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Psicologia social do trabalho

Artigo: Psicologia social do trabalho. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  10/9/2014  •  Artigo  •  5.814 Palavras (24 Páginas)  •  452 Visualizações

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O artigo pretende ilustrar a perspectiva de uma psicologia social que se dedica aos estudos do trabalho a partir do cotidiano, âmbito privilegiado dos processos micropolíticos. Após situar a psicologia social do trabalho, examina três exemplos de pesquisa em diferentes contextos (empresas toyotistas, feira livre e cooperativas), nos quais se evidenciam distintos modos de vivenciar o trabalho, de agir e de produzir sentidos. São apontadas as contradições do discurso da flexibilidade e as formas de resistência dos trabalhadores nas empresas toyotistas, descrevem-se os processos organizativos da feira livre, que ocorrem na tensão entre cooperação e competição, e comparam-se as vivências como cooperados pautadas pelas relações cotidianas de trabalho estabelecidas em cooperativas distintas.

Palavras-chave: Psicologia social do trabalho, Cotidiano, Toyotismo, Feira livre, Cooperativismo.

Social psychology of work and everyday life: the experience of workers in different micro-political contexts

This article illustrates the standpoint of a social psychology oriented to investigating work in everyday life as a particular micro-political process. After presenting the social psychology of work, three diverse research contexts are examined – toyotist companies, street market, and cooperatives – in which varied forms of experiencing work, acting and producing meanings stand out. The contradictions contrasts between the discourse on flexibility and the forms of resistance among workers at toyotist companies are highlighted; the organizational processes of the street market characterized by the tension between cooperativeness and competitiveness are featured; and the members' experiences built from everyday work relationships in distinct cooperatives are compared.

Keywords: Social psychology of work, Everyday life, Toyotism, Street market, Cooperativism.

Psicología social del trabajo y cotidiano: la vivencia de trabajadores en diferentes contextos micropolíticos

El artículo pretende ilustrar la perspectiva de una psicología social que se dedica a los estudios del trabajo a partir del cotidiano, ámbito privilegiado de los procesos micropolíticos. Después de ubicar la psicología social del trabajo, examina tres ejemplos de investigación en contextos diferentes (empresas toyotistas, mercados móviles y cooperativas), en los cuales se evidencian diversas formas de vivenciar el trabajo, de actuar y de producir sentidos. Se señalizan las contradicciones del discurso de la flexibilidad y las formas de resistencia de los trabajadores en las empresas toyotistas, se describen los procesos organizativos del mercado móvil, que suceden en la tensión entre cooperación y competición, y se comparan las vivencias como asociados de la cooperativa pautadas por las relaciones cotidianas de trabajo establecidas en cooperativas diferentes.

Palabras clave: Psicología social del trabajo, Cotidiano, Toyotismo, Mercado móvil, Cooperativismo.

1. A psicologia social do trabalho

De acordo com Sato (2003), consolidaram-se no Brasil dois grandes campos teórico-práticos no interior da psicologia, campos que constroem de modos distintos o trabalho humano como objeto. O primeiro “abraça problemas e interesses postos pelo corpo gerencial e pelo capital, articulando-se, por exemplo, com a administração e com a engenharia” (p. 168). O segundo vale-se da leitura da psicologia social – que se articula com as ciências sociais e visa a compreender o trabalho a partir do olhar de quem o vivencia, o trabalhador.

Diferenças de leitura também foram evidenciadas por Spink (1996), que aponta duas tradições de compreensão do que é uma organização. De um lado, uma tradição instrumental, de inspiração gerencial, que compreende a organização como uma estrutura que se apresenta ao psicólogo como fonte de problemas de gestão a serem resolvidos. De outro, a perspectiva de uma psicologia do trabalho que toma a organização um fenômeno psicossocial.

Historicamente, a perspectiva da psicologia vinculada aos interesses empresariais e gerenciais – que teve origem na psicologia industrial da virada para o século XX e é denominada no Brasil e em vários outros países como psicologia organizacional – demarcou o campo da psicologia voltado para as questões do trabalho e dos processos organizativos e permanece hegemônica na atualidade. Ainda que se possam observar mudanças em suas propostas ao longo desse tempo – que levaram essa vertente da psicologia a deixar de ser apenas uma área relacionada à aplicação de técnicas e a incorporar atividades de pesquisa –, tais metamorfoses nas práticas adotadas “não refletem uma guinada em termos de objetivos ou de concepção” (Sato, 2003, p. 168). Isso porque o objetivo continua sendo o de fornecer subsídios para buscar a eficiência e a produtividade.

Por outro lado, na vertente da psicologia social , interessa compreender fenômenos como: “identidade, processos de interação social, processos de percepção e de cognição social e a subjetividade” (Sato, 2003, p. 169). Em geral, tais fenômenos são estudados entre trabalhadores e trabalhadoras, focalizando os momentos da produção e da reprodução em diversos contextos de trabalho. Além de estudos internacionais que se tornaram referências nesse campo (por exemplo, Weil, 1996), temos, no Brasil, estudos importantes, no âmbito da psicologia, que focalizam o universo social, os valores, as trajetórias e as aspirações de trabalhadores e trabalhadoras das classes populares, como os de Rodrigues (1978), Mello (1988) e Fonseca (2000), que têm por objeto a vivência de trabalho e a condição dos trabalhadores na sociedade hierarquizada.

Já o olhar para aspectos relacionados ao conteúdo e à organização dos processos de trabalho que possam trazer conseqüências negativas para os trabalhadores, no caso do Brasil, foi possibilitado por um importante movimento que construiu o campo da saúde do trabalhador, forjado a partir do movimento sindical e dos serviços públicos de saúde (Ribeiro, Lacaz, Dutra & Clemente, 2002; Sato, Lacaz & Bernardo, 2006). A saúde, compreendida como direito e não como recurso necessário à produção, tem sido o mote a partir do qual diversas reivindicações de melhorias das condições de trabalho e de direitos sociais são feitas. Embora emerja no campo da saúde coletiva e das práticas

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