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A Bexiga Neurogênica

Por:   •  21/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.963 Palavras (12 Páginas)  •  591 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Entende-se por Trauma Raquimedular (TRM) a lesão traumática da coluna vertebral com associação de lesão medular, podendo esta ser completa, ou incompleta, com ruptura total ou parcial da medula. O enquadramento diagnóstico é definido através da funcionalidade do paciente no momento do exame neurológico com a aplicação de testes específicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Essa lesão pode ser de origem traumática e não traumática. A traumática pode ser causada por acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo, mergulho em águas rasas ou quedas de lugares altos. E as causas não traumáticas podem ser por tumores, infecções, alterações vasculares, malformação e processos degenerativos ou compressivos na coluna vertebral (MAGALHÃES et al, 2011).

A localização anatômica da lesão (nível medular) está diretamente relacionada ao mecanismo de trauma, e a região cervical é o segmento mais afetado. Os mecanismos de lesão são diversos e podem acometer a medula a partir de compressões, esmagamentos, movimentos de torção, distensão, ruptura, entre outros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

A LM é uma agressão à medula espinhal, na qual o nível e o grau de dano determinam a extensão e a gravidade das lesões sensoriais e motoras, com impacto sobre as funções respiratória, urinária, sexual e intestinal (VIEIRA et al, 2014).

As pessoas com LM apresentam vulnerabilidade para complicações, como intestino neurogênico, dor neuropática, espasticidade, lesões por pressão, e problemas do trato urinário, associados à bexiga neurogênica (VIEIRA et al, 2014).

A bexiga neurogênica é uma disfunção que resulta de um distúrbio ou disfunção do sistema nervoso e que leva à incontinência urinária. Pode ser causada por lesão da medula espinal, tumor espinal, hérnia de disco vertebral, esclerose múltipla, distúrbios congênitos, infecção ou complicações do diabetes melito (SMELTZER, 2016).

A bexiga neurogênica (BN) consiste na perda do funcionamento normal da bexiga, provocada por lesões de uma parte do sistema nervoso. Sua origem pode estar relacionada à alteração da inervação da parede vesical ou dos esfíncteres. Isto pode ocorrer tanto por lesões congênitas, como disrafismo espinhal, agenesia de sacro e mielomeningocele; quanto por lesões adquiridas, como traumatismos ou tumores que afetem as raízes nervosas que saem do canal raquidiano (SOUZA, 2013).

A complicação mais comum da bexiga neurogênica consiste em infecção, devido à estase urinária e ao cateterismo. As complicações a longo prazo incluem urolitíase (cálculos nas vias urinárias), refluxo vesicoureteral e hidronefrose – que podem levar à destruição do rim (SMELTZER, 2016).

Normalmente, a urina flui dos rins para as vias urinárias em gradientes muito baixos de pressão. Se este fluxo for obstruído, acontece uma dilatação do rim pela urina, em decorrência da pressão de retorno do fluxo urinário sobre o rim, danificando os seus delicados tecidos e interrompendo o seu funcionamento. Chama-se hidronefrose à distensão que se verifica no rim assim afetado, pode ser produzida por um refluxo da urina desde a bexiga, por diversos tipos de obstruções, como cálculos, tumores, infecções e outros (ABCMED, 2014).

Tanto é importante diagnosticar a existência da hidronefrose quanto determinar as suas causas. Isso pode demandar uma grande variedade de exames. As análises de sangue podem dar uma ideia do estado funcional dos rins. A ecografia (ultrassonografia) proporciona imagens dos rins, ureteres e bexiga. A urografia excretora, outro exame que pode ser solicitado, consta de radiografias do sistema urinário, feitas depois de uma injeção venosa de uma substância radiopaca, que permite visualizar a árvore urinária, permitindo uma boa visualização da bexiga e da uretra. Estes exames, além de mostrarem possíveis lesões localizadas, oferecem informações acerca do fluxo urinário (ABCMED, 2014).

As intervenções específicas incluem cateterismo contínuo, intermitente ou autocateterismo; uso de um cateter externo de tipo preservativo; dieta com baixo teor de cálcio (para evitar a formação de cálculos) e incentivo do cliente quanto à mobilidade e deambulação. Incentiva-se o consumo liberal de líquido para reduzir a contagem de bactérias na urina, diminuir a estase, reduzir a concentração de cálcio na urina e minimizar a precipitação de cristais urinários e formação subsequente de cálculos (SMELTZER, 2016).

Uma das medidas adotadas que tem se mostrado eficaz no tratamento da BN é o cateterismo vesical intermitente (CVI), o qual promove um esvaziamento vesical efetivo, impedindo que ocorra estase urinária e consequente formação de resíduo vesical pós miccional (SOUZA, 2013).

Os cateteres variam quanto ao tamanho, formato, comprimento, material e configuração. O tipo de cateter empregado depende de sua finalidade. Os cateteres impedem a maioria das defesas naturais das infecções das vias urinárias inferiores, visto que provocam obstrução dos ductos periuretrais, irritam a mucosa da bexiga e proporcionam uma via artificial para a entrada de microrganismos na bexiga. Os microrganismos podem ser introduzidos da uretra para a bexiga durante o cateterismo, ou podem migrar ao longo da superfície epitelial da uretra ou da superfície externa do cateter (SMELTZER, 2016).

O autocateterismo intermitente propicia uma drenagem periódica da urina da bexiga. Ao promover a drenagem e eliminar a urina residual excessiva, o cateterismo intermitente protege os rins, reduz a incidência de infecção urinária e melhora a continência. Trata-se do tratamento de escolha para alguns clientes com lesão da medula espinal e outros distúrbios neurológicos, como esclerose múltipla, quando a capacidade de esvaziamento da bexiga encontra-se comprometida (SMELTZER, 2016).

O processo da micção (eliminação de urina) envolve várias respostas neurológicas bem coordenadas, que medeiam a função vesical. Se a disfunção miccional não for detectada nem tratada, pode ocorrer comprometimento das vias urinárias superiores. O esvaziamento incompleto crônico da bexiga, devido à pressão insatisfatória do detrusor, resulta em infecção vesical recorrente. O esvaziamento incompleto da bexiga devido à obstrução da saída da bexiga, que provoca contrações do detrusor de alta pressão, pode resultar em hidronefrose, devido à pressão elevada do detrusor que se irradia para cima, dos ureteres até a pelve renal (SMELTZER, 2016).

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Histórico de enfermagem

S.S.R., 46 anos, sexo masculino, negro, casado, 1 filho, ensino médio completo, católico, funcionário público aposentado, natural de Teresina (PI), procedente do bairro São João. Por encaminhamento da “Unidade Integrada de Saúde Parque Piauí” deu entrada no Hospital Universitário (HU) no dia 23/09 com diagnóstico de bexiga neurogênica e hidronefrose grau II bilateral. Em casa realiza auto-cateterismo vesical. Relata que foi internado 5 vezes nos últimos 2 meses pelo quadro e repetidas infecções do trato urinário (ITU). Relata TRM devido má formação na medula que comprimiu e lesionou os nervos levando à paraplegia após cirurgia de correção de fístula arteriovenosa realizada há 2 anos. Realizou cirurgia de correção de aneurisma encefálico há 20 anos. Pai e irmão portadores de DM. Confirma hábitos como tabagismo (fumou por 20 anos) e etilismo, contudo parou há 6 anos. Estado vacinal atualizado.

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