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Exercícios e síndrome metabólica

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Por:   •  28/2/2015  •  Artigo  •  1.414 Palavras (6 Páginas)  •  411 Visualizações

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RESUMO

A prática regular de atividade física tem sido recomendada para

a prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares e outras

doenças crônicas por diferentes associações de saúde no mundo,

como o American College of Sports Medicine, os Centers for Disease

Control and Prevention, a American Heart Association, o National

Institutes of Health, o US Surgeon General, a Sociedade Brasileira

de Cardiologia, entre outras. Estudos epidemiológicos têm

demonstrado relação direta entre inatividade física e a presença

de múltiplos fatores de risco como os encontrados na síndrome

metabólica. Entretanto, tem sido demonstrado que a prática regular

de exercício físico apresenta efeitos benéficos na prevenção e

tratamento da hipertensão arterial, resistência à insulina, diabetes,

dislipidemia e obesidade. Com isso, o condicionamento físico deve

ser estimulado para todos, pessoas saudáveis e com múltiplos fatores

de risco, desde que sejam capazes de participar de um programa

de treinamento físico. Assim como a terapêutica clínica cuida

de manter a função dos órgãos, a atividade física promove

adaptações fisiológicas favoráveis, resultando em melhora da qualidade

de vida.

RESUMEN

Ejercicio físico y síndrome metabólico

La práctica regular de actividad fisica viene siendo recomendada

para la prevención y la rehabilitación de enfermedades cardiovasculares

y otras dolencias crónicas por las diferentes asociaciones

de salud del mundo, como el Colegio Americano de Medicina

del Deporte, los Centros para el Control y Prevención de Enfermedades,

la Asociación Cardiológica Americana, los Institutos Nacionales

de Salud, el US Surgeon General y la Sociedad Brasileña de

Cardiología entre otras. Estudios epidemiológicos han demostrado

que la relación directa entre la inactividad física y la presencia

de múltiples factores de riesgo como los encontrados en el síndrome

metabólico. Entretanto, se ha demostrado que la práctica regular

del ejercicio físico presenta efectos beneficiosos en la prevención

y en el tratamiento de la hipertensión arterial, la resistencia

a la insulina, la diabetes, las dislipemias y la obesidad. Por ello, el

acondicionamiento físico debe ser estimulado para todas las personas

saludables y con múltiples factores de riesgo desde que

sean capaces de participar en un programa de entrenamiento físico.

Asi como la terapéutica clínica cuida de mantener la función de

los órganos, la actividad física promove adaptaciones fisiológicas

favorables resultando en un mejoramiento de la calidad de vida.

A inatividade física e baixo nível de condicionamento físico têm

sido considerados fatores de risco para mortalidade prematura tão

importantes quanto fumo, dislipidemia e hipertensão arterial(1).

Estudos epidemiológicos têm demonstrado forte relação entre inatividade

física e presença de fatores de risco cardiovascular como

hipertensão arterial, resistência à insulina, diabetes, dislipidemia e

obesidade(2-5). Por outro lado, a prática regular de atividade física

tem sido recomendada para a prevenção e tratamento de doenças

cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças crônicas(

6-16).

A síndrome metabólica – também conhecida como síndrome X,

síndrome da resistência à insulina, quarteto mortal ou síndrome

plurimetabólica – é caracterizada pelo agrupamento de fatores de

risco cardiovascular como hipertensão arterial, resistência à insulina,

hiperinsulinemia, intolerância à glicose/diabete do tipo 2, obesidade

central e dislipidemia (LDL-colesterol alto, triglicérides alto

e HDL-colesterol baixo). E estudos epidemiológicos e clínicos têm

demonstrado que a prática regular de atividade física é um importante

fator para a prevenção e tratamento dessa doença(2-5,11-16).

O objetivo desta revisão é demonstrar o papel da prática regular

de atividade física na prevenção e tratamento da síndrome metabólica,

bem como descrever a quantidade e modalidade de exercício

necessário para esse fim.

EXERCÍCIO E OBESIDADE

Nas últimas décadas tem havido rápido e crescente aumento no

número de pessoas obesas, o que tornou a obesidade um problema

de saúde pública. Essa doença tem sido classificada como uma

desordem primariamente de alta ingestão energética. No entanto,

evidências sugerem que grande parte da obesidade é mais devida

ao baixo gasto energético que ao alto consumo de comida, enquanto

a inatividade física da vida moderna parece ser o maior fator

etiológico do crescimento dessa doença nas sociedades industrializadas(

13).

Estudos epidemiológicos e de coorte têm demonstrado forte

associação entre obesidade e inatividade física(3-5), assim como tem

sido relatada associação inversa entre atividade física, índice de

massa corpórea (IMC)*, razão cintura-quadril (RCQ)• e circunferência

da cintura(2,3,5). Esses estudos demonstram que os benefícios

da atividade física sobre a obesidade podem ser alcançados com

intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a manutenção

de um estilo de vida ativo, independente de qual atividade praticada,

pode evitar o desenvolvimento dessa doença.

Para o tratamento da obesidade é necessário que o gasto energético

seja maior que o consumo energético diário, o que nos faz

pensar que uma simples redução na quantidade de comida através

de dieta alimentar seja suficiente. No entanto, isso não é tão

simples; tem sido demonstrado que mudança no estilo de vida,

através de aumento na quantidade de atividade física praticada e

reeducação alimentar, é o melhor tratamento(16).

* IMC – razão entre peso (kg) e altura ao quadrado (m2)

• RCQ – razão entre as circunferências (cm) da cintura e quadril.

320 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004

O gasto energético diário é composto de três grandes componentes:

taxa metabólica de repouso (TMR), efeito térmico da atividade

física e efeito térmico da comida (ETC). A TMR, que é o custo

energético para manter os sistemas funcionando no repouso, é o

maior componente do gasto energético diário (60 a 80% do total).

O tratamento da obesidade apenas através de restrição calórica

pela dieta leva a uma diminuição da TMR (através de diminuição

de massa muscular) e do ETC, o que leva à redução ou manutenção

na perda de peso e tendência de retorno ao peso inicial, apesar

da restrição calórica contínua, contribuindo para uma pobre eficácia

de longo período dessa intervenção(13). No entanto, a

combinação de restrição calórica com exercício físico ajuda a manter

a TMR, melhorando os resultados de programas de redução de

peso de longo período. Isso ocorre porque o exercício físico eleva

a TMR após a sua realização, pelo aumento da oxidação de substratos,

níveis de catecolaminas e estimulação de síntese protéica(

17,18). Esse efeito do exercício na TMR pode durar de três horas

a três dias, dependendo do tipo, intensidade e duração do exercício(

19,20).

Outro motivo que incentiva a inclusão da atividade física em programas

de redução de peso está em que a atividade física é o

efeito mais variável do gasto energético diário, pelo que a maioria

das pessoas consegue gerar taxas metabólicas que são 10 vezes

maiores que os seus valores em repouso durante exercícios com

participação de grandes grupos musculares, como caminhadas rápidas,

corridas e natação(13,20). Atletas que treinam de três a quatro

horas diárias podem aumentar o gasto energético diário em quase

100%(20). Em circunstâncias normais, a atividade física é responsável

por entre 15 e 30% do gasto energético diário (fig. 1).

EXERCÍCIO E RESISTÊNCIA À INSULINA

A associação entre inatividade física e resistência à insulina foi

sugerida pela primeira vez em 1945(27). Desde então, estudos transversais

e de intervenção têm demonstrado relação direta entre

atividade física e sensibilidade à insulina(2,5,28,29).

Estudos transversais demonstram menores níveis de insulina e

maior sensibilidade à insulina em atletas, quando comparados a

seus congêneres sedentários(30-32). Atletas másteres demonstram

ser protegidos contra a deterioração da tolerância à glicose associada

ao envelhecimento(33,34). Entretanto, pouco tempo de atividade

física está associado a baixa sensibilidade à insulina e alguns

dias de repouso estão associados a aumento da resistência à insulina(

2,5,35).

Tem sido demonstrado que uma única sessão de exercício físico

aumenta a disposição de glicose mediada pela insulina em sujeitos

normais, em indivíduos com resistência à insulina parentes

de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos com resistência

à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2, e o exercício

físico crônico melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis,

em obesos não-diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e

2(13,36-38).

Apesar do claro benefício da prática de atividade física sobre a

sensibilidade à insulina, há situações em que o exercício agudo

não melhora a sensibilidade à insulina e pode até piorá-la. A sensibilidade

à insulina está diminuída após a corrida de maratona(39),

assim como após exercício extenuante e excêntrico, como correr

numa ladeira(40); uma provável explicação para esse fato é a utilização

aumentada e contínua de ácidos graxos como combustível

muscular. Entretanto, estas são condições extremas em que a intensidade

de exercício é maior do que a intensidade que a maioria

dos indivíduos com síndrome metabólica conseguem suportar.

O efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina tem

sido demonstrado de 12 a 48 horas após a sessão de exercício,

porém volta aos níveis pré-atividade em três a cinco dias após a

última sessão de exercício físico(13), o que reforça a necessidade

de praticar atividade física com freqüência e regularidade.

O fato de que apenas uma sessão de exercício físico melhora a

sensibilidade à insulina e que o efeito proporcionado pelo treinamento

regride em poucos dias de inatividade levantam a hipótese

de que o efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é

meramente agudo. No entanto, foi demonstrado em estudo que

indivíduos com resistência à insulina melhoram a sensibilidade à

insulina em 22% após a primeira sessão de exercício e em 42%

após seis semanas de treinamento(41), o que demonstra que o exercício

físico apresenta tanto um efeito agudo como um efeito crônico

sobre a sensibilidade à insulina.

Benefício do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é

demonstrado tanto com o exercício aeróbio como com exercício

resistido(41-45). O mecanismo pelo qual essas modalidades de exercício

melhoram a sensibilidade à insulina parece ser diferente(42), o

que sugere que a co

...

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