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A RODA DOS PRAZERES DE LYGIA PAPE

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Por:   •  6/4/2014  •  1.090 Palavras (5 Páginas)  •  2.092 Visualizações

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A RODA DOS PRAZERES DE LYGIA PAPE

Verdadeiramente as instalações foram uma grande revolução na história da arte. Elas, que são fundamentais para a arte contemporânea, estão em um espaço intermediário entre a pintura e a escultura e, por mexerem com os nossos cinco sentidos, podemos experimentá-las e penetrá-las com os nossos próprio corpos das mais diferentes formas.

Eis que essa nova abordagem nas artes fora originada na fenomenologia, e por conseguinte, tem se aproximado à arte da vida. A fenomenologia que é o estudo das essências, afirma que todos os problemas resumem-se em definir as essências como, a essência da percepção, a essência da consciência, etc. A fenomenologia, também, é uma filosofia que repõe as essências na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra maneira senão a partir de sua relação com os fatos. É uma filosofia transcendental que coloca em suspenso, para compreendê-las, as afirmações da atitude natural, mas é também uma filosofia para a qual o mundo já está sempre "ali", antes da reflexão, como uma presença inalienável, e cujo esforço todo consiste em reencontrar este contato ingênuo com o mundo, para dar-lhe enfim um estatuto filosófico.

Pois bem, a artista plástica Lygia Pape (1927-2004), foi uma artista experimental que atuou em diferentes linguagens e suportes. Mesmo sendo diversificada, ela se projetava na cidade e no cotidiano, e portanto, em constantes redefinições. Lygia Pape produziu continuamente durante muito tempo, do início da década de 50 até meados dos anos 2000. Embora houvesse algumas linhas constantes em sua trajetória, Lygia não trabalhava a partir de predeterminações, com algum tipo de linguagem ou material de trabalho. Lançava-se imprevisivelmente a um ou outro suporte e mesmo que encontrasse formas estéticas acabadas, isso não determinava um longo esforço de exploração. Em suas produções sempre havia um forte apelo conceitual, entre as quais, desenvolveu gravuras, pinturas, cinema, programação visual, eventos e performances, instalações ambientais, objetos e etc.

Todo o percurso da sua história ia acontecendo em meio a grandes transformações urbanas: ao crescimento da população, das ruas, das estradas, dos automóveis, etc. Daí justifica que, em todas as suas produções, o elemento urbano tenha aflorado ao assumir inúmeras formas: como referência à cidade existente ou como representação de um imaginário, como evidência da falência do “público” ou como expectativa de projeto social, como espaço de conflito, de relações e manifestações sociais, ou ainda como lugar das dinâmicas da vida cotidiana. Ela sempre se referia à presença da cidade e às interferências e ao impacto por ela causado. Aí é onde se encontra a importância do Neoconcretismo: além de associar as suas conquistas na linguagem pela ausência da moldura dos quadros e da base na escultura, de afastar o espectador de arte contemplativa, também de intenso sentido experimental! Através das experiências que obteve do período concreto e neoconcreto, ela reestruturou as linguagens para a construção desse novo ambiente.

A instalação “A Roda dos Prazeres”, por exemplo, criada por ela em 1968, tinha dispostas 16 bacias em círculo. As bacias continham líquidos com sabores diferentes que podiam ser degustados com um conta-gotas. Os líquidos eram coloridos (verde, azul, amarelo, vermelho) e as cores se repetiam alternadamente. Para Lygia, havia na “Roda” um dado de ironia, de humor negro, pois cada espectador ao interagir com ela, tinha o seu olhar seduzido por determinada cor, porém ao degustá-la, o seu paladar reagia diferentemente da impressão que tivera. O líquido que possuísse uma cor fascinante, por exemplo, poderia ter um sabor bem amargo. O caráter da ação coletiva foi a parte fundamental dessa proposta, o que fez com que Lygia Pape a chamasse de “arte pública”. Ela queria fazer algo que fosse coletivo e que as pessoas pudessem repetir na sua ausência, em um outro lugar. À essa obra, importava a ela chegar ao limite da obra não-comercial; importava mais a ação que a sua materialidade. O fato de Lygia não reivindicar a autoria dessa obra, daria libertação para a criação, que poderia e deveria partir do próprio participante, a fim de que ele se doasse ao máximo. Ele, ao ser um agente da criação teria a possibilidade de poder usar aquilo até para si mesmo, sendo capaz de “encontrar” ou fazer inúmeras obras a partir de objetos comuns. A “Roda dos Prazeres” teria contribuído, então, para que surgisse um aspecto emancipador, ao propor uma mudança de comportamento por meio da arte. Dessa forma, em oposição ao sentido mais

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