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GEO MODERNA

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Por:   •  14/5/2014  •  3.206 Palavras (13 Páginas)  •  375 Visualizações

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RACIONALISMO MODERNO E FÉ

Introdução

O Racionalismo foi um movimento cultural situado entre os séculos XVI e XIX. Mais do que mais uma doutrina gnosiológica ou teoria do conhecimento, o Racionalismo foi uma perspectiva cultural global. Foi uma das correntes filosófico-científicas do homem da Idade Moderna.

Para o Racionalismo, o homem pode chegar pela razão, a verdades de valor absoluto. Seja a partir de fatos, os quais, ultrapassando a mera força dos sentidos, o homem pode, com a força da razão, abstrair e atingir condições transcendentais do mundo; seja a partir da pura intuição, que prescinde dos fatos.

O que o Racionalismo buscava, na verdade, era conhecer a essência. Por isso, não se prendia aos fatos ou ao mundo sensível, mas afirmava que a razão humana poderia transcender e chegar ao conhecimento de realidades transcendentes. Pela força da abstração e das concatenações racionais.

Essa corrente se aproximava, assim, da metafísica, de Platão. Não se pode, entretanto, incorrer no erro de achar que o Racionalismo é apenas uma corrente teórica. Ao contrário, terá conseqüências também na ética e, mesmo, na política como veremos a seguir. Procuraremos também fazer a relação entre o Racionalismo e a Fé, mostrando como seus principais expoentes, Descartes, Kant e Hegel, trataram da problemática acerca de Deus e da religião, tema central das discussões filosóficas medievais, agora com as contribuições do homem moderno.

1. Contexto Histórico do Racionalismo

Ao longo de toda a história do conhecimento humano e da Humanidade em si, vê-se que o homem sempre tentou compreender o mundo que o cercava. Desde o mito até a atual era da técnica, esse é um problema longe de ser esgotado.

Das cosmogonias e cosmologias gregas chegou-se ao Cristianismo Ocidental medieval. Nesses 10 séculos, sob a hegemonia da Igreja Católica, a Teologia estava em voga e tinha ao seu serviço a Filosofia. A concepção de mundo do homem medieval era teocêntrica e profundamente marcada pela religiosidade, ainda que nem sempre fosse aquela oficial ditada pela Igreja, haja vista que o povo simples camponês, não entendia o culto oficial e, portanto, criava o seu próprio, com mitos, superstições etc.

Entretanto as coisas começaram a mudar e já entre os séculos XIV e XV se percebia que o feudalismo entrava em crise, por razões que não nos cabe analisar aqui. O fato é que, a Idade Média Ocidental compreende aquele período de mais ou menos 10 séculos, entre a queda de Roma e a queda de Constantinopla. Predominava a Igreja, o feudalismo era o sistema que organizava a sociedade em si, herdara-se a Filosofia grega, o direito e o idioma romanos.

Falar de declínio do período medieval, não é falar, portanto, de declínio só de um dos aspectos acima. A queda do sistema feudal foi se dando por mudanças no homem e na sociedade (ao mesmo tempo em que também gerava essas mudanças), o que afetou também a hegemonia clerical.

Como acontecera na Grécia Antiga, o homem precisava agora de outras explicações para a realidade à sua volta. Com o advento das Grandes Navegações, os horizontes se expandiam. O comércio foi refervilhando aos poucos, possibilitou-se o acesso a outras culturas através de suas obras literárias, que foram sendo traduzidas. A Grécia Clássica era redescoberta e as artes sofriam efervescência. Claro que tudo isso com o patrocínio da burguesia, que queria ascender, primeiro socialmente, depois politicamente, não só com benefícios, mas com participação (se não, com detenção mesmo) do poder.

As mudanças queridas, patrocinadas e efetivadas pela burguesia foram se dando aos poucos. Nada disso aconteceu de uma hora para outra, mas com o passar das décadas e dos séculos, culminando na Revolução Francesa.

Outro aspecto a ser ressaltado é que, essa mudança de mentalidade, acarretou mudanças em todas as esferas da sociedade. Das cinzas do Feudalismo, foi se configurando o Capitalismo. Da hegemonia da Igreja Católica, veio o cisma do Ocidente. A nova ética protestante casava muito bem com o espírito do capitalismo e, portanto, com o ideal da burguesia.

Pela própria índole do Capitalismo, a expansão dos mercados era necessária. Era mister que houvesse um espírito aventureiro e científico que possibilitasse a concretização do que se almejava. O homem voltou a ser o centro e a medida das coisas. Era o que pregava o Racionalismo. Não se pode, entretanto, presumir que com isso se nega Deus. Ao contrário, a raiz desse movimento ainda se encontrava na Idade Média. Ele assemelha-se mais à metafísica que ao Empirismo nesse ponto. O próprio Descartes, tido como o pai do Racionalismo, vai procurar justamente afirmar e provar a existência de Deus.

Também não se pode confundir o Racionalismo com o pensamento medieval. A diferença está justamente no sujeito. O Racionalismo devido ao contexto histórico no qual ocorre, procura olhar o mundo com a razão, já não mais dependente da Fé como no período medieval, mas confiando mais no ser humano e suas potencialidades: o enfoque é antropológico. O que se busca não é negar Deus, e sim afirmar o homem, enquanto ser diferente e superior aos demais, porque racional.

2. René Descartes

2.1 A vida

René Descartes nasceu em 1596 e morreu em 1650. Era católico convicto. Por isso, o que pretende é a fundamentação filosófica para uma ordem sócio-política que não findasse num ateísmo ou materialismo. Essa fundamentação tinha de ser filosófica porque, com o cisma no Cristianismo, já não poderia mais ser puramente pela fé.

Descartes recebeu educação escolástica no Colégio Jesuíta La Fleche. Se mais tarde, duvidou de tudo e de todos, não vai, em momento algum, renegar seus preceptores, ou sua Fé e sua religião. O que ele busca é justamente afirmar isso com uma certeza absoluta, coisa que não se tinha conseguido até então. O problema está, pois, no método.

2.2 O método cartesiano

Se o Discurso do Método:

“parecer demasiado longo para ser lido de uma só vez, poder-se-á dividi-lo em seis partes. E, na primeira, encontrar-se-ão diversas considerações atinentes às ciências. Na segunda. As principais regras do método que o Autor buscou. Na terceira,

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