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SOBRE AS TEORIAS SEXUAIS DAS CRIANÇAS (1908)

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Por:   •  10/2/2013  •  5.427 Palavras (22 Páginas)  •  657 Visualizações

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NOTA DO EDITOR INGLÊS

ÜBER INFANTILE SEXUALTHEORIEN

(a) EDIÇÕES ALEMÃS:

1908 Sexual-Probleme, 4 (12) [dezembro], 763-779.

1909 S.K.S.N. 2, 159-174. (1912, 2ª ed.; 1921, 3ª ed.)

1924 G.S. 5, 168-185.

1931 Sexualtheorie und Traumlehre, 43-61.

1941 G.K., 7, 171-188.

(b) TRADUÇÃO INGLESA:

‘On the Sexual Theories of Children’

1924 C.P., 2, 59-75. (Trad. de D. Bryan.)

A presente tradução é uma versão modificada da publicada em 1924.

Este artigo foi publicado pela primeira vez num número posterior do mesmo periódico em que apareceu o artigo precedente (ver em [1]). Embora tenha vindo a público de forma discreta, e embora contenha muito poucas surpresas para o leitor moderno, na verdade apresentou ao mundo uma quantidade apreciável de idéias novas. Esse paradoxo torna-se compreensível ao verificarmos que este artigo foi publicado alguns meses antes do caso clínico do ‘Little Hands’ (1909b) (embora, como revela em [1], esse trabalho já estivesse em revisão) e que a seção dos Três Ensaios (1905d) sobre ‘As Pesquisas Sexuais da Infância’ (ver a partir de [2], 1972) só tenha sido acrescentada a essa obra em 1915, oito anos depois da publicação deste artigo, do qual, na realidade, aquela seção é apenas pouco mais que um resumo. É verdade que, num artigo anterior sobre ‘O Esclarecimento Sexual das Crianças’ (1907c), Freud transcreveu algum material do ‘Litle Hans’ (ver a partir de [1]) e fez um breve exame da curiosidade infantil sobre o sexo, chegando a mencionar a existência de ’teorias sexuais infantis’ (ver em [2]) sem discorrer entretanto sobre a sua natureza.

Aqui os primeiros leitores deste trabalho, quase sem uma preparação, defrontam-se com as idéias da fertilização pela boca, do nascimento pelo ânus, das relações sexuais dos pais como algo sádico e da posse de um pênis por membros de ambos os sexos. Essa última noção envolveria as implicações mais extensas, também mencionadas pela primeira vez nestas páginas: a importância do pênis para as crianças dos dois sexos, os resultados da descoberta de que um dos sexos não o possui, o aparecimento na menina da ‘inveja do pênis’ e nos meninos do conceito da ‘mulher com um pênis’, e o papel desse conceito numa forma de homossexualidade. Por fim, encontramos aqui a primeira menção e o primeiro exame explícito do ‘complexo de castração’, cujo único prenúncio fora uma obscura referência a uma ameaça de castração em A Interpretação de Sonhos (1900a, ver em [1], 1972).

O riquíssimo material aqui exposto pode, sem dúvida, ser em grande parte atribuído às descobertas da análise do ‘Little Hans’, cujo relato, recentemente terminado, ilustrava e ampliava grande parte do conteúdo deste artigo.

SOBRE AS TEORIAS SEXUAIS DAS CRIANÇAS

O material que serve de base a esta síntese procede de várias fontes. Em primeiro lugar, da observação direta do que as crianças dizem e fazem; em segundo, do que neuróticos adultos conscientemente lembram de sua infância e relatam durante o tratamento psicanalítico; e, em terceiro lugar, das traduções e conclusões, e das lembranças inconscientes traduzidas em material consciente, que resultam da psicanálise de neuróticos.

O fato de que a primeira dessas três fontes não tenha sido suficiente para fornecer todos os elementos necessários para o esclarecimento do assunto deve-se à atitude do adulto em relação à vida sexual das crianças. Não lhes atribuindo nenhuma atividade sexual, o adulto não se esforça por observar seus indícios, suprimindo, por outro lado, qualquer manifestação dessa atividade que lhe chame a atenção. Conseqüentemente, são muito mais restritas as oportunidades de obter informações dessa que seria a mais fértil e inequívoca das fontes. O que provém das comunicações espontâneas dos adultos a respeito de suas lembranças infantis conscientes está, na melhor das hipóteses, sujeito à suspeita de uma adulteração no processo de rememoração; ademais, no seu exame deve ser levado em conta que os informantes se tornaram neuróticos. Já o material procedente da terceira fonte será objeto daquelas críticas usualmente dirigidas contra a fidedignidade da psicanálise e de suas conclusões. Não me é possível tentar aqui justificá-la; e posso apenas assegurar que os que conhecem e praticam a técnica psicanalítica adquirem uma ampla confiança em suas descobertas.

Não garanto ter alcançado resultados perfeitos, mas asseguro que empreguei o máximo cuidado para chegar a eles.

Uma questão difícil é determinar até que ponto se deve supor que as observações aqui relatadas a respeito de algumas crianças seja verdade para todas as crianças. As pressões da educação e a variável intensidade do instinto sexual certamente permitem grandes variações individuais no comportamento sexual das crianças, e sobretudo influenciam a época do aparecimento do interesse sexual da criança. Por esse motivo não dividi minha apresentação do material de acordo com os sucessivos períodos da infância, mas reuni numa única exposição fatos que ocorrem ou mais cedo ou mais tarde em cada criança. Estou convicto de que nenhuma criança - pelo menos nenhuma que seja mentalmente normal e menos ainda as bem dotadas intelectualmente - pode evitar o interesse pelos problemas do sexo nos anos anteriores à puberdade.

Não dou valor à objeção de que os neuróticos constituem uma classe especial, marcada por uma disposição inata ‘degenerada’, e de cuja vida infantil não podemos tirar qualquer conclusão sobre a infância de outras pessoas. Os neuróticos são muito semelhantes aos demais homens. Não se diferenciam acentuadamente das pessoas normais, e na infância não é fácil distingui-los dos que permanecerão sadios em sua vida posterior. Um dos resultados mais valiosos das investigações psicanalíticas é a descoberta de que as neuroses de tais indivíduos não possuem um conteúdo mental especial e peculiar, mas que, como Jung já analisou, eles adoecem devido aos mesmos complexos com que nós, as pessoas sadias, lutamos. A única diferença é que as sadias sabem superar esse complexos sem sofrer danos graves e visíveis na vida prática, enquanto nos casos nervosos a supressão dos complexos só obtém êxito à custa

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