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Psicomotricidade: Um Olhar Descritivo Das Suas Distintas Vertentes.

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Por:   •  18/5/2014  •  6.618 Palavras (27 Páginas)  •  598 Visualizações

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1. PARA INICIAR A PENSAR A COMPLEXIDADE DA PSICOMOTRICIDADE

A Psicomotricidade e as suas diversas nuanças foram tomadas como objeto de reflexão e de estudo neste ensaio. O presente estudo é produto da dedicação e envolvimento dos autores desde larga data em relação ao conhecimento e a práxis da Psicomotricidade. De um lado como professor universitário e pesquisador contínuo da área da Psicomotricidade como prática educativa com crianças de diferentes níveis de desenvolvimento e, por outro lado, na posição de acadêmica do Curso de Educação Física, em exercício intenso de iniciação científica em nível de graduação.

A dinâmica história da Psicomotricidade e as suas contribuições teóricas para diferentes práticas e diferentes formações constituíram-se de um componente instigador para o desenvolvimento de um estudo que possibilita a análise e a reunião destas distintas faces da Psicomotricidade e as suas repercussões ao conhecimento produzido nas diferentes formações acadêmicas iniciais.

A problematização deste estudo pode ser iniciada citando Negrine (1998) estudioso do tema da Psicomotricidade, que assinala esta área como um verdadeiro mosaico de práticas e vertentes teóricas. Em virtude disso, podemos compreender que é natural poder ocorrer dificuldades na compreensão e na exatidão de suas informações e contextualizações históricas entre os acadêmicos de cursos que se aproximam desta necessidade teórica e que dão os seus primeiros passos na formação inicial.

Por compreender que a Educação Física não é constituída somente por exercícios e gestos esportivos técnicos, mas também por movimentos que representam as manifestações do comportamento humano, buscamos estudar o processo da evolução histórica da Psicomotricidade, tentando dar conta das principais correntes, desde o surgimento dos primeiros estudos biomédicos da Psicomotricidade até as concepções mais integralizadoras do movimento.

Adotar a Psicomotricidade como tema de estudo trata-se de uma atividade extremamente complexa e exaustiva. Não queremos repetir o exercício denso e minucioso de Le Camus (1986) ao investigar e descrever detalhadamente a história e as influências da Psicomotricidade nas intervenções corporais com fins reeducativos e terapêuticos. Porém desejamos introduzir o presente ensaio com um sucinto histórico da Psicomotricidade, apresentar as concepções que originaram o termo Psicomotricidade, bem como as suas vertentes atuais. Na seqüência, o estudo procura analisar as características das diferentes abordagens da Psicomotricidade a partir de três grandes vertentes: a Reeducação Psicomotora, a Terapia Psicomotora e a Educação Psicomotora. Finalmente nos propomos em organizar uma reunião de conhecimentos respectivos às três grandes vertentes citadas, como uma contribuição de síntese nesta complexa área.

Atualmente coexistem diversas escolas de distintas vertentes na área da Psicomotricidade. A história da Psicomotricidade nos conta que, por um largo tempo, tratou o ser humano de forma fragmentada, baseada nos princípios fundamentais do dualismo cartesiano, que consistem em separar o corpo e a alma. Descartes (1999) prediz que o corpo é apenas uma coisa externa que não pensa, e que a alma, não participa de nada daquilo que pertence ao corpo. Posteriormente passou-se a considerá-lo em sua totalidade, isto é, o corpo começa a ser visto como uma unidade que expressa sentimentos e emoções que movem suas ações (FALKENBACH, 2002).

Le Camus (1986) explica que a palavra “psicomotor” foi utilizada inicialmente, por volta de 1870, para nominar as regiões do córtex cerebral situadas além das áreas propriamente motoras, onde pode-se operar a junção, ainda misteriosa, entre imagem mental e movimento. Na atualidade o termo passa a ser compreendido como a busca entre a reunião entre as atividades psíquicas e motrizes das crianças.

Negrine (2002) explica que o termo Psicomotricidade originou-se na França, no final do século XIX e no início do século XX. Inicialmente esteve vinculado a estudos de neuropsiquiatria infantil apresentado por Dupré. Os estudos deste neuropsiquiatra abordam a síndrome da debilidade motriz e a síndrome da debilidade mental. Expondo pela primeira vez o que se costumou denominar de Psicomotricidade da criança, verifica-se que, nesta fase, a Psicomotricidade esteve inserida no eixo biomédico. A prática da Psicomotricidade seguia o modelo racionalista e dualista, com ênfase nos aspectos motores do movimento humano.

Levin (1995) explica que a prática psicomotora tem seu início com Edouard Guilmain em 1935. Este médico inicia um novo método que chama de Reeducação Psicomotora. Tal método consistia na aplicação de baterias de testes psicomotores para a avaliação do perfil da criança. Estabelece-se, então, um exame psicomotor padrão e um programa de sessões de acordo com as características dos distúrbios motores que o indivíduo apresenta, orientando as modalidades de intervenção do terapeuta.

Na década de 70, Le Camus cita diferentes autores como: J. Bergès, R. Diatkine, B. Jolivet, C. Launay e S. Lebovici que definem a Psicomotricidade como “uma motricidade em relação” (1986, p. 46). Esta concepção começa a delimitar uma diferença na postura do psicomotricista em relação às posturas racionalistas. Inicia-se um abrandamento da técnica instrumentalista - postura reeducativa -, permitindo maior espaço à relação, à afetividade e ao emocional - postura terapêutica. Começa aqui o surgimento da Terapia Psicomotora.

Os psicomotricistas, agora preocupados com a vida emotiva de seus pacientes, começam a citar vários autores da psicanálise, como S. Freud, M. Klein, D. Winnicott, W. Reich, P. Schilder, J. Lacan, M. Manoni, F. Dolto e Samí Alí. Com isso, surgem novas perspectivas clínicas – teóricas no campo psicomotor (LEVIN, 1995).

Diante de obstáculos que foram encontrados por Lapierre e Aucouturier, com a prática da reeducação psicomotora, surge a necessidade de uma prática educativa que trabalhe e valorize o desenvolvimento das potencialidades da criança, pois, para eles, a reeducação psicomotora estava sendo geradora de insegurança, culpa e ansiedade. Surge aqui à idéia da Educação Psicomotora (AUCOUTURIER e LAPIERRE, 1986).

Segundo Negrine (2002), a Psicomotricidade de cunho educativo deve estar destinada a crianças em idade pré-escolar, pois nesta faixa etária, pode-se buscar diferentes formas de exteriorização corporal, além de explorar diferentes formas de expressão e de comunicação. Permitindo uma rica vivência simbólica, a ação psicopedagógica pode favorecer uma diversidade de estratégias que visam o avanço da comunicação, da exploração

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