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Mulheres Camponesas: Identidades que resistem

Por:   •  28/3/2019  •  Artigo  •  740 Palavras (3 Páginas)  •  131 Visualizações

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Mulheres camponesas: Identidades que resistem

Mariana Luciano Afonso[1]

Resumo: Este artigo é fruto de pesquisa realizada com mulheres camponesas de um assentamento rural da região de Sorocaba - SP. O assentamento é oriundo de reforma agrária e organizado pelo MST. O objetivo deste artigo é investigar identidades das mulheres camponesas após inserção no MST, associando-as às modalidades de vivência que emergem, no assentamento, no cotidiano das pessoas. O contexto rural brasileiro caracteriza-se, historicamente, pelo domínio dos latifúndios. Este domínio provocou e provoca êxodo rural e violência contra os povos do campo e das florestas. Neste contexto, a existência dos povos indígenas e camponeses configura-se como ato de resistência. Esta resistência é potencializada quando acompanha a preocupação em preservar e transmitir seus territórios e identidades. Essa preocupação tem se mostrado fortemente presente no MST, justificando a investigação relatada. A pesquisa teve como foco as mulheres camponesas em razão da situação especial de vulnerabilidade em que se encontram, em decorrência da desigualdade de gênero. A investigação se deu por realização de entrevistas semiestruturadas e observações diretas. O referencial teórico utilizado foi a Teoria das Representações Sociais. Conclui-se que apesar de ainda permanecerem desigualdades de gênero no assentamento, ocorre um processo de ressignificação positiva da identidade feminina e fortalecimento da identidade camponesa.

Palavras-chave: Mulheres camponesas; Identidade; Resistência; Comunidade; Movimento social.

Introdução

Este artigo é fruto de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com mulheres camponesas de um assentamento rural da região de Sorocaba - SP. O assentamento em questão é oriundo de reforma agrária e organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O objetivo deste artigo é explorar os processos de reconstrução das identidades de mulheres camponesas após inserção no MST, associando-as às modalidades de vivência que emergem, no assentamento, no cotidiano das pessoas.

O contexto rural brasileiro caracteriza-se, historicamente, pelo domínio dos latifúndios. De modo que, também historicamente, este domínio e a expansão dos latifúndios, acompanhado do agronegócio, provocou e provoca êxodo rural e violência contra os povos do campo e das florestas.

Como exemplos extremos da violência contra essas populações, pode-se citar desde o caso recente de assassinato massivo dos Guarani-Kaiowá desde os últimos anos no Mato Grosso do Sul (ANISTIA INTERNACIONAL, 2015), em relação aos povos das florestas; até o massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996, assim como os mais de 200 assassinatos silenciosos de camponeses só no estado do Pará que o seguiram desde então (CARTA CAPITAL, 2015; MST, 2015) em relação aos povos do campo.

Apesar de suas particularidades, ambos os casos contam com algumas características essenciais em comum: Foram empreendidos por fazendeiros, pistoleiros e/ou policiais a serviço da manutenção e expansão do latifúndio e do agronegócio; Justamente por serem realizados por segmentos politica e economicamente poderosos permanecem, em grande parte, sem punição; Têm como cúmplice a violência institucional do Estado, que não realiza demarcação das terras indígenas, no primeiro caso, nem reforma agrária, no segundo; Por tratarem-se de casos muito extremos de violência, ganharam atenção midiática, o que pode dar a impressão de que se tratam de casos isolados quando ambos, no entanto, vêm acompanhados de inúmeras situações invisibilizadas de violências cotidianas contra os povos dos campos e das florestas.

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