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Drogas E Trabalho: Uma Proposta De Intervenção Nas Organizações

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Por:   •  27/11/2013  •  5.034 Palavras (21 Páginas)  •  563 Visualizações

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RESUMO

Neste artigo, trazemos à discussão uma proposta de abordagem ao uso de drogas (legais e ilegais) no local de trabalho. O relato da intervenção e das respectivas considerações partiu de uma assessoria prestada a uma empresa pública, de grande porte, que demandava um projeto terapêutico e preventivo para tratar do problema. Como resposta, foi desenvolvida uma política institucional específica, alicerçada no seguinte tripé: a implantação de uma rotina norteadora para a abordagem dos funcionários quanto ao uso de drogas no trabalho; o credenciamento de locais para tratamento e a criação de comitês, liderados por funcionários, que passaram a ser responsáveis pela condução do programa após o término do trabalho da assessoria. Ressaltamos a importância da participação do maior número possível de funcionários, principalmente daqueles com poder decisório para a sustentação e implementação de um Programa, bem como a necessidade de criar uma política que intervenha no instituído e que considere os âmbitos administrativo, operacional e de saúde. Assim, marca-se uma diferença em relação à forma como, até há poucos anos, vinha sendo tratado o problema, oscilando entre o descaso e a punição.

Palavras-chave: Drogas, Trabalho, Política institucional.

ABSTRACT

In this article we present the proposal of legal and illegal drugs use approach, at workplace. The intervention report and the respective appreciation start from an assistance work that took in a great public enterprise, which wished a therapeutic and preventive project for the problem approach. As an answer, a specific institutional policy was developed, based on the following tripod: the establishment of a guiding routine for the employees approach, concerning drug use at workplace; the inscription of treatment places and the creation of committees leaded by employees in charge of the program conduction, after the end of the assistance work. We emphasize the importance of a great number of workers in the program, specially those with power of decision, in order to maintain and implement a Program, as well as the need of creating a policy that intervenes in what is already established and that considers the administrative, the operational and the health spheres. So, a difference is established on the way the problem had been treated in the last years, oscillating between negligence and punishment.

Keywords: Drugs, Workplace, Institutional policy.

Algum tempo se passou desde quando as empresas subestimavam os efeitos das ocorrências ligadas ao uso de drogas no local de trabalho, negando-os ou minimizando-os. Atualmente, observa-se que as empresas públicas e privadas têm se preocupado com o aumento da incidência dessas situações.

A maior investigação feita em torno do uso de álcool e de drogas no local de trabalho foi a pesquisa realizada pelo SESI (Fridman e Pellegrini, 1995) em 23 empresas gaúchas, públicas e privadas, envolvendo 51600 funcionários. Essa pesquisa concluiu que a prevenção é fundamental, tendo em vista que 35% do total dos funcionários apresentavam problemas decorrentes do uso de álcool, segundo o teste CAGE e, ainda, que 54,7% dos trabalhadores das empresas tinham menos de 34 anos, o que justifica o investimento na prevenção de novos casos de dependência. De acordo com os autores antes citados, os índices de recuperação mostraram-se animadores, girando em torno de 80%.

O número de empresas que desenvolvem qualquer atividade relacionada à prevenção e ao tratamento ao uso abusivo de drogas ainda é pequeno, e a maioria delas conta com atividades isoladas, por iniciativa e interesse de poucos técnicos. Essas iniciativas começaram a surgir nas empresas em meados da década de 80. Entretanto, concebemos que esses são entraves que precisam ser ultrapassados para que não se trabalhe como bombeiros em ação, “apagando incêndios”. Assim, pensamos que programas de prevenção, para serem consistentes e se manterem, dependem de uma oficialização (recursos destinados, envolvimento das chefias imediatas e da direção), da estruturação organizada das ações e da efetiva formação coletiva para trabalhar em conjunto, estabelecendo sua formalização na empresa (introjeção de idéias através da sistematização das ações de prevenção na vida cotidiana da empresa). Além disso, consideramos fundamental intervir na cultura institucional a fim de promover mudanças significativas, levando em conta os aspectos que predispõem ao uso/abuso de drogas, advindos das relações de trabalho e também como uma opção pessoal.

Partindo dessas idéias e respondendo ao pedido feito por uma empresa em particular, o Vindicas – Grupo de Trabalho e Estudos das Manifestações Sociais Contemporâneas – propôs um trabalho que compreendeu dezoito meses de intervenção. Nos primeiros doze meses, ocupamo-nos da implementação do programa e, nos seis meses subseqüentes, encarregamo-nos de assessorar os funcionários responsáveis pela condução do trabalho.

A realidade da empresa na qual se desenvolveu a assessoria caracterizava-se por um elevado número de acidentes de trabalho, sobrecarga dos serviços médicos, faltas, atrasos, excessivas solicitações de licenças-saúde, perda de técnicos habilitados, inúmeros conflitos interpessoais e, por fim, um clima de sobressaltos, causado pelas situações de urgência, envolvendo o uso de drogas, que mobilizavam todo o setor de trabalho e paralisavam parcialmente as atividades da empresa. Todos esses indicadores guardavam uma relação direta com o consumo de drogas e com a diminuição da qualidade de vida do trabalhador, confirmando as postulações de Campana (1997).

Assim, a intervenção realizada pela assessoria desenvolveu-se no sentido de alterar a cultura da empresa no que dizia respeito à concepção e à abordagem do problema do uso de drogas no local de trabalho, através de uma política institucional.

As etapas

A proposta de intervenção constituiu-se de cinco etapas, envolvendo três momentos: leitura diagnóstica, implantação do programa e assessoria para sua continuidade.

1ª Etapa

Nesta etapa, buscou-se conhecer as demandas relativas ao problema do uso de drogas no local de trabalho, através do levantamento de necessidades realizado em diferentes locais e segmentos da organização. Esse levantamento permitiu

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