim, dei um salto fantástico. Um progresso imenso, que ouvintes tinham dificuldade

em entender, habituados que estão de ouvir desde berço as palavras e os conceitos repetidos

incansavelmente, sem disso se darem conta.

Depois, compreendi outras palavras que designavam pessoas: Emmanuelle, era eu.

Papai, era ele. Mamãe, era ela. Maria, era minha irmã. Eu era Emmanuelle, eu existia, tinha uma

definição, logo uma existência.

Ser alguém, compreender que se está vivo. A partir disso, pude dizer “eu”. Antes, dizia

“ela” falando de mim. Queria saber onde estava neste mundo, quem era eu, e por quê. E me

encontrei. Chamava-me Emmanuelle Laboritt.

Em seguida, pude analisar, pouco a pouco, a correspondência entre os atos e as palavras

que os designavam, entre as pessoas e seus atos. De repente o mundo me pertencia e dele eu

fazia parte.

Tinha sete anos. Acabava, ao mesmo tempo, de nascer e crescer, de uma vez só.

Tinha tal fome e tal sede de aprender, de conhecer, de compreender o mundo, que não

pude mais parar. Aprendi a ler e a escrever a língua francesa. Tornei-me falante, curiosa de

tudo, simplesmente me exprimindo em uma outra língua, como uma estrangeira bilíngüe. Fiz

meu bacharelado, como quase

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