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A Educação Física (EF)

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Por:   •  27/2/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.419 Palavras (18 Páginas)  •  366 Visualizações

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Introduçâo

A Educação Física (EF) tal qual a conhecemos hoje expressa a forma como os seres humanos se relacionam no modo societário capitalista. As modificações do seu conteúdo e da forma de aplicá-los, bem como suas disposições legais, tendem a obedecer à lógica das mudanças dessa organização social, ou seja, a medida que a sociedade é transformada pelos homens, transforma-se a forma da educação física (MELLO, 2009).

A educação física em sua história esteve sobre a égide da sociedade capitalista, sendo legitimada pelas necessidades de manutenção das relações sociais capitalistas e não pela necessidade de seu conteúdo específico (MELLO, 2009). De um lado, pode-se dizer de forma bastante sintética que a concepção funcionalista da sociedade, entende que a Educação Física é a uma parte constituída de um corpo ou uma máquina harmoniosa, sendo que cada parte contribui com suas devidas funções. A educação física tem então, servido de poderoso instrumento ideológico e de manipulação para que as pessoas continuem alienadas e impotentes diante da necessidade de verdadeiras transformações nas relações sociais.

Ao discutirmos as relações sociais que determinam a atuação da Educação Física articulada às condições objetivas (modo de produção humano) e subjetivas (teorias do conhecimento e correntes pedagógicas), é sabido que ao consolidar-se enquanto sistema, o capitalismo exigiu a formação de sujeitos que atendessem a seus interesses, e neste contexto é que as tendências tiveram sua função estabelecida. Com isto, houve a necessidade de disseminação das idéias dominantes produzidas pela classe que detém os meios de produção, tendo assim, cada tendência uma forma de manipulação e disseminação da ideologia dominante, colocando a classe trabalhadora a assumir um pensamento e a construir ações que se identificam predominantemente com as idéias produzidas pela classe burguesa, fazendo com que os trabalhadores assumissem uma subjetividade inautêntica (ANTUNES, 2004).

As tendências e perspectivas ligadas à Educação Física (EF) expressaram as necessidades relacionadas ao corpo em alguns momentos históricos. Essas tendências partiram da elaboração de um específico modelo corporal e de uma formação ideológica que correspondessem às expectativas da sociedade capitalista. Uma tendência é também uma pedagogia, que é a teoria e o método que constrói os discursos e as explicações sobre a prática social e sobre a ação dos homens na sociedade. Quando uma tendência não corresponde aos interesses das diferentes classes ou ela mesma já não funciona como deveria, ela acaba por dar espaço para o surgimento de uma nova tendência.

Buscamos então, contextualizar a função das tendências ideológicas na história da Educação Física, no período que compreende a ascensão do capitalismo no Brasil até a década de 80. Escolhemos abordar este período, porque este foi um momento de construção da base dessa prática pedagógica, embasada no viés positivista que direcionou a EF por uma visão acrítica.

A metodologia utilizada para a construção deste trabalho é de uma pesquisa do tipo bibliográfica segundo Minayo (2003), tendo como matriz teórica o materialismo histórico de Karl Marx e Friedrich Engels. Para mapear o caminho percorrido pela Educação Física consideramos o desenvolvimento da Educação Física brasileira nos baseando em Castelhani Filho (1988); Ghiraldelli Junior (1994) e Soares (2001) e classificamos as tendências em quatro: higienista, militarista, pegagogicista e competitivista.

a. Higienista

Perto do fim do séc. XVIII e início do séc. XIX dá-se inicio a construção e consolidação de uma nova sociedade, a capitalista. Imediatamente com o surgimento da nova sociedade se viu necessária a construção de um novo homem, que fosse apto a esta sociedade, homem este que deveria ser mais ágil, mais forte, mais empreendedor.

Com isto, para construir este estereótipo de homem é que se consolidou a gênese1 da Educação Física em nosso país,2 ligada às instituições médicas e militares. Essas instituições contribuíram para a consolidação e reconhecimento da Educação Física, inicialmente entendida como Ginástica, que em um primeiro momento, segundo Vitor Marinho (2004) foi evidente a identificação com a medicina que deu status a educação física. Dessa maneira, a prática pedagógica foi pensada e posta em ação, uma vez que correspondia aos interesses da classe social hegemônica daquele período histórico.

A partir de conhecimentos e teorias gestadas no mundo europeu, os médicos desenharam um outro modelo para a sociedade brasileira e contribuíram para a construção de uma nova ordem econômica,política e social. Nesta nova ordem, na qual os médicos higienistas iram ocupar lugar destacado, também colocava-se a necessidade de construir, para o Brasil, um novo homem, sem o qual a nova sociedade idealizada não se tornaria realidade [...] a medicina social, em sua vertente higienista, vai influenciar e direcionar de modo decisivo a educação física, a educação escolar em geral e toda a sociedade brasileira (SOARES, 2001, p.70-71).

Tendo suas origens marcadas pela influência das instituições militares, condicionadas pelos princípios positivistas, a educação física no Brasil, foi entendida como uma atividade de extrema importância para forjar o individuo forte e saudável, que era necessário para a implementação do processo de desenvolvimento do país (CASTELHANI FILHO, 1988; CHAUÍ, 1982).

O médico se torna o grande personagem desta história, tendo em seu papel o dever de corrigir e melhorar o corpo social e mantê-lo em constante estado de saúde, respondendo a sua função higienista e impondo sobre as famílias uma mudança direcionada os hábitos saudáveis, dando um fim nos velhos hábitos coloniais. Deste modo, para dar conta de suas atribuições, os higienistas passaram para a educação física um papel de moldar o corpo saudável, robusto e harmonioso em oposição ao corpo flácido e doentio do individuo colonial (SOARES, 2001).

Com o desenvolver da sociedade, a riqueza produzida pertencia à minoria e a miséria, pelo contrário, pertencia a muitos, pois os que produziam a riqueza eram aqueles que exauriam as forças de seu próprio corpo, energia humana e intelectual (força de trabalho), que era vendida como mercadoria por ser a única coisa que o trabalhador tinha a oferecer (SOARES, 2001). Devemos considerar que muitas doenças estavam surgindo, o que ameaçava o crescimento

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