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Insetos Vetores De Doenças Em Plantas

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Por:   •  29/10/2014  •  1.819 Palavras (8 Páginas)  •  2.414 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA NATUREZA

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

Insetos Vetores de doenças em plantas

Daylon Felix

Ronier Felipe

Valéria Lopes

Lucas Martins Lopes

Rio Branco, AC

Outubro/2014

Introdução

Os vegetais, assim como os animais, também apresentam várias doenças, causadas por diversos fatores, dos quais podemos destacar fungos, bactérias, fatores genéticos, falta de nutrientes ou excesso deles, doenças causadas por parasitas e etecetera. Usaremos como destaque alguns exemplos de insetos vetores de doenças em plantas no presente trabalho.

Para compreendermos melhor o assunto, é necessário um conhecimento básico de alguns termos de identificação usados no decorrer da apresentação.

Insetos: são classificados em tal categoria, basicamente por possuírem três pares de patas articuladas e seu corpo ser dividido em três partes básicas: cabeça, tórax e abdômen, olhos compostos e duas antenas. Pertencem à classe Insecta e compõem o maior e mais largamente distribuído grupo de animais do filo Arthropoda e, consequentemente, dentre todos os animais. Possuem uma vasta diversidade, aproximadamente 852 mil espécies classificadas em 6 ordens catalogadas. Nem todos podem ser considerados pragas, como muitos acreditam, podemos usar como exemplo as abelhas(que são polinizadoras) e o bicho da seda(produtora de seda). A ciência que se dedica a estudar os insetos é conhecida como Entomologia.

Vetores: Em biologia, é qualquer ser vivo que transmite doenças; meio de transporte de doenças.

Patógeno: Causador ou micro-organismo específico que provoca doenças infecciosas aos seus hospedeiros sempre que estejam em circunstâncias favoráveis, inclusive do meio ambiente. Podem ser bactérias, vírus, protozoários, fungos ou helmintos.

Fitoplasmas: são procariotos sem parede celular com tamanhos que variam entre 200 e 800 nm, importantes agentes patogênicos transmitidos por insetos causando cerca de 700 doenças em plantas, das quais muitas são letais.

1- Huanglongbing

Os patógenos associados ao “Huanglongbing” (HLB) são bactérias altamente fastidiosas, pertencentes ao gênero Candidatus Liberibacter, encontradas no floema de suas plantas hospedeiras. A associação de microrganismos com o HLB foi primeiramente descrita em 1970, presentes no floema de folhas de laranjas doces, até o presente momento foram identificadas 3 espécies de ‘Ca. Liberibacter’, sendo: Ca. Liberibacter asiaticus; Ca. Liberibacter africanus (GARNIER, et al ., 2000) e Ca. Liberibacter americano (TEIXEIRA, et al., 2005).

As bactérias podem ser transmitidas pelos insetos vetores Trioza erytreae, que está associado a forma africana da doença, e Diaphorina citri que está associado a forma asiática e americana.

A primeira constatação do HLB nos pomares do Brasil foi em março de 2004 sendo detectada a forma asiática da doença e também a até então desconhecida dela, a americana. As bactérias do HLB também podem ser encontradas na planta ornamental Murraya paniculata conhecida popularmente como Murta, Falsa Murta ou Murta de Cheiro que também é uma hospedeira do vetor D. citri. O inseto vetor é capaz de transmitir o patógeno a partir de plantas de Murta para plantas cítricas.

Como em muitas doenças de sistema vascular, o HLB desenvolve sintomas generalizados de deficiência nutricional, afetando folhas, ocorrendo abscisão foliar, secamento e morte de ponteiros; ramos e frutos, apresentando-se menores e assimétricos, com um mosqueado característico, sementes abortadas e com gosto amargo, sendo frequente a observação de queda dos mesmos.

O sintoma inicial se manifesta em um ramo, cuja as folhas apresentam cor amarela, contrastando com a coloração verde de folhas de ramos não afetados. O sintoma evolui para um forte mosqueamento, com áreas ou manchas amarelo-pálida, em alguns casos ocorre clorose intervenal, sendo comum observar o engrossamento e clareamento das nervuras das folhas, que ficam com aspecto corticoso.

O controle da doença é feito mediante o menejo dos pomares, baseado em algumas medidas fundamentais: uso de mudas sadias, monitoramento dos vetores e seu controle, além da erradicação de árvores sintomáticas. Plantas infectadas de qualquer idade devem ser eliminadas, uma vez que a poda não é recomendada.

1.2 Plantas infectadas dor Fitoplasmas

Os fitoplasmas apresentam-se na forma de corpos pleomórficos encontrados no sistema vascular de plantas infectadas e são transmitidos na natureza por insetos que se alimentam do floema das plantas, como cigarrinhas e psilídeos. Os sintomas apresentados por plantas infectadas por Fitoplasmas (amarelamento, filodia, nanismo, virescência, esterilidade de flores, superbrotamento, elongamento de internódios), sugerem que eles interferem no sistema hormonal das plantas.

No mundo todo, existem três relatos de fitoplasmas infectando espécies do gênero Citrus. ‘Candidatus Phytoplasma aurantifolia’ foi detectado como o agente causal da ‘Witche’s-Broom Lime Disease’ em plantas de limão galego. Esta doença causa grandes perdas de produção de plantas infectadas, sendo facilmente identificada pelo aparecimento do sintoma denominado “vassoura de bruxa” em ramos infectados, sendo considerada uma doença quarentenária. O vetor deste fitoplasma é um cicadelídeo, da subfamília Deltocephalineae, Hishimonus phycitis.

A detecção do patógeno no inseto não o classifica como um vetor, mas é uma indicação de sua potencial atividade na disseminação de patógenos vasculares. A ordem Hemiptera é a única em que estão inseridos os vetores de fitoplasmas identificados até o presente momento. Esse grupo possui várias características que fazem seus membros eficientes vetores. São hemimetábolos, portanto as fases jovens e adultas alimentam-se do mesmo nicho alimentar, sendo assim ambas as fases são capazes de adquirir e de transmitir o fitoplasma.

2- Os pulgões - Principais vetores de vírus de plantas

Os pulgões formam o principal grupo de insetos vetores de vírus de plantas, sendo que aproximadamente metade dos 600 vírus transmitidos por vetores é transmitida pelos pulgões ou afídeos. A família mais importante como vetora de vírus é a Aphididae e subfamília Aphidinae, em que se encontram os gêneros Myzus, Macrosiphum, Toxoptera, entre muitos outros.

Os pulgões reproduzem-se sexualmente e por partenogênese, gerando indivíduos adultos, ápteros e alados. Os alados são, certamente, as formas mais importantes para a dispersão de vírus. O padrão e velocidade de dispersão da doença na cultura dependem de muitos fatores:

1- A fonte de inóculo: de fora da área da cultura, de plantas infectadas na área advinda de transmissão por sementes ou propagação vegetativa, de ervas daninhas, outra cultura ou restos culturais;

2- O potencial de inoculo disponível;

3- Natureza e hábito do vetor: se são transitórios ou colonizadores;

4- Tempo de contaminação: tempo que os vetores tornam-se ativos em relação à idade da plantação;

5- Condições ambientais. São de grande importância os pulgões alados migratórios, particularmente aqueles que se movimentam na cultura no início do plantio.

Os vírus são dispersos das plantas infectadas rapidamente no início da cultura quando são poucos pulgões colonizando-as, mas a dispersão é lenta mais tarde, quando os indivíduos ápteros são mais numerosos.

Transmissão do vírus

O aparelho bucal de um pulgão consiste em dois pares de estiletes flexíveis, ligados pelo lábium. No início da sua alimentação, uma gota de saliva gelatinosa é secretada e injetada nas células vegetais. Os estiletes rapidamente penetram na epiderme e a partir de provas exploratórias, o pulgão pode se alimentar neste local temporariamente. A penetração usualmente continua até as camadas mais profundas, seguidas da formação da saliva gelatinosa. Os estiletes geralmente se movem entre as células até alcançar os elementos do floema. Durante a alimentação dos pulgões no floema é secretada a saliva líquida que contém enzimas digestivas. A saliva gelatinosa não é secretada no floema, mas na retirada do estilete, selando o espaço ocupado pelo estilete e causando uma injúria mínima no tecido.

2.2 O pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis) - Inseto-vetor dos vírus do Mosaico comum

O pulgão-do-milho, Rhopalosiphum maidis, apresenta formas ápteras (sem asas) e formas aladas (com asas). São de coloração verde-azulada, e as formas ápteras medem cerca de, 1,5 mm de comprimento. As formas aladas são menores e possuem dois pares de asas diáfanas. Os pulgões adquirem os vírus em poucos segundos ou minutos, ao se alimentar em plantas infectadas, e da mesma forma, em poucos segundos ou minutos os transmitem, ao se alimentar em plantas sadias. O período de tempo em que retêm e transmitem os vírus, pode variar entre poucos minutos a várias horas.

2.3 Cigarrinha (Dalbulus maidis) - Inseto-vetor de molicutes e vírus da risca

Possui cerca de 5mm de comprimento, de coloração amarelo-palha, facilmente visível no cartucho de plântulas de milho. Os adultos apresentam duas manchas circulares e negras, na coroa. Adquire espiroplasma e fitoplasma junto com a seiva de plantas de milho infectadas, e esses molicutes multiplicam-se nos tecidos das glândulas salivares. Ao se alimentarem em plântulas sadias transmitem esses patógenos.

2.4 Cigarrinha (Peregrinus maidis) - Inseto-vetor do MMV

Os adultos dessa espécie podem apresentar duas formas. As formas aladas (macropteras) medem cerca de 2,7 mm; são de coloração marrom-escura e possuem asas translúcidas, com manchas escuras e nervação proeminente. As formas braquípteras medem cerca de 3,4mm; são marrom-amareladas, com asas atrofiadas e são mais volumosas que as aladas.

3- Controle de Afídeos Vetores

A primeira etapa para o controle do vetor de uma doença é sua identificação. A identificação em nível específico é complexa, mas até gênero é relativamente simples e muito importante de ser realizada. Existe uma grande especificidade entre o vírus e o vetor, o que resulta em diferentes graus de eficiência de transmissão, dependendo da combinação. Por exemplo, o pulgão preto Toxoptera citricida é mais eficiente do que o pulgão Aphis gossypii, na transmissão do vírus da tristeza dos citros. Outro ponto importante é que a quantidade de pulgões presentes não está diretamente relacionada à quantidade de plantas infectadas. A eficiência de transmissão é normalmente muito alta e uma pequena quantidade de insetos transmissores pode causar uma epidemia muito séria. A doença pode ocorrer sem se notar à presença do vetor, no caso da cultura ter sido visitada por insetos migratórios não colonizadores. No caso de vírus não persistentes, o vetor retém o vírus por um período curto de tempo, assim o uso do inseticida tem pouco efeito para se evitar a entrada de vírus na cultura. Para vírus persistentes em que o pulgão é capaz de transmiti-lo para inúmeras plantas, a aplicação de inseticida pode ser útil para reduzir a dispersão de vírus na cultura, diminuindo o número de plantas infectadas. O uso de óleo mineral tem sido bastante útil, para reduzir a dispersão de vírus não persistentes e semipersistentes, provavelmente por interferir com a aderência do vírus no estilete ou estemodéu. Entretanto, o óleo não tem mostrado efeito redutor na transmissão de vírus persistentes. Uma barreira de plantas não susceptíveis ao vírus pode ser uma boa alternativa para reduzir a entrada de vírus não persistentes em uma plantação, pois o pulgão pode realizar as primeiras picadas de prova neste hospedeiro e perder os vírus antes de entrar em contato com a planta susceptível. Coberturas de alumínio ou palha podem ser usadas como repelente ou não atrativas para se diminuir a visita de pulgões. Os pulgões são atraídos pela cor amarela e este fato pode ser usado para se construir armadilhas adesivas de cor amarela e capturar os pulgões alados. Finalmente o uso de tela antiafideo é recomendado principalmente durante a produção de mudas, pois as plantas jovens são mais susceptíveis e os prejuízos são maiores. O tamanho da malha da tela é muito importante para o controle efetivo dos pulgões. O tamanho do orifício da tela para a exclusão do pulgão varia de espécie para espécie, por exemplo, para a Aphis gossypii, um pulgão muito pequeno, o orifício da tela precisa ser inferi

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