Pulgas adultas

Introdução

A pulga pertence à ordem Siphonáptera. Tal ordem possui duas características bastante salientes: ausência de asas e aparelho bucal do tipo picador-sugador. São insetos hematófagos na fase adulta em ambos os sexos. Possui achatamento do corpo no sentido látero-lateral, escleritos bem quitinizados, segmentos (metâmeros) bem distintos, porém imbricados uns aos outros, e pernas adaptadas para o salto.

As pulgas na fase adulta são ectoparasitos de aves e mamíferos, em especial dos mamíferos. Na fase larvária apresentam vida livre e aparelho bucal do tipo mastigador.

Algumas espécies apresentam especificidades de hospedeiro. Quase todas as ordens de mamíferos já foram encontradas parasitadas por sifonápteros. Assim como outros insetos que picam para sugar sangue, as pulgas participam da transmissão de algumas doenças. Os roedores são os hospedeiros mais importantes, pelo fato de suas espécies serem incriminadas como reservatórios de várias infecções (peste, tularemia, tifo murinho). No Brasil, cerca de 200 espécies têm sido relacionadas como hospedeiros de pulgas.

Em relação à duração do parasitismo ou ao tempo de associação com o hospedeiro, as pulgas podem viver sobre determinado hospedeiro ou então, fora dele, geralmente em seu ninho. A maioria das espécies de pulgas vive sobre a pelagem dos hospedeiros e neles alimentam-se intermitentemente (Xenopsylla spp, Ctenocephalides spp, Polygrnis spp, etc.), ou penetram sob a pele dos hospedeiros alimentando-se permanentemente (fêmeas ferlitizadas de Tunga spp). Outras espécies não vivem sobre o hospedeiro, só o procurando para exercer a hematofagia, como por exemplo, Pulex irritans.

Morfologia Externa

A grande maioria das pulgas são pequenos organismos que medem de 1 a 3 mm de comprimento. As fêmeas, são pouco maiores que os machos e esse também se diferenciam pela morfologia dos órgãos genitais: enquanto neles a extremidade posterior que alberga o órgão copulador espiralado é pontuda e voltada para cima, nas fêmeas a extremidade posterior é arredondada, exibindo uma estrutura visível após classificação entre segmentos VII e VII. São de cor castanho-escuro e corpo achatado que facilita a locomoção entre os pelos.

A cabeça é constituída por uma cápsula quitinosa, que além de achatamento lateral, apresenta-se dividida obliquamente por um sulco profundo, em cada lado, onde se alojam as antenas. Esse sulco antenal separa, de um lado, as regiões frontal e genal; de outro a região occiptal da cabeça. As antenas são curtas e constam cada uma de três segmentos: escapo, pedicelo e clava. Para adiante do sulco antenal pode-se encontrar um par de olhos simples. Entretanto, há pulgas cegas.

O conjunto das peças bucais compreende: a labroepifaringe; um par de mandíbulas; um par de maxilas, com os respectivos palpos maxilares; a hipofaringe e o lábio, com um par de palpos labiais. Labroepifaringe e mandíbulas são peças longas, delgadas e serrilhadas nas pontas, mas a maxilas são curtas, triangulares e cortantes. Os palpos labiais, justapondo-se às demais peças longas, concorrem para protege-las, enquanto a pulga não estiver sugando.

As pulgas possuem numerosas cerdas, de grande importância taxonômica implantadas na cabeça que servem, com outros detalhes estruturais, para a sistemática desses insetos. São importantes nesse sentido, alguns espinhos fortemente quitinizados denominados ctenídios. Pequenos ctenídios podem localizar-se na fronte, outros maiores podem situar-se nas genas por isso denominados ctenídios frontais e genais.

No tórax cada segmento conserva sua independência, podendo-se distinguir, dorsalmente, o pronoto do mesonoto e este do metanoto. O pronoto também pode trazer um ctenídeo em sua borda posterior, o ctenídio pronotal.

Nas pernas, a coxa e o fêmur são segmentos longos e robustos, a tíbia e os cinco artículos tarsais vão-se alongando do primeiro ao último par de pernas, que terminam sempre por duas garras.

Dez segmentos imbricados formam o abdome. No sétimo tergito há um par de cerdas muito maiores, ditas cerdas antipigidiais, porque logo a seguir encontra-se uma placa sensorial eriçada de pelos, conhecida como pigídio ou sensílio. A vulva da fêmea abre-se entre o nono tergito e o nono esternito. No décimo está o anus.

Organização Interna

O aparelho digestivo em seguida à cavidade bucal apresenta um trecho (faringe) onde se inserem músculos dilatadores que participam do mecanismo de sucção. O sangue aspirado segue pelo esôfago até o pro ventrículo, que é dotado de parede muscular e forrado por cutícula densamente revestida de espinhos quitinosos. Estes estão orientados em direção à abertura do estômago e desempenham função valvular.

O estômago (ou intestino médio) é amplo, realizando-se nele a digestão das refeições sanguíneas e a absorção dos materiais nutritivos. No ponto em que se continua com o intestino posterior, existem os quatro tubos excretores de Malpighi. O trajeto final até o anus, é curto e inclui a ampola retal.

O aparelho genital feminino compõe-se de ovários, ovidutos e vagina. Esta comunica-se por estreito canal com a bolsa copuladora que, por sua vez, se comunica com uma estrutura de paredes quitinizadas, a espermateca. A forma da espermateca permite distinguir algumas espécies de pulgas. Nela se descreve: um corpo, sempre fortemente quitinizado, e um apêndice ou cauda de estrutura mais transparente.

Nos machos, há um par de testículos e canais que recebem os produtos das glândulas acessórios. O pênis ou edeago tem estrutura complexa. A terminália do macho possui um par de pinças ou clásperes, que saem do nono segmento e auxiliam a fixação dos sexos durante a cópula.

Biologia

As pulgas adultas são hematófagas obrigatórias, alimentam-se diretamente nos capilares. As larvas, que vivem no solo (frestas de assoalho) ou ninhos de animais, alimentam-se de dejeções ressecadas (sangue e fezes semidigeridas) das pulgas adultas.

Cada espécie de pulga tem um hospedeiro próprio, mas podem sugar outro animal, caso falte o seu preferido. Daí a possibilidade de transmissão de peste e outras doenças ao homem.

A longevidade das pulgas é variável, dependendo da espécie, da atividade, da temperatura e umidade ambiente e do estado alimentar. Quando não se alimentam, morrem em geral dentro de uma ou duas semanas, porém algumas