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Língua De Sinais

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Por:   •  28/10/2013  •  8.414 Palavras (34 Páginas)  •  658 Visualizações

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Universidade Federal de Santa Catarina

Licenciatura e Bacharelado em Letras-Libras na Modalidade a Distância

Ronice Muller de Quadros

Aline Lemos Pizzio

Patrícia Luiza Ferreira Rezende

Língua Brasileira de

Sinais I

Florianópolis

2009

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS I

1. ORGANIZAÇÃO CEREBRAL NO USO DA LINGUAGEM

Textos obrigatórios para a análise deste conteúdo:

RODRIGUES, N. Organização neural da linguagem. Em Língua de sinais e educação

do surdo. Eds. Moura,M. C.; LODI, a. C. e PEREIRA, M. C. Sociedade Brasileira

de Neuropsicologia. SBNp. São Paulo. 1993.

EMMOREY, K.; BELLUGI, U. & KLIMA, E. Organização neural da língua de sinais.

Em Língua de sinais e educação do surdo. Eds. Moura,M. C.; LODI, a. C. e

PEREIRA, M. C. Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. SBNp. São Paulo. 1993.

Segundo BELLUGI et. al. (1989), estudos sobre a organização cerebral indicam

que o hemisfério esquerdo é o responsável pelo processamento de informações

lingüísticas no modo auditivo-oral e que esta capacidade de analisar os sons é

determinante para este hemisfério ser o responsável pela linguagem. Já o hemisfério

direito é o responsável pelo processamento visual-espacial. Com base no exposto acima,

é possível questionarmos se o hemisfério esquerdo é restrito para a língua falada ou se é

a base de uma representação abstrata da forma lingüística, independente da modalidade.

Além disso, as mudanças que a experiência lingüística causa na percepção dos sons e

dos movimentos sugere que o uso da linguagem deve provocar grandes efeitos na

organização cerebral, inclusive que esta deve ser diferente para as línguas de sinais e

para as línguas faladas. Então, a pergunta que se faz é: Qual a relação existente entre os

hemisférios cerebrais e a língua de sinais?

Uma das formas de se aprofundar as especificidades de cada hemisfério é

através do estudo dos distúrbios da linguagem causados por lesão no cérebro, devido a

um AVC (acidente vascular cerebral) ou a um trauma. Os danos causados no hemisfério

esquerdo podem gerar transtornos na linguagem oral (afasia), enquanto os danos

causados no hemisfério direito normalmente não têm efeito sobre o uso da linguagem,

mas causam dificuldades na percepção espacial, sugerindo então que esta seja uma

especificidade deste hemisfério.

Sendo assim, a pergunta que se faz, conforme visto anteriormente, é se o

hemisfério esquerdo é responsável apenas pelas línguas faladas ou, ao contrário, é a

base de uma representação mais abstrata da forma lingüística, independentemente da

modalidade em que a linguagem é transmitida. Para respondê-la, BELLUGI et. al.

(1989) resolvem investigar na ASL como as funções dos dois hemisférios são

organizadas em sinalizantes surdos. Já que o hemisfério esquerdo em ouvintes é

responsável pela função lingüística e o direito pelas funções visual-espaciais, é esperado

que nas línguas de sinais haja uma combinação de ambos os hemisférios para uso destas

capacidades.

Desta forma, os pesquisadores desenvolveram um conjunto de provas

experimentais para investigar a capacidade visual-espacial bem como níveis específicos

de processamento lingüístico para as línguas de sinais. Com isso, eles pretendiam

determinar se um usuário da ASL com lesão cerebral e dificuldades em sinalizar

apresenta tais dificuldades devido a um problema lingüístico, ao uso de símbolos ou ao

controle de movimentos. Para este estudo, foram utilizados sinalizantes surdos que

apresentavam lesão no hemisfério esquerdo e outros com lesão no hemisfério direito do

cérebro.

Os resultados encontrados foram muito interessantes. Os pacientes surdos com

lesão no hemisfério direito, mesmo com uma lesão extensa, não apresentaram

deterioração no seu uso de língua de sinais. Eles se mostraram fluentes, com gramática

estruturada e raros erros de sinalização. Entretanto, apesar da linguagem preservada,

eles mostraram déficits no processamento de relações espaciais não-lingüísticas (como

descrever a organização dos objetos em um aposento). Desta forma, o hemisfério direito

não é responsável pela língua de sinais, apesar de ser responsável pelas relações visualespaciais.

O que se percebe é que a representação mental para relações espaciais entre

objetos reais é diferente daquela organização espacial para conceitos gramaticais

abstratos.

Em contrapartida, os pacientes surdos com lesão no hemisfério esquerdo

apresentaram um bom desempenho nos testes de

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