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PRAZER E SOFRIMENTO DE MULHERES EM CARGOS DE GESTÃO NO ENSINO SUPERIOR

Por:   •  9/6/2020  •  Artigo  •  6.810 Palavras (28 Páginas)  •  163 Visualizações

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Prazer e sofrimento de mulheres em cargos de gestão no ensino superior

Pleasure and suffering of women in management positions in higher education

Resumo: objetivou-se compreender e analisar as vivências de prazer e sofrimento entre mulheres que atuam em cargos de gestão no ensino superior à luz do referencial da Psicodinâmica do Trabalho. Trata-se de um estudo de caso, quali-quantitativo, no qual participaram 34 mulheres gestoras que responderam um Questionário para Levantamento Sociodemográfico e a Avaliação de Prazer e Sofrimento no Trabalho, das quais sete responderam a uma entrevista. Os dados quantitativos foram submetidos à estatística descritiva e analítica e os qualitativos à Análise de Conteúdo. Predominaram gestoras com média de 40,3 anos, com companheiro e filhos, com média de cinco anos de atuação em cargos de gestão. Evidenciou-se que enfrentam na gestão um cenário de sobrecarga quando associado às demandas da docência (p<0,05), relação entre o número de sintomas físicos e/ou emocionais com o escore de sobrecarga e estresse (rs=0,471; p=0,005). O sofrimento no trabalho potencializado também pela falta de reconhecimento. O prazer foi associado à identificação com o trabalho, realização, satisfação, motivação profissional e ao sentimento de superação. Houve associação entre o tempo atual no cargo com o escore de liberdade e confiança para falar sobre o trabalho com os colegas (rs=0,348; p=0,043) e o escore de cooperação e solidariedade entre estes (rs=0,375; p=0,029). Os achados ressaltam a magnitude das estratégias institucionais para reduzir o desgaste destas profissionais e promover o prazer no trabalho, bem como para o fenômeno do Teto de Vidro imposto às mulheres no cenário da gestão.

Descritores: Saúde do trabalhador; Trabalho feminino; Organização do Trabalho; Educação Superior.

Abstract: the goal was to understand and analyze the experiences of pleasure and suffering among women who perform higher education management positions according to Psychodynamics of Work. This is a qualitative and quantitative case study, in which 34 women participated, answering a questionnaire for Sociodemographic Survey and the Evaluation of Pleasure and Suffering at Work, and seven of them answered an interview. The quantitative data was submitted to descriptive and analytical statistics and the qualitative to Content Analysis. Mostly were managers with an average of 40.3 years old, with partners and children, with an average of five years in management positions. It was evidenced that they face a scenario of overload when associated with the teaching demands (p <0,05), relation between the numbers of physical and/or emotional symptoms with overload and stress score (rs= 0,471; p=0,005). Suffering at work is also potentialize by the lack of recognition. Pleasure was associated to identification with work, achievement, satisfaction, professional motivation, and the feeling of overcoming. There was association between the current time at the position with the liberty and trust score to talk about the job to colleagues (rs=0,348; p=0,043) and the cooperation and solidarity score between them (rs=0,375; p=0,029). The results show the importance of institutional strategies to decrease these professionals weakening and promote pleasure at work, as well as the Glass Ceiling phenomenon imposed to women in the management scenario.

Descriptores: Worker's health; Working women; Work organization; Higher education.

Resumen: se objetivó comprender y analizar las vivencias de placer y sufrimiento entre mujeres que actúan en cargos de gestión en la enseñanza superior a la luz del referencial de la Psicodinámica del Trabajo. Se trata de un estudio de caso, cuantitativo, en el que participaron 34 mujeres que respondieron un cuestionario para el levantamiento sociodemográfico y la evaluación del placer y el sufrimiento en el trabajo, de las cuales siete respondieron a una entrevista. Los datos cuantitativos fueron sometidos a la estadística descriptiva y analítica y los cualitativos al Análisis de Contenido. Predominaron gestoras con promedio de 40,3 años, con compañero e hijos, con promedio de cinco años de actuación en cargos de gestión. Se evidenció que afrontan en la gestión un escenario de sobrecarga cuando asociado a las demandas de la docencia (p <0,05), relación entre el número de síntomas físicos y / o emocionales con la puntuación de sobrecarga y estrés (rs = 0,471, p = 0,005). El sufrimiento en el trabajo potencializado también por la falta de reconocimiento. El placer se asoció a la identificación con el trabajo, realización, satisfacción, motivación profesional y el sentimiento de superación. En el presente trabajo se analizó entre el tiempo actual en el cargo con la puntuación de liberdad y confianza para hablar sobre el trabajo con los colegas (rs=0,348, p=0,043) y la puntuación de cooperación y solidaridad entre éstos (rs=0,375; p=0,029).Los hallazgos resaltan la magnitud de las estrategias institucionales para reducir el desgaste de estas profesionales y promover el placer en el trabajo, así como para el fenómeno del Techo de Vidrio impuesto a las mujeres en el escenario de la gestión

Descriptores:Salud del trabajador; Trabajo de Mujeres; Organización del trabajo; Educación universitaria

INTRODUÇÃO

Observa-se que a inserção feminina no mercado de trabalho, mesmo expressiva, não aconteceu de forma igualitária em todos os níveis hierárquicos dentro das organizações. Segundo o relatório La mujer en la gestión empresarial, emitido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2015), influências de normas culturais, religiosas e sociais que perpassam séculos permanecem enraizadas nas culturas apesar das transformações ocorridas na sociedade. Na ótica da Psicodinâmica (DEJOURS, 2008) as relações de dominação no trabalho estão constantemente articuladas com a dominação das mulheres pelos homens. Além das relações desiguais, para Dejours (2008) o saber-fazer das mulheres é historicamente desqualificado principalmente através da naturalização das competências femininas. Além desta desvalorização, frequentemente aos homens cabem as tarefas mais qualificadas, mais gratificantes e melhor remuneradas.

Mesmo com estas dificuldades, nas últimas décadas, observam-se alterações no lugar ocupado pelas mulheres na sociedade. Até o ano de 2015 estas ocupavam 40% dos postos de trabalho no mundo e segundo a OIT, a crescente participação destas no mercado tem sido o principal motor do crescimento e da competitividade mundial (OIT, 2015).

Contudo, ao longo das últimas décadas, as mulheres agregaram a sua trajetória maior conhecimento e escolaridade. No Brasil, mulheres de entre 25 a 44 anos, com ensino superior completo representam 21,5% em quanto homens com esta mesma escolaridade são 15,6%, (IBGE, 2018). Este fenômeno se repete na maioria das regiões do mundo em que as mulheres alcançaram a paridade ou a ampliação na obtenção de diplomas universitários em nível de graduação e mestrado (OIT, 2015). Neste contexto de vida das mulheres brasileiras, as questões de dupla jornada e o acúmulo de funções devido ao trabalho doméstico não remunerado é um marcador de gênero e é igualmente sentido por mulheres brancas e negras, de baixa ou alta renda, com ou sem filhos, mulheres chefes de família e com companheiros inativos no mercado de trabalho (IPEA, 2016).

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