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O GRAFO DO DESEJO

Por:   •  1/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.358 Palavras (6 Páginas)  •  250 Visualizações

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O GRAFO DO DESEJO

Lacan, em O Seminário, Livro 5: As formações do inconsciente (1957-1958), pela primeira vez utilizando-se do grafo do desejo, aborda a constituição do sujeito. Com este grafo, busca situar onde está o desejo em relação ao sujeito definido por sua articulação pelo significante (LACAN, 1960).  O grafo do desejo foi minunciosamente trabalhado em seu seminário seguinte, O desejo e sua interpretação (1958-1959) e, e posteriormente, formalizado em seu texto Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano (1960).

No início da Lição de 29 de Janeiro de 1958, antes de apresentar o grafo, Lacan situa o falo como um objeto metonímico, eixo de toda dialética subjetiva. Esta relação entre o falo e a metonímia, Lacan explicita melhor no final de seu Seminário 8: A transferência (1960-1961). Ao considerar, na metonímia, um para-além da definição gramatical da “parte pelo todo”, destaca sua outra face: a de evidenciar o que não está lá. Trata-se do falo enquanto objeto parcial que não presentifica a parte, mas sua ausência.

O falo, segundo Lacan (1957-1958, p. 206) “desempenha um papel fundamental na estruturação subjetiva da mãe e pode achar-se em diferentes estados como objeto”. Em suma, a mãe deseja o falo e, é na medida em que a criança assume inicialmente o desejo do Outro materno, que há, em um primeiro momento, uma identificação com este objeto (LACAN, 1957-195).

Na primeira etapa da construção do grafo, considera-se que ainda não há um eu diferenciado, embora presente no discurso, como, também, o falo ainda não se constituiu para a criança. (O [eu]) latente no discurso da criança deve, então, constituir-se no nível do Outro materno (D), recebendo a mensagem bruta de seu desejo (M) e identificando-se com (o objeto) da mãe.

Cabe destacar que, há no desejo do Outro materno algo impossível de ser nomeado, de ser simbolizado, que a criança seja o seu próprio falo. Por isso, Lacan (1958-1959) define este desejo como obscuro e opaco - e o sujeito, diante deste desejo, encontra-se sem recursos (LACAN, 1958-1959).

Contudo, se o homem - ou outra coisa qualquer - interessa à mãe, ela libera a criança de ter que ser tudo para ela. Chegamos agora na segunda etapa da construção do grafo, em que há a entrada do terceiro, o significante nome-do-pai, na medida em que este é introduzido pelo Outro materno no discurso.                                                 

A fala do pai - que podemos entender como tudo o que for para além do desejo da mãe em relação ao filho - intervém no discurso da mãe. A criança recebe então como mensagem – em M – uma proibição, um Não. Lacan nos diz: “[...] é na medida em que o objeto do desejo da mãe é tocado pela proibição paterna que o círculo não se fecha completamente em torno da criança e ela não se torna, pura e simplesmente, objeto do desejo da mãe” (LACAN, 1957-1958, p. 210).  

Onde se precipita a demanda, há um além. O desejo se inscreve como um corte na demanda, um corte no gozo que a demanda veicula, o gozo mortífero de ser tudo para o outro. Com efeito, O desejo está para além das necessidades da demanda. O sujeito responde a pergunta “O que queres tu de mim?” com o desejo.

O GRAFO COMPLETO

Lacan, em seu texto Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano (1960), nos apresenta o grafo completo, cujas etapas de constrição descreve de forma minuciosa em seu Seminário 6: O desejo e sua interpretação (1958-1959).

Enquanto s(A) é para o sujeito “uma pura e simples significação, assumida, clara e transparente” (1958-1959, p. 200), S(A barrado), o significante da falta do Outro, é algo fechado, enigmático, da ordem do significante enquanto tal. O objeto de desejo está entre estes dois polos.

O percurso do desejo começa à direita, na extremidade Δ, passando pela mensagem S(A barrado), indo para o nível do código ($ΔD) voltando para o desejo, d, e, dali, para a fantasia ($Δa). Neste sentido, o desejo flutua para algum lugar além do Outro, mas, contudo, não deixa de estar submetido a certa regulação, retornando da mensagem inconsciente em direção a mensagem do Outro no plano imaginário s(A). E esta linha se detém, no meio do caminho por ($Δa), “pois será a fantasia que irá regular a altura de fixação do desejo, que determinará sua situação” (LACAN, 1958-1959, p. 308).

O que define a fantasia é a relação do sujeito falante, barrado, com o outro imaginário. Afinal, é o imaginário que permite ao sujeito lidar com o seu desamparo frente ao desejo do outro: “o sujeito se defende com seu eu” (LACAN, 1958-1959, p. 28). Mas não se trata apenas da experiência especular, pois o que o sujeito reflete “é ele mesmo como sujeito falante” (LACAN, 1958-1959, p. 26). Lembremos que na metáfora ou esquema do espelho, o espelho é o Outro. Logo, sem a entrada no simbólico, não há unidade do eu. Lacan nos diz:

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