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Rogers sobre liberdade psicológica

Artigo: Rogers sobre liberdade psicológica. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  16/7/2014  •  Artigo  •  1.316 Palavras (6 Páginas)  •  517 Visualizações

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Até onde podemos perceber e avaliar, sabemos que, dadas certas condições psicológicas passíveis de definição e desenvolvimento, o indivíduo cresce enquanto pessoa numa relação facilitadora, quer ela se desenrole a dois, quer se dê num clima de pequeno grupo. Não sabemos se condições diferentes, por ora ignoradas, produziriam efeitos equivalentes ou outros efeitos, considerados mais propícios à plena evolução do ser humano. As condições identificadas por Rogers (957), e cuja definição ainda está sendo reformulada (Rogers, 1975 a), comprovaram amplamente na prática sua eficácia na promoção do crescimento pessoal. Se um clima de real liberdade psicológica permite a percepção mais adequada e o pleno funcionamento da pessoa na situação de entrevista individual, na participação de um pequeno grupo especial, na atividade escolar e em outras situações já descritas, talvez estas mesmas condições facilitadoras pudessem obter o efeito de propiciar o crescimento numa comunidade, num convívio mais prolongado, enfim, numa sociedade. O desejo de verificar a possibilidade da ocorrência de tal efeito está profundamente inserido numa nova área de exploração empreendida por tRogers e por outros que com ele colaboram. O programa fez parte das atividades de 1975 de três organizações sem fins lucrativos, sendo a mais renomada delas o Centro para Estudos da Pessoa (Center for Studies of the Person), do qual é membro Cari Rogers. A forma como este programa se desenvolveu talvez traga à luz indicadores úteis para um dos muitos possíveis futuros que se nos apresentam. Pelo menos, fornece pistas importantes sobre certas tendências da vida social que a estruturação comum não deixa transparecer e cuja força, por isso, não conhecemos.

Assim, estipular uma programação para a quinzena transformou- se numa tarefa em que todos foram envolvidos; Verificou-se, primeiro, um misto de espanto e mal-estar, pois, mesmo que preparados para não encontrar uma programação pronta, na verdade esperávamos ao menos ter alternativas entre as quais pudéssemos optar. Conhecíamos as diversas especializações desta equipe, à que atribuíamos notáveis conhecimentos em atendimento centrado no cliente, em gestáltica, terapia em novos estilos de vida, em trabalhos com grupos, etc. e, sem dúvida, vínhamos prontos a participar “ativamente” de discussões, palestras, demonstrações ou outros afazeres que nos fossem sugeridos. A “não-proposta”, a isenção, a falta de direção — como lidar com elas? Quem tomaria as iniciativas, e o que faríamos se elas fossem diferentes das que teríamos preferido?

Seria utópico pretender aqui um relato pormenorizado dos acontecimentos dessa temporada, por mais tentadora que se afigure tal intenção. Não duvido que seguir o desenrolar reproduzido da experiência seria fascinante e enriquecedor, mas isto requereria a contribuição de um talento e uma memória muito incomuns. Tentarei, no entanto, examinar alguns episódios cuja significância parece definida, e que foram intensamente vividos.

Em mim — e sei que em outros também — a confusão criada por essas discussões preliminares trazia uma profunda angústia. Sentia-me ludibriada, temia voltar de mãos vazia, e buscava desesperada- mente uma solução para nosso impasse, que parecia consistir em resolver o que faríamos ali. Essas reações podem soar como bastante desproporcionais, e é neste fato mesmo que vejo sua importância. Seria difícil conceber que uma situação objetivamente tão simples pudesse nos abalar tão seriamente e nos fazer sentir tão impotentes, frustrados e solitários. Ora, diria eu no imaginário, a equipe pusera-se à disposição, havia farto material publicado a explorar, podia-se conversar com pessoas interessantes, em meia hora podia-se chegar a Berkeley ou a San Francisco, onde fluía uma riqueza de recursos de aprendizagem e, ali mesmo, o local era perfeito para urnas férias no papel de observador. e os ilhares cruzavam-se perplexos pela enorme sala, de onde, através das numerosas janelas; via-se o sol reluzir nas árvores que nos rodeavam. Em certos instantes, a reunião era um alvoroço de vozes altercando intensamente, em outros ficava pesada de nosso silêncio aturdido e cansado. nada era comandado e nada proibido — uma “terra de ninguém” em termos de regras — surgiam explosões profundamente emocionais, de pessoas que expressavam seus sentimentos frente ao que estavam vivenciando na comunidade. A origem e o efeito dessas revelações íntimas não se prestam a uma fácil explicação generalizadora, mas decerto representaram um elo na ligação afetiva que nos atraía à reunião geral da comunidade. Expressava-se frustração, medo e antagonismo, mas também, afeto e esperança. Por vezes, o que fora uma experiência de crescimento, alívio ou sofrimento no pequeno grupo de encontro era trazido à comunidade toda por um dos participantes, que desejava partilhar essa sua vivência significativa com todos os outros. Em outros momentos de reunião, especialmente difíceis, de confronto ou desânimo, vinha a sugestão de algum gesto apaziguador ou uma colocação apaixonada que novamente nos fazia sentir juntos. Num movimento de maré, nossa atenção

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