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Sociologia

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Por:   •  12/3/2015  •  904 Palavras (4 Páginas)  •  415 Visualizações

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Conceito de felicidade:

Aristóteles:

Em seu livro “Ética a Nicômaco”, Aristóteles consagrou a tão famosa ética do meio-termo. Em meio a um período de efervescência cultural, o prazer e o estudo se confrontam para disputar o lugar de melhor meio de vida. No entanto, a sobriedade de nosso filósofo o fez optar por um caminho que condene ambos os extremos, sendo, pois, os causadores dos excessos e dos vícios.

A metrética (medida) que usa o estagirita (Aristóteles era chamado assim por ter nascido em Estagira) procurava o caminho do meio entre vícios e virtudes, a fim de equilibrar a conduta do homem com o seu desenvolvimento material e espiritual. Assim, entendido que a especificidade do homem é a de ser um animal racional, a felicidade só poderia se relacionar com o total desenvolvimento dessa capacidade. A felicidade é o estado de espírito a que aspira o homem e para isso é necessário tanto bens materiais como espirituais.

Aristóteles herda o conceito de virtude ou excelência de seus antecessores, Sócrates e Platão, para os quais um homem deve ser senhor de si, isto é, ter autocontrole (autarquia). Trata-se do modo de pensar que promove o homem como senhor e mestre dos seus desejos e não escravos destes. O homem bom e virtuoso é aquele que alia inteligência e força, que utiliza adequadamente sua riqueza para aperfeiçoar seu intelecto. Não é dado às pessoas simples nem inocentes, tampouco aos bravos, porém tolos. A excelência é obtida através da repetição do comportamento, isto é, do exercício habitual do caráter que se forma desde a infância.

Segundo Aristóteles, as qualidades do caráter podem ser dispostas de modo que identifiquemos os extremos e a justa medida. Por exemplo, entre a covardia e a audácia está a coragem; entre a belicosidade e a bajulação está a amizade; entre a indolência e a ganância está a ambição e etc. É interessante notar a consciência do filósofo ao elaborar a teoria do meio-termo. Conforme ele, aquele que for inconsciente de um dos extremos, sempre acusará o outro de vício. Por exemplo, na política, o liberal é chamado de conservador e radical por aqueles que são radicais e conservadores. Isso porque os extremistas não enxergam o meio-termo.

Portanto, seguindo o famoso lema grego “Nada em excesso”, Aristóteles formula a ética da virtude baseada na busca pela felicidade, mas felicidade humana, feita de bens materiais, riquezas que ajudam o homem a se desenvolver e não se tornar mesquinho, bem como bens espirituais, como a ação (política) e a contemplação (a filosofia e a metafísica).

Santo Agostinho e o diálogo A Vida Feliz:

Devido à importância dessas questões, tanto no pensamento greco-romano quanto no pensamento de Agostinho, temos por objeto, no presente trabalho, a análise do segundo momento do diálogo A vida feliz. Neste ponto do diálogo – do parágrafo 10 ao 12 – Agostinho faz um itinerário argumentativo, juntamente com seus discípulos, com a finalidade de descobrir qual é o bem que a alma deve ter posse para ser feliz e quais são as maneiras de a alma obter esses bens.

Agostinho busca saber qual é o alimento necessário à alma e questiona seus interlocutores se aquele não seria a ciência, o conhecimento. Mônica – mãe de Agostinho – responde à questão afirmando que o alimento da alma não é outra coisa senão a ciência e o conhecimento das coisas. É das especulações e pensamentos que a alma alimenta-se. Assim, os homens ignaros encontram-se em jejum, famintos já que estão vazios de ciência e cheios de maldades e vícios.

Agostinho fala sobre a falta de alimento para a alma dizendo que, assim como o corpo, a alma, quando privada de alimento, fica exposta a doenças acarretadas por suas carências. A isso chama de malignidade – nequitia – a qual é caracterizada pela filosofia agostiniana como uma decomposição, como raiz de todos os vícios porque é o nada, o vazio.

A ignorância da alma é identificada com a perversão moral e isso implica uma relação entre conhecimento e moral devido ao fato de que estes não existem de modo isolado. Já sabendo que a alma viciada possui nequícia, especula-se qual o nome da virtude possuída pela alma nutrida de ciência: esta virtude é a frugalidade. A frugalidade é o oposto da nequícia, é uma virtude que evoca fecundidade. Já a nequícia relaciona-se à esterilidade. Agostinho afirma que a virtude deve ser associada ao que é idêntico a si mesmo, ao que é imutável, enquanto o vício é associado ao mutável: “Quando existe algo que perdura, se mantém, não se altera e sempre fica semelhante a si mesmo, aí está a virtude” (AGOSTINHO, II, 8).

A frugalidade, segundo o filósofo, é o elemento mais belo da virtude, é uma virtude dos que tem a alma plena, preenchida de conhecimento. Não obstante, nota-se que plenitude e frugalidade são duas noções indissociáveis da filosofia agostiniana: a alma virtuosa é plena de modo necessário. O mesmo ocorre para a relação existente entre a nequícia e o nada: a alma viciada é vazia. Conforme se pode notar nesta parte da obra, a investigação acerca do alimento da alma ocorre partindo de um critério de imutabilidade, pois Agostinho encontra-se a elaborar um conceito de alma imaterial e, dessa forma, o alimento desta também deve ser imaterial e imutável. O vício é tomado como o nada que triunfa, como mutável. A virtude, por sua vez, é a identidade, não perece, é imutável. O elemento de maior importância e belo da virtude é a frugalidade

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