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Portfólio de A Necessidade de "Transformação de Mentalidade"

Por:   •  10/10/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.910 Palavras (12 Páginas)  •  79 Visualizações

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  A necessidade de "transformação de mentalidade" que TAYLOR chega a propor como definição final e a mais adequada para o movimento da "administração científica" (scientific management), não seria mais do que a aceitação de que a administração deveria tornar-se um campo de conhecimento tão científico, como a realidade da natureza já se tornara para as ciências de tipo físico-matemático, e que seria forçosamente passível sua transformação numa ciência quantificável, onde se encontraria uma verdade definitiva, à maneira matemática, e que tal seria fatalmente alcançado, sendo apenas uma questão de tempo. O que aquêles pensadores realizaram foi a transformação radical da própria concepção de ciência, bem como de sua finalidade, sendo abandonada a noção de ciência, enquanto atividade especulativa, o que vale dizer contemplativa, que dominara o pensamento ocidental desde a antiguidade clássica até os fins da Idade Média, para substituí-la por uma concepção de ciência enquanto instrumento ativo para possibilitar a extensão do domínio do homem sôbre os fenómenos da natureza.

    Recentemente, chegou-se até a falar da inadequação do marxismo enquanto gerador de ideologias para países da Africa e a pequena aceitação que as idéias marxistas desfrutavam entre os próprios líderes africanos, pois que, sendo o marxismo um conjunto de idéias oriundo da Europa Ocidental e surgindo num momento de relativa sofisticação dialética, em muito pouco poderia corresponder aos anseios, necessidades e desejos de autoafirmação de comunidades negras ainda primitivas e recém emancipadas, e que buscam um estatuto ideológico a fim de fundamentar sua ação política no conjunto das nações independentes. Ora, considerando-se que os países não desenvolvidos, o que equivale dizer, não-ocidentais de um ponto de vista cultural, (a União Soviética é, em nosso entender, um país permeado de cultura ocidental, o que se tornou definitivo após a revolução de 1917) não têm o mesmo passado que os países ocidentais, e suas culturas se afastam, por vêzes, diametralmente dos padrões de racionalidade, tal qual esta é entendida na cultura ocidental, cabe questionar da validade da "Teoria das Organizações" quando aplicadas a um contexto diverso do ocidental. As "habilidades técnicas" se transformaram no traço predominante da civilização ocidental, através de sua industrialização e do domínio da natureza pela tecnologia, porque as ciências da natureza haviam se limitado a atacar pontos específicos do real e em conseqüência tornaram possível a "operacionalidade" neste setor do conhecimento e da atividade humanos. Quando se tratou de bus-car uma forma de criar uma "ciência da administração", TAYLOR voltou-se, mais por intuição do que por reflexão, à utilização da já tradicional metodologia da ciência que há três séculos vinha se mostrando frutífera no campo das ciências da natureza. O que torna a teoria weberiana digna de interêsse para o moderno teórico das organizações, bem como para o administrador prático é a sua irrefutável atualidade, que se deu graças ao grande desenvolvimento atingido pela moderna emprêsa industrial no sistema do capitalismo e que é particularmente perceptível na moderna sociedade anônima com a diluição da propriedade por um grande número de acionistas, implicando numa modificação real do tradicional conceito de propriedade privada e pela complexidade de suas operações e pelo seu porte que freqüentemente atinge dimensões internacionais.

As transformações no trabalho, conseqüentes aos avanços tecnológicos, fazem emergir um novo olhar para analisar a relação do homem com o trabalho, ou seja, o homem inserido no contexto de trabalho, refletindo assim a necessidade de incorporar a esta análise, ora restrita ao comportamento do homem, o ambiente no qual ocorre a atividade e que a condiciona e as conseqüências deste para o indivíduo e para a produção.

É nesse cenário de fundo que se situa o desafio para ciências que estudam o trabalho identificarem as diferentes necessidades (políticas, sociais, materiais e culturais) que permeiam o processo de reestruturação produtiva e que se encontram subjacentes às exigências de reconfiguração dos procedimentos operacionais, determinando o rearranjo de competências no contexto da nova divisão sóciotécnica do trabalho. Elas se manifestam pelas alterações na natureza do trabalho, inclusive aumentando a sua densidade, o ritmo e a ampliação da jornada de trabalho; na co-habitação da "velha" organização do trabalho com tecnologias gerenciais supostamente "modernizadoras Os métodos de análise do trabalho, segundo Leplat (1986), evoluem, não só em conseqüência das transformações do trabalho, mas sobretudo pelo desenvolvimento do conhecimento e dos métodos que esta nova realidade impõe.

No seio da Psicologia, os recortes no estudo do trabalho são distintos, dentre eles podemos salientar aqueles que privilegiam o indivíduo trabalhador (os comportamentos, cultura, valores, atitudes...); a tecnologia (relação homem-máquina ...); a empresa (a abordagem organizacional ...); Subjacente a essa reflexão, as noções de homem e de trabalho que perpassam este artigo acompanham Leontiev (1959/1972), quando define o trabalho como uma "atividade especificamente humana Na perspectiva dos modelos de gestão organizacional, importa compatibilizar outras modalidades de gestão do trabalho, que articulem a flexibilidade da produção proporcionada pelas inovações tecnológicas, com o desenvolvimento de novas competências solicitadas aos trabalhadores. Nesse processo de reestruturação produtiva, a análise de pelo menos duas perspectivas é interessante para o nosso objetivo: (a) as transformações solicitadas no âmbito do novo perfil produtivo dos trabalhadores, decorrentes, sobretudo, do processo de informatização; e (b) a emergência de modelos de gestão no novo ambiente organizacional. Essa reestruturação pode ser identificada pela transformação das estruturas e estratégias empresariais, que alteram as formas de organização, gestão e controle do trabalho, que resultam em novas formas de competitividade, com repercussões no âmbito administrativo e operacional. O mundo do trabalho encontra-se, portanto, sob um processo de reestruturação produtiva e organizacional, cujas inflexões apontam para o esgotamento do modelo taylorista-fordista, estabelecendo novos cenários produtivos. As condições de trabalho resultante desse novo desenho, não são explicitadas e os modelos de gestão são delineados sob a lógica do determinismo tecnológico, voltado para a reformatação dos comportamentos produtivos dos operadores (Cesar, 1998). Elas se apóiam nos pressupostos de: nova produtividade, novo trabalhador, nova gestão e constituem um desafio aos modelos tradicionais de abordar as condições de trabalho.

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