Raquel Rodrigues

Filme: “O Discurso do Rei”

Dificuldade da fala

O príncipe Albert, conhecido por sua família como “Bertie” tinha gagueira persistente. O distúrbio iniciou na sua infância, quando tinha quatro anos e o acompanhou por toda sua vida. Albert procurou diversos médicos para tratar sua gagueira, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Sua mulher, a princesa Elizabeth também procurou tratamento para ajudar Albert. Ela encontrou Lionel Logue, um australiano famoso por curar problemas de fala aparentemente impossíveis, mas que não era ortodoxo. Depois de um difícil começo, os dois acabam criando um forte vínculo, que foi imprescindível para o sucesso do Rei. Os exercícios e métodos de Lionel fizeram com que Albert adquirisse autoconfiança para cumprir o seu maior desafio: falar em público.

Aos poucos, o príncipe começou a melhorar a gagueira. Contudo depois da morte de seu pai e da abdicação do trono do Rei Eduardo VIII, seu irmão, Albert é forçado a assumir a coroa, mesmo com seu problema para falar em público. O nome assumido por ele em homenagem a seu pai foi de George VI.

Como a Inglaterra estava à beira de uma guerra, precisava de um líder com voz ativa. Embora os membros que cercavam a família real não viam a intervenção de Lionel com bons olhos, George VI não viu outra saída a não ser retomar a ajuda do antigo mestre para fazer o discurso que seria o mais importante da sua vida: contra as forças de Hitler na Segunda Guerra Mundial. O discurso que seria veiculado no rádio para toda a nação ouvir precisava de uma voz inspiradora que unisse seu povo para a batalha contra os alemães. Assim no final do filme, com o apoio do terapeuta Lionel, George VI se sai muito bem no discurso, é aplaudido por seus súditos que o esperam após a oratória.

O filme traz como ganho o conhecimento sobre a gagueira, e a busca pela diminuição do preconceito contra os que gaguejam. A gagueira é um exemplo de dificuldades no ritmo da fala, conhecido como disfluência. Refere-se à fala produzida com repetições de sílabas, palavras ou conjuntos de palavras, prolongamentos de sons, hesitações, bloqueios, dificuldades para prosseguir a emissão dos sons, mantendo-se a contração muscular inicial. Essas vacilações na fala não são prontamente controláveis e podem ser acompanhadas por outros movimentos e por emoções de natureza negativa, tais como medo, embaraço ou irritação. A gagueira do desenvolvimento surge antes da puberdade, geralmente entre dois e cinco anos de idade, sem dano cerebral aparente ou outra causa conhecida, como observamos no filme. Ela pode tornar a comunicação com outras pessoas difícil, o que frequentemente afeta a qualidade de vida da pessoa.

Como o filme retrata uma época mais antiga, nada se sabia sobre gagueira como fenômeno neurológico, havendo apenas especulações sobre o que a causaria. Mas estudos recentes de imagem cerebral indicam que a gagueira possivelmente tem sua origem nos múltiplos centros cerebrais de linguagem, ainda que se aceite que haja também dificuldades no controle motor da fala. Assim sendo, um meio ambiente acolhedor pode minimizar as manifestações de gagueira, mas não impedir que ela ocorra.

Portanto até o momento, não existe nenhum tratamento que realmente cure a gagueira no sentido de fazer com que ela desapareça