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PERCEPÇÕES AUDITIVAS PADRÃO: O SOM COMO INFORMAÇÃO

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Por:   •  11/8/2014  •  6.089 Palavras (25 Páginas)  •  433 Visualizações

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PERCEPÇÕES AUDITIVAS PADRÃO:

O SOM COMO INFORMAÇÃO

Dentre os cinco sentidos, a visão e a audição são os dois mais estudados. Veremos aqui o quanto a emissão e recepção do som, permite uma maneira de comunicação importante para uma grande parte dos animais. Os sons da natureza são informações que nos capacitam para as percepções espaciais de localização e de fontes emissoras. No entanto existem duas habilidades de percepção do som que diferenciam o homem das outras espécies animais: a percepção da música e a percepção de fala. A capacidade humana de quantidade e qualidade vocal-auditivo supera em muito a comunicação das outras espécies através do som.

Quanto ao caminho auditivo e as estruturas centrais, até aqui o sistema auditivo foi descrito como sendo uma só unidade, devemos observar que uma orelha é a apenas a metade do aparelho auditivo. Nossas orelhas não funcionam independentemente uma da outra, elas interagem tanto de maneira neural quanto comportamental. É preciso compreender esta interação para compreendermos as conseqüências funcionais da audição. Sendo assim iremos rever alguns aspectos físicos da audição assinalados anteriormente. A interação dos aspectos mecânicos e de estrutura vistos até aqui, relacionados com a parte neural que veremos a seguir tem uma importância funcional especial, pois permitem a localização do som e a comunicação.

As conexões neurais entre a orelha e o cérebro, passam pelo nervo auditivo, onde suas fibras seguem fazendo conexões em diversos núcleos ao longo do nervo até chegar ao cérebro. Este caminho inicia-se na orelha interna – a cóclea (onde o estímulo auditivo é transformado em estimulo elétrico), passando em primeiro pelo núcleo coclear que fica na base da parte posterior do cérebro. A saída da informação do núcleo coclear tanto pode cruzar no sentido do hemisfério oposto quanto permanecer seguindo o caminho no sentido do mesmo hemisfério. Cada núcleo coclear envia algumas fibras nervosas auditivas ao núcleo olivar do mesmo lado (ipsilateral 40%) ou na sua maioria cruzando para o lado oposto (contralateral 60%). Ressaltando que a maioria das conexões neurais do corpo acontece de forma cruzada. O núcleo olivar ao receber as informações das duas orelhas, pode comparar estes estímulos binaurais (duas orelhas). Portanto informações vindas de cada cóclea, de cada núcleo coclear caminham como mensagens neurais binaural indo para o colículo inferior. No colículo inferior outro cruzamento de fibras acontece, de maneira que cada colículo inferior receba sinais auditivos de cada orelha garantindo que estes sinais nervosos sejam representados em ambos os caminhos em direção ao cérebro. A partir dos dois colículos inferiores, os sinais neurais caminham até chegar ao Núcleo Geniculado Medial no tálamo, e do tálamo as fibras se projetam para o córtex auditivo no lobo temporal (em cada hemisfério cerebral), alguns neurônios a partir de cada núcleo geniculado medial também se projetam até o colículo superior que funciona como centro integrador de processamento de sinais visuais e auditivos para a localização dos objetos.

Observa-se dentro do córtex auditivo uma organização tonotópica, ou seja, uma relação sistemática e ordenada entre os neurônios e as freqüências dos sons aos quais eles são sensíveis. Neurônios que são sensíveis a freqüências semelhantes ficam próximos uns dos outros, formando um mapa espacial de freqüência representado no córtex auditivo.

Quanto ao córtex auditivo a predominância é pelas fibras cruzadas. Cada orelha é mais bem representada no hemisfério oposto do cérebro, já que no córtex auditivo predominam as fibras de caminhos cruzados. Desta forma um estímulo sonoro recebido num lado do corpo resulta em atividade no córtex auditivo do lado oposto. Ainda encontramos outra diferença nos caminhos auditivos: de processamento e da percepção de certos sons. Os hemisférios direito e esquerdo têm predominâncias diferentes, principalmente o córtex auditivo de cada hemisfério. Nos seus funcionamentos ambos os lados se complementam e se coordenam mutuamente. No entanto cada hemisfério é mais especializado do que o outro em certos processamentos e tarefas perceptuais, chamamos a esta especialização de dominância cerebral. Descobriu-se em diversos estudos que o córtex auditivo do hemisfério esquerdo (orelha direita) domina o processamento e percepção da fala e estímulos ligados a linguagem. Já o córtex auditivo do hemisfério direito (orelha esquerda) domina o processamento numa dimensão integral, percepções de informações espaciais, certos sons não verbais e a música.

As predominâncias entre lado direito e esquerdo do córtex auditivo são observadas através da técnica de escuta dicotônica, que são estimulações transmitidas simultaneamente a cada orelha para verificação e estudo do processamento destes estímulos sonoros. Com a utilização desta técnica, observou-se que sons alfanuméricos e de fala quando são apresentados simultaneamente à orelha direita e esquerda, são identificados com mais exatidão pela orelha direita (córtex esquerdo) do que pela orelha esquerda (córtex direito). A verificação contrária mostrou-se verdadeira, ou seja, sons musicais apresentados simultaneamente às duas orelhas, os sons que chegam à orelha esquerda (córtex direito) têm tempos de reações mais rápidos e as melodias são bem mais lembradas do que na orelha direita. Além da música, a orelha esquerda mostrou-se dominante também para sons não verbais como gritos, suspiros e risadas, assim como para ruídos ambientais como toques de telefone, latidos de cães, tique-taques de relógio. Esta predominância ocorre desde a primeira infância no desenvolvimento da linguagem.

Segundo Corina et al. (1992 apud SCHIFFMAN, 2005), portadores de surdez também demonstram esta mesma predominância do hemisfério esquerdo para processar estímulos da fala e quando expressam na língua dos sinais e não pela fala, o fazem com predominância com a mão direita (controlada principalmente pelo hemisfério esquerdo), já sinais não lingüísticos (tchau...) não se observa predominância da mão direita.

No entanto, não devemos simplificar dizendo que a orelha direita discrimina a fala e a orelha esquerda a música e informações espaciais. Mas sim, que o hemisfério esquerdo realiza processamento mais detalhado, analítico e seqüencial, favorecendo a interpretação de informações verbais; e o hemisfério direito realiza processamento mais integrativo e holístico, favorecendo a interpretação de informações espaciais e da música.

Constatou-se, no entanto que músicos profissionais

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