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Sociologia

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Por:   •  8/5/2013  •  2.627 Palavras (11 Páginas)  •  700 Visualizações

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Um indivíduo quando submetido a uma carga de trabalho, desenvolve estruturas metabólicas, endócrinas, biomecânicas, psicológicas e cognitivas que ocasionam a adaptação, ou à enfermidade se forem extrapolados os limitadores apropriados ao funcionamento do organismo humano.

Segundo Verdussen apud Miranda (2004), toda atividade física ocasiona fadiga, como conseqüência dos processos fisiológicos ocorridos no desempenho de um esforço. Estes procedimentos são a queima de elementos energéticos que induzem a uma aceleração do batimento cardíaco, de forma a compensar, pelo afluxo mais rápido de sangue aos pulmões a maior taxa de oxigênio consumido. Os trabalhadores muitas vezes têm uma percepção de sua fadiga, de seu estado de saúde, e se relacionam com as características da situação de trabalho.

Dentro de um contexto de sacrifício corporal, o setor da colheita de cana-de-açúcar apresenta problemas relacionados a fatores que afetam a segurança e a saúde dos trabalhadores, sejam: ambientais, fisiológicos e relacionados à organização. Além dos aspectos relacionados à saúde e condições de trabalho o processo de produção da cana vem sendo objeto de estudos nos aspectos sociais decorrentes da migração, alojamentos precários, e outros que associam este processo a importantes impactos ambientais como degradação do solo, poluição do ar na queima da palha (CANÇADO, 2003).

Estas condições de trabalho no corte de cana de açúcar vem sendo objeto de discussões na sociedade tendo em vista os possíveis impactos desta atividade no desgaste dos trabalhadores, associado à expansão crescente do setor. O assunto é ainda pouco estudado no meio científico nacional e internacional, com carência de literatura especializada.

O setor sucro-alcooleiro vem apresentando franca expansão nos últimos anos decorrente da possível escassez e de aspectos ambientais provocados pelo uso dos combustíveis fosseis provocando a busca de combustíveis alternativos no plano mundial (JORNAL DA CANA, 2006).

Em oito anos o Brasil irá expandir as plantações de cana em mais 3,1 milhões de hectares e o centro oeste será a nova fronteira da cana. Com a construção atual de mais 89 Usinas, sendo que 19 já irão operar no ano de 2006, está sendo esperada a criação de mais 200 mil vagas para atender a expansão do plantio (ISTO É DINHEIRO, 2006).

Perante a importância da cultura da cana-de-açúcar para o Brasil, considerando-se o grande número de trabalhadores envolvidos e a escassez de pesquisas nesta área, as reflexões em seguida trarão importantes contribuições para o conhecimento mais detalhado do trabalho da colheita da cana-de-açúcar.

O presente artigo tem como objetivo apresentar um método que abrange um vasto campo de estudos sobre os determinantes do trabalho nas condições de desempenho e saúde dos trabalhadores e/ou a produtividade através do diagnóstico das condições de trabalho e propor medidas para a melhora das condições e processo de trabalho, contribuindo para a sustentabilidade sócio-ambiental do setor.

A cultura da cana-de-açúcar e sua relação com a saúde dos trabalhadores

A cana-de-açúcar é um dos principais produtos das exportações brasileiras, e ainda constitui uma das opções freqüentes de emprego e renda, especialmente, para os trabalhadores envolvidos nas colheitas. O mercado sucro-alcooleiro movimenta cerca de R$ 36 bilhões por ano, com faturamentos diretos e indiretos, correspondentes a 3,5% do PIB nacional (JORNAL DA CANA, 2006). A cana-de-açúcar e seus subprodutos são consumidos em larga escala no Brasil e no exterior.

No Brasil, ainda segundo o Jornal da Cana (2006), as 289 usinas e destilarias que geram 3,6 milhões de empregos estão distribuídas nas regiões nordeste, centro-oeste, sul e principalmente sudeste do país. Produzindo cerca de 340 milhões de toneladas de cana-de-açúcar moída, permitindo a fabricação de 24 milhões de toneladas de açúcar e 14 bilhões de litros de álcool.

Assim sendo, dentro do processo produtivo as atividades da colheita manual da cana-de-açúcar são consideradas muito importantes, devido ao grande número de trabalhadores envolvidos e o desgaste físico decorrente desta da atividade. Ao contrário de outros paises como a Austrália, onde se utiliza método de colheita mecanizada, no Brasil a colheita é realizada principalmente por método manual e semimecanizado, com expressivo uso de mão de obra de baixa qualificação.

A agroindústria canavieira emprega um milhão de brasileiros no corte da cana-de-açúcar, e mais de 80% do que é colhido é cortado à mão, segundo União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (UNICA, 2006). O corte é precedido da queima da palha da planta, tornando o trabalho mais rápido e rentável para o trabalhador, porém, muitas vezes, o corte é feito com a cana crua, principalmente quando a cana-de-açúcar é destinada ao plantio.

Adissi (1997) comenta que o trabalho canavieiro tem uma relação de dependência com a agroindústria. Como a lavoura canavieira tem como finalidade o suprimento das necessidades da agroindústria do álcool e açúcar, isso exige a integração entre os sistemas de produção agrícola e industrial. Essa condição faz com que as exigências industriais sejam transferidas aos sistemas de produção agrícola.

Segundo Alves (2003) o aumento da quantidade de trabalhadores disponível para o corte de cana se deve a fatores como a baixa mecanização do corte de cana, aumento do desemprego geral da economia, provocada por duas décadas de baixo crescimento econômico e expansão da fronteira agrícola para as regiões do cerrado, atingindo o sul do Piauí e a região da Pré-Amazônia Maranhense, destruindo as formas de reprodução da pequena propriedade agrícola familiar, predominante nestes estados.

O corte manual da cana-de-açúcar, segundo informações da Copersucar (1980), é caracterizado por movimentos repetitivos dos braços, pernas e tronco, podendo ser feito sob duas condições: cana crua e cana queimada. No corte da cana crua, o cortador usando um facão, elimina a palha e, a seguir, corta a cana rente ao solo e na ponta. Alessi e Scopinho (1994) indicam que um cortador de cana de açúcar de sexo masculino pode alcançar a produção máxima de 14 toneladas/dia e do sexo feminino 10 toneladas/dia.

O sistema de pagamento por produção, associado à precarização dos alojamentos, meios de transporte, alimentação insuficiente e condições trabalho nocivas, sem pausas para descanso, podem agravar

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