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HIPERACTIVIDADE: NOVOS SINTOMAS DE ORDEM E TRATAMENTO

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Por:   •  23/6/2014  •  Projeto de pesquisa  •  2.491 Palavras (10 Páginas)  •  343 Visualizações

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HIPERATIVIDADE: NOVOS SINTOMAS DE ORDEM E DESORDEM

Simone Bianchi

D.E.A. pelo Département de Psychanalyse de Paris VIII

Especialista em Psicanálise - UFF

Psicanalista, correspondente da EBP-Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Brasil

sincaroch@hotmail.com

Resumo

Em conseqüência das transformações na família que decorrem dos

efeitos do discurso da ciência, tais como, o apagamento da diferença

sexual e o declínio do Nome-do-pai, encontramos a hiperatividade como

um novo sintoma na clínica com as crianças.

Palavras-chave: sintoma, significante, objeto, gozo.

HYPERACTIVITY: NEW SYMPTOMS TO ORDER AND DISORDER

Abstract

Due to the transformations in family from science guideline effects such

as erasing of sexual difference and the decline of the Name of the

Father, we find hyperactivity as a new symptom in treating children.

Keywords: Symptom, significant, object, joy.

Introdução

Hoje, nos deparamos com a criação de uma nova sintomatologia

psiquiátrica: a hiperatividade. Originalmente a psiquiatria a classificou como

um distúrbio do comportamento, designando-o como uma “agitação”.

Assim, temos uma aproximação de dois termos: agitação e hiperatividade.

Trata-se de um corpo vivente onde o movimento do sujeito é considerado

desordenado ao olhar do observador. No entanto, é preciso fazer uma

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distinção entre esses dois termos na clínica. O primeiro refere-se à clínica

do olhar, e necessita de um Outro consistente, Outro da lei que reconheça o

sujeito agitado. Existe aí um julgamento de valor, que incide sobre a

distinção entre os comportamentos socialmente apropriados e aqueles que

são impróprios. O segundo também se refere à clínica do olhar, mas

comporta uma nova segregação em nome da ciência. O hiperativo não é

somente um agitado, mal-comportado. O hiperativo é um quadro clínico e

como tal destitui o Outro consistente da lei, substituindo-o pelo novo

“homem sem qualidades”,1 o indivíduo estatisticamente padrão. A ciência

moderna busca enquadrar os sujeitos, a partir de uma norma do

comportamento ditada pelos estudos estatísticos, comparativos, que não se

importam com a singularidade. Assim, a criança hiperativa é identificada

por um comportamento fora da norma, pois a ciência quantifica seu

comportamento e estabelece que se trata de um sintoma que desvia do

normal.

A partir dos anos vinte, a escola francesa de psiquiatria composta por Henri

Wallon, Julian de Ajuriaguerra, Serge Lebovici, René Diatkine e Michel

Soulé, propõe-nos a noção de “instabilidade motora”. Para esses autores, a

hiperatividade é uma manifestação sintomática de um comportamento

ansioso; ou uma defesa maníaca frente à depressão baseando-se no

conceito kleiniano. A escola anglo-saxônica escolhe uma concepção

neurológica e generaliza o uso do termo hiperatividade, que inicialmente

designava os comportamentos oriundos das seqüelas das encefalites. Sua

hipótese orgânica eleva o distúrbio à mesma dimensão das lesões cerebrais,

um disfuncionamento cerebral, o que os leva a fazer uso da substância

anfetamina para tratá-lo. Nos Estados Unidos já foram publicados diversos

artigos, apontando a eficácia do tratamento com esta substância em

crianças. O DSM III e IV propõe a terminologia “Transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade”, o que abre a possibilidade de que ele seja tratado

pelo cognitivismo comportamental. Inicialmente esse transtorno era isolado,

mas hoje em dia ele é associado a outros, tais como o transtorno da

aprendizagem, da linguagem, do comportamento e da ansiedade.

A pantomima do sujeito

Podemos nos perguntar: qual é o parceiro do sujeito hiperativo? O olhar

que o vigia, o avalia e o classifica? Ou um discurso que ele ignora? Partimos

da hipótese de que a hiperatividade, chamada pelo behaviorista de distúrbio

do comportamento, seja a pantomima de um texto à espera de ser lido. As

terapias cognitivas comportamentais visam o retorno da ordem dos

distúrbios do comportamento, onde o corpo aparece com a capacidade

instintual de adaptação a ser reeducado. O behaviorista, aliando-se ao

discurso do mestre, pretende ter uma solução para a provocação do

comportamento, foracluindo um além da psique. Para nós, a hiperatividade

é uma resposta do sujeito frente à insegurança linguageira que enrijece

desde seu encontro com o buraco da significação da língua,

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