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Visão geral do livro "Rápido e lento: duas maneiras de pensar"

Resenha: Visão geral do livro "Rápido e lento: duas maneiras de pensar". Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/9/2014  •  Resenha  •  1.669 Palavras (7 Páginas)  •  364 Visualizações

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O livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar apresenta o atual entendimento sobre o julgamento e a tomada de decisões, que foi moldado pelas descobertas das últimas décadas no campo da Psicologia. Amos Tversky (16 de Março de 1937 – 2 de Junho de 1996), caso estivesse vivo, certamente, seria seu coautor. Ele foi um pioneiro da Ciência Cognitiva, um colaborador de longa data de Daniel Kahneman, e uma figura chave na descoberta do enviezamento humano sistemático. Trabalharam juntos durante 14 anos, até sua morte com 59 anos.

O método de suas pesquisas era uma conversa, na qual inventavam perguntas e examinavam, conjuntamente, suas respostas intuitivas. O objetivo era identificar e analisar essa resposta intuitiva, a primeira que viesse à mente de um e de outro. Acreditavam, corretamente, que qualquer intuição que ambos compartilhassem seria partilhada também por muitas outras pessoas, demonstrando então seus efeitos nos julgamentos.

Descobriram que os participantes de seus experimentos ignoravam os fatos estatísticos relevantes e se apoiavam, exclusivamente, na semelhança ou estereótipo cultural. Usavam a semelhança como uma heurística simplificadora para fazer um julgamento difícil.

Heurística é o método de investigação com base na aproximação progressiva de um problema, de modo que cada etapa é considerada provisória. A confiança na heurística provocava vieses previsíveis ou erros sistemáticos nas previsões.

A impressão intuitiva talvez se deva inteiramente à pauta da imprensa e à confiança na heurística da disponibilidade na mente, pois “a memória é curta” e fica impressionada pela última notícia. Por exemplo, as transgressões dos políticos tem muito maior probabilidade de serem noticiadas do que as transgressões de outros profissionais. Será que o adultério é mais comum entre políticos do que entre esses outros, devido ao pressuposto efeito afrodisíaco do poder e às tentações da vida longe de casa?!

Amos Tversky e Daniel Kahneman passaram muito anos estudando e documentando vieses de pensamento intuitivo em tarefas variadas:

1. Determinar a probabilidade de eventos;

2. Prognosticar o futuro;

3. Avaliar hipóteses; e

4. Estimar frequências.

No quinto ano de sua colaboração, publicaram na revista Science o artigo, reproduzido na íntegra ao final do livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, intitulado Julgamento sob Incerteza: Heurísticas e Vieses. Ele descrevia os atalhos simplificadores do pensamento intuitivo e explicava cerca de vinte vieses como manifestações dessas heurísticas no julgamento. Continua sendo um dos trabalhos em Ciência Social mais amplamente citados.

Os cientistas sociais da década de 1970 aceitavam, amplamente, duas ideias sobre a natureza humana.

1. As pessoas são, no geral, racionais, e suas opiniões normalmente são sólidas.

2. Emoções como medo, afeição e ódio explicam a maioria das ocasiões em que as pessoas se afastam da racionalidade.

O citado artigo desafiava ambas as pressuposições. Documentava erros sistemáticos na opinião de pessoas normais e localizava esses erros no projeto do mecanismo cognitivo, mais do que um desvirtuamento do pensamento pela emoção.

A heurística da disponibilidade ajuda a explicar porque algumas questões são muito proeminentes na mente do público, ao passo que outras são negligenciadas. As pessoas tendem a estimar a importância relativa das questões pela facilidade com que são puxadas da memória – e isso é amplamente determinado pela extensão da cobertura na mídia.

Por sua vez, o que a mídia decide cobrir corresponde à opinião que ela tem sobre o que passa na cabeça do público. Como o interesse público é mais facilmente estimulado por eventos dramáticos e celebridades, frenesis – estados de exaltação violenta que põem o indivíduo fora de si com desvario, exaltação, arrebatamento de sentimentos, atividade intensa, agitação –, alimentados pela mídia, são comuns.

Os leitores podem reconhecer como seus próprios pensamentos são sabotados por vieses cognitivos. Ver como é fácil ignorar fatos estatísticos relevantes.

Pesquisadores de diversas disciplinas, notadamente economistas, têm uma oportunidade incomum de observar possíveis falhas em suas próprias opiniões. Tendo visto a si mesmo falhar, eles podem ficar inclinados a questionar a pressuposição dogmática, dominante desde a época da “purificação da Economia”, no final do século XIX, de que a mente humana é racional e lógica.

A intuição do especialista parece magia, mas não é. Na verdade, todo mundo realiza prodígios de perícia intuitiva[intuitive expertise] várias vezes ao dia. Nossas capacidades intuitivas do dia a dia não são menos maravilhosas do que osinsights impressionantes dos peritos, mas apenas mais comuns.

A Psicologia da Intuição precisa não envolve mágica alguma. Herbert Simon critica a mitificação da intuição especializada: “a situação forneceu um indício; esse indício deu ao especialista acesso à informação armazenada em sua memória, e a informação fornece a resposta. A intuição não é nada mais, nada menos que reconhecimento”.

Intuições válidas se desenvolvem quando os especialistas aprendem a reconhecer elementos familiares em uma nova situação e a agir de um modo que seja apropriado a isso. Infelizmente, nem todas as intuições profissionais surgem da especialização genuína. Apesar da precisão na escolha das ações, é razoável acreditar que, muitas vezes, o profissional não sabe o que está fazendo!

A emoção hoje assoma muito maior em nossa compreensão de julgamentos e escolhas intuitivos do que o fazia no passado. Por exemplo, na heurística afetiva, os julgamentos e as decisões são orientados diretamente por sentimentos como gostar ou não gostar, com pouca deliberação ou raciocínio.

Quando confrontado com um problema como decidir-se por investir em determinadas ações, o mecanismo do pensamento intuitivo faz o melhor que pode. Se o indivíduo tem uma especialização relevante, ele vai reconhecer a situação, e a solução que vem à sua mente é provavelmente correta.

Quando a questão é difícil e uma solução apta não se acha disponível, a intuição ainda tem sua oportunidade: uma resposta pode vir rapidamente à mente, mas não é uma resposta à questão original. Nas heurísticas intuitivas, quando confrontados como uma questão difícil, muitas vezes respondemos a uma mais fácil em lugar dela, normalmente sem

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