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Por:   •  23/3/2015  •  1.451 Palavras (6 Páginas)  •  178 Visualizações

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Europa tenta deixar para trás o fantasma da crise

JAMIL CHADE, ENVIADO ESPECIAL DE O ESTADO DE S.PAULO

17 Maio 2014 | 12h 30

Continente dá sinais de recuperação, mas ainda tem longo caminho a percorrer

LISBOA - Na sede da Cáritas, uma entidade dedicada a socorrer famílias em necessidade, em Lisboa, funcionários contam que se cansaram de dar dinheiro a pessoas desesperadas por causa da crise. Agora, além da ajuda, a organização oferece cursos às famílias. Não se trata de um treinamento para encontrar um emprego, mas simplesmente ensinar a fazer compras no supermercado dentro de um orçamento limitado.

Alguns princípios básicos: não ir às compras com fome e não pegar o que está nas prateleiras na altura dos olhos, mas sim o que está nos pés, normalmente mais barato. Além disso, a entidade ensina a fazer uma lista de necessidades - e não dos desejos - antes de sair de casa.

Cinco anos após o início da crise na Europa, as aulas da Cáritas são um retrato atual do Velho Continente, acostumado a mais de meio século de expansão econômica e bem-estar social. O curso é reflexo de uma sociedade que, há até pouco tempo, não tinha problemas de dinheiro e, quando tinha, recorria ao crédito.

A crise revelou ao mundo - e aos próprios europeus - uma nova imagem da Europa. O euro, o maior projeto monetário no mundo nos últimos 50 anos e um pilar de uma estratégia de paz num continente marcado pelas guerras, por pouco não desapareceu. Governos que durante anos deram lições ao mundo de como administrar suas economias não conseguiam dar uma resposta à própria crise.

Desgastada e cansada, a Europa viu sua influência internacional ser fortemente afetada e teve de abrir mão até mesmo de seu peso no FMI. Sua população emigrou e mesmo tradicionais marcas passaram a ser compradas pelo capital estrangeiro. Pelo menos dez governos foram derrubados pela crise, milhões ficaram sem emprego e a população foi às ruas de várias capitais. Ao salvar bancos em todo o continente, governos viram suas dívidas explodir e, para arrumar as contas, tiveram de fazer reformas dolorosas. A pobreza reapareceu e a União Europeia praticamente teve de ressurgir como instituição.

Cinco anos depois e com a constatação de que o continente vive uma década perdida, a Europa dá sinais reais de que está passando por uma recuperação e, em várias capitais que foram socorridas, a percepção é de que se está ganhando uma segunda chance.

Foram 18 meses de recessão na zona do euro, a mais grave de sua história. Agora, todos os indicadores de produção, de encomendas e de exportações voltaram a dar sinais de otimismo. O FMI refez para cima suas estimativas e prevê crescimento de 1,2% em 2014 e 1,5% em 2015.

Dados divulgados no início de maio também apontam a recuperação na periferia do continente, a mais afetada pela crise da dívida. O setor industrial cresceu em abril em praticamente todas a zona do euro. Até os dados sobre as pequenas empresas deram os primeiros sinais positivos desde novembro de 2007. "A recuperação está sendo mais ampla e, portanto, mais sustentável", apontou Chris Williamson, economista-chefe da agência Markit. "A demanda crescente em cada economia alimenta as demais e o crescimento nos outros países."

Parte da explicação para a recuperação tem sido o bom desempenho das exportações, principalmente para a Ásia, que, de certa forma, substituíram o mercado interno. "A recuperação está tomando corpo", comemorou o vice-presidente da Comissão Europeia, Slim Kallas. Mas ela é ainda lenta e muito desigual. A Alemanha crescerá 1,8%, ante apenas 0,6% no caso da Itália.

Reformas. As reformas também começaram a dar sinais de que estão colocando os países a caminho de contas mais saudáveis. Em 2010, o buraco era de 6% do PIB. Em 2012, o déficit da zona do euro caiu para 3,7%. Em 2013, chegou a 3%, o teto estipulado pela UE.

Mas, assim como nas taxas de crescimento, a disparidade no bloco no que se refere à dívida é profunda. Luxemburgo teve superávit em 2013 e a Alemanha fechou o ano com as contas em equilíbrio. Mas a Eslovênia ainda tem um buraco de 14%, a Grécia, de 12,7%, a Irlanda, de 7,2%, e a Espanha, de 7,1%.

Ainda assim, a tendência de queda voltou a dar confiança aos mercados. A Irlanda foi a primeira a anunciar que estava renunciando ao resgate concedido pela União Europeia e FMI. Em 2010, o país recebeu 85 bilhões para não falir e, em troca, fez uma profunda reforma no Estado e em seus gastos.

Em 2014, a Grécia, que chegou a ter sua permanência no euro questionada, voltou a captar e emitir títulos da dívida. Isso depois do maior calote da história, quando foi socorrida por um pacote de 240 bilhões em 2010 e de ver o PIB encolher 25% em cinco anos.

Neste mês, Portugal seguirá os caminhos da Irlanda e também anunciará a saída do programa de resgate internacional. O resgate para Lisboa foi concedido em 2011 e, da mesma forma como na Irlanda e na Grécia, exigiu do país esforços sociais que levaram a economia a uma recessão de três anos.

Agora, as reformas também começam a dar resultados. Portugal teve o primeiro superávit comercial em 70 anos e

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