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Peca De Teatro

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Por:   •  18/3/2015  •  1.467 Palavras (6 Páginas)  •  407 Visualizações

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Degustação de vinho em Minas

Texto de Humberto Mello, melloh@bol.com.br

- Hummm...

- Hummm...

- Eca!!! Cruz credo, ave maria, treis veiz!

- Eca?! Quem falou Eca?

- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho não?

- Como assim, estranho?! É um dos melhores que eu selecionei para essa degustação. Ele lembra frutas secas adamascadas, com um leve, levíssimo toque de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...

- Putaquepariu sô! E o senhor conseguiu cherá isso tudo aí nesse copim piquininin ?! Isso é que é nariz heim! O resto é bobagem, viu...

- Claro que eu consegui perceber, captar tudo isso sim senhor! Sou um enólogo laureado. E o senhor? Por acaso pretende ser um também? Eu vou dar um curso na semana que vem.

- Cebesta, eu não! Sou isso não senhor !! Esse negocio de laureado, esses trem esquisito né pra mim não sô... Eu sô da roça, lugar de home macho trabaiá, sabia?

- Meu querido, eu também dou um duro danado, sabia?

- Sei não mais eu imagino...

- Dou duro pra selecionar os melhores vinhos para clientes com sensibilidade apurada, gosto refinado e paladar sofisticado. O que não é o caso de todo mundo que aparece por aqui... O seu paladar deve ser de treino bem reduzido, não é?

- Óia aqui moço, fala assim do meu paladar não, viu? Te dei essas intimidade não. Sai pra la que meu paladar ocê num vai vê, nem pegá... Se a minha muié fica sabendo dessa sua indiscrição com o meu paladar, ihhhh... vai da um barraco! Só ela tem intimidade com o meu paladar viu...

- Meu senhor, o assunto aqui se resume tão somente à degustação de vinhos, ao prazer de descobrir novos sabores... como esse excelente exemplar que o senhor experimentou e despudoradamente fez um comentário sacrilégico...

- Fiz sacrilégio não moço... sinceridade? Que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!

- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!

- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando esse seu narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é ? Esse chero deve curar gripe mesmo né... inté a suína!

- Não, meu amigo, por favor não prossiga cometendo essa heresia com esse vinho tão especial. Eu apenas usava técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. Quem sabe com um bom e exaustivo treino o senhor não descobre que leva jeito? O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...

- E intão moiá o biscoito, né? Tô intendeno onde esse trem ta querendo chegar viu... Tô fora, seu frutinha adamascada!

- Mas querido, você não entendeu. O que eu quero é tão só e simplesmente introduzi-lo no...

- Mais num vai introduzi mais é nunca! Num ti dei essas intimidade não safado... Desafasta, coisa ruim! E fala baixo senão o que os outro vão pensar di mim...

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens que chegaram recentemente... Cést três magnific!

- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história... Num precisa vim com esses magnifique pro meu lado não... Tô fora mesmo.

- Não seja resistente. O melhor começo é com os franceses, depois vem os italianos, os espanhóis. O senhor poderia começar com um Beaujolais!

- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana! Sou macho, inda num percebeu não, sô?

- Alguém que não aprecie um beaujolais é difícil de encontrar... Mas a vida é cheia de surpresas... Então, que tal algo mais encorpado? Acho que faz o seu tipo.

- Óia lá, ocê tá brincano com fogo... Num ti deis essas indimidade não! Meu tipo é muié... aquele trem bão que veste saia.

- Ou, então, você pode começar com um suave fresco!

- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá inté coçando de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada! Cria tipo!

- Já sei: Já que você é inexperiente acho melhor nós começarmos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar! É uma excelente escolha pra iniciantes.

- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, messsmo! Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...

- Então, já que você é assim mais rustico, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?

- E que tal a mão no pédovido, hein, seu fióte de Belzebu?

- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?

- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!

- Mole e redondo, com bouquet forte? Acertei?

- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis! Num corre, não, fiodaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua florzinha fedorenta!...

Um pedido de Pizza em 2020

Texto de Humberto Mello, melloh@bol.com.br

Telefonista: Pizza Hot, boa noite!

Cliente: Boa noite, quero encomendar umas pizzas...

Telefonista: Pois não. Pizza Hot agradece a sua preferência e eu terei muito prazer em providenciar o seu pedido. Pode me dar o seu NIDN?

Cliente: Sim, o meu número de identificação nacional

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