TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A ENFERMAGEM E A HISTÓRIA: POR QUE A GENTE É ASSIM SEM AUTONOMIA?

Por:   •  16/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.554 Palavras (7 Páginas)  •  354 Visualizações

Página 1 de 7

AGES

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

MARCOS MARTINS MEIRELES

A ENFERMAGEM E A HISTÓRIA: POR QUE A GENTE É ASSIM SEM AUTONOMIA?

Texto apresentado no curso de Enfermagem da Faculdade AGES, como um dos pré-requisitos para obtenção da nota parcial da disciplina História da Enfermagem e Bases para o Cuidado, no VI período, sob a orientação do professor Ernande Valentin do Prado

Paripiranga

Outubro de 2011

A ENFERMAGEM E A HISTÓRIA: POR QUE A GENTE É ASSIM SEM AUTONOMIA?

A questão da autonomia na enfermagem não se pode atribuir apenas a uma situação, Entender a falta da autonomia do enfermeiro requer mergulhar nos fatos históricos, no sentido de perceber o que conduziu a enfermagem a ser o que é hoje.

Essa falta de autonomia pode ser vista como uma mazela para a profissão, Nesse sentido a prestação do cuidado para a profissão deve ser baseado no aspecto holístico. Não atribuindo apenas uma situação, um fragmento como faz o modelo biomédico e sim a um contexto global.

É preciso fazer o histórico levantar dados de forma sistematizada, interligando os fatos, contrapondo as situações, verificando os sinais, observando os sintomas, analisando o contexto, compreendendo a falta de autonomia como algo histórico e social. E a partir disso diagnosticar o problema

O que observa é que o contexto envolve uma serie de situações, desde a gênese da enfermagem, a profissão centrada na figura da mulher; os modelos instituídos; a relação do enfermeiro com o cuidado objeto da profissão; a forma como aconteceu à profissionalização,

Passamos a descrever todos essas situações acreditando no pressuposto tomado por Edgar Morim, em que a relação todo e partes não fecham os conceitos, mas os correlacionam, tudo se entrecruza, tudo se entrelaça. Há uma amarração de tudo com tudo

Uma das situações que comunga para a questão da autonomia da enfermagem é o fato de que os atores do cuidado na Idade Média serem mulheres e escravos. Segundo Oguiso (2007 p. 13) a mulher nessa época era delegada a tarefa de compensação das perdas demográficas ao tempo que realizavam tarefas domésticas, assim ocorria com as escravas.

O tempo passou, instituíam-se novos modelos, mas a figura da mulher tende a. permanecer, atrelada a imagem de ser inferior e sentimento de devoção e obediência. Isso ocorre no religioso quando “confia aos religiosos um papel determinado, mas subordinado” (ANDRADE, 2007. p. 02). E no vocacional que conforme Rodrigues (2001) situa-se nessa mesma perspectiva, diferenciando apenas em função dos novos agentes que além dos religiosos inclui pessoas leigas.

Ainda nessa mesma perspectiva situa-se a enfermagem moderna na figura de Florence, que valorizava a disciplina obediência e subserviência. “Preconizava que as enfermeiras deveriam a uma forte organização disciplinar cuja finalidade exclusiva era capacitá-las para a execução inteligente das tarefas ordenadas pelo médico”(ANDRADE, 2007, p. 03)

Até agora vimos que a enfermagem centrada na figura da mulher, comunga para a falta de autonomia. Segundo Andrade (2007) a profissão sofre restrições pelo fato de ser uma profissão de mulheres, que envolve representações sociais relacionadas às características da mulher ideal numa sociedade que prevalece o domínio dos homens.

Mesmo quando a enfermagem não estava centrada na figura da mulher, como na época das Cruzadas século XI. Existia uma conotação que o homem era um ser superior. Nessas expedições militares “a ação do cuidar era exercida praticamente pelos homens, e as ordens militares com monges enfermeiros caracterizavam a enfermagem como atividade masculina” (OGUISO, 2007 p. 17).

No que se refere à forma como ocorreu profissionalização é outro fator que concorre com a fragilidade de autonomia do enfermeiro que também está relacionado à medicina. De acordo com Oguiso, (2007), o movimento para profissionalização tem destaque-se em todos os países o modelo de ensino estabelecido era o modelo medico. Sendo os cursos ministrados pelos próprios médicos.

Desse modo os médicos moldaram a profissão de acordo com suas necessidades e seus interesses. Conforme as ideias de Oguiso, (2007), os enfermeiros deveriam ser dóceis auxiliares que aceitassem seus princípios e regras sem contestar. Sendo preciso contar com pessoas submissas.

Isso evidencia que a enfermagem como profissão parece ter sua base construída a partir de profissionais não críticos, com comportamento de aceitação das coisas, sem contestação. Convergindo com a renúncia, se opondo ao que é autonomia que segundo Freire é a capacidade de decidir-se, de tomar o próprio destino em suas mãos.

Tomando as ideias de Rodrigues (2005) o fato do enfermeiro, ser disciplinado, obediente e não exercer crítica social ocasionou uma serie de dificuldades para os profissionais de enfermagem como: longas jornadas de trabalho, baixos salários, a frágil organização política e falta de autonomia.

O comportamento de aceitação fica explicito quando Bueno e Queiroz (2006) afirmar que a enfermagem ao acompanhar a tendência mecanicista da medicina, dando ênfase a intervenção técnica, não observando o aspecto emocional, coletivo e educacional desvaloriza o cuidado.

Essa desvalorização do cuidado não apenas propõe uma visão do ser humano como objeto de manipulação. Mas acarreta consequências ao enfermeiro, pois “insere-se em um processo de alienação e perda de autonomia, uma vez que o cuidado constitui, historicamente, a essência da prática de enfermagem” (BUENO e QUEIROZ, 2006, p 03).

A relação da enfermagem com o cuidado é um fator que certamente contribui para a falta de autonomia do enfermeiro. No entanto essa questão pode servir como diagnostico importante e, por conseguinte, a base para realização da prescrição do plano assistencial para a resolutividade do problema.

A promoção, proteção da saúde e prevenção dos agravos e reabilitação da profissão envolve essa relação do enfermeiro com sua essência da prática de enfermagem, o cuidado. “A tentativa de resgatar o papel de cuidar na enfermagem significa, portanto, recuperar ou reconstruir a autonomia profissional da enfermagem” (BUENO e QUEIROZ, 2006, p. 04)

Segundo Bueno e Queiroz (2006) o cuidar qualifica o trabalho do

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.3 Kb)   pdf (57.5 Kb)   docx (15.9 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com