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Arte Como Forma de Cuidado em Saúde Mental

Por:   •  2/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.643 Palavras (7 Páginas)  •  367 Visualizações

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ARTE COMO FERRAMENTA DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL

A partir dos estudos sobre o funcionamento cerebral, a neurociência demonstra que a expressão através da arte e os produtos que são criados através dessa linguagem envolvem níveis somatossensoriais, motores, emocional, visual, e também aspectos cognitivos de processamento de informação com a ativação das correspondentes estruturas cerebrais e processos neurofisiológicos. Esses achados demonstram a imensa potencialidade desses recursos em tratamento de patologias ligadas a neurobiologia. (1)

A expressão corporal e a dança são atividades que são impulsionadas por haver a necessidade de novas possibilidades de construção no dia a dia ao atendimento da pessoa com transtorno mental, e com questões que são próprias do corpo e que também são geradas pela necessidade de encontrar novos caminhos de comunicação e expressão entre os pacientes. (2)

Constituem se também pela compreensão do papel importante que tem a arte na promoção de interação entre grupos e pessoas, nos aspectos objetivos e subjetivos de cada um. (2)

Ainda como maneira de desvelamento de novos significados para a atividade desses indivíduos, entendendo ser o corpo e a arte inseridos no contexto dialógico de produção de linguagem e comunicação. (2)

As oficinas terapêuticas são atividades de encontro de vidas entre pessoas em sofrimento psíquico, promovendo a expressão de liberdade, exercício da cidadania, e convivência dos diferentes, através de preferência da inclusão pela arte, e assim os princípios que devem nortear os trabalhos realizados nas oficinas terapêuticas são:

Todos os indivíduos devem e podem projetar seus conflitos internos sob forma literária, plástica, corporal, musical etc.;

Deve haver a valorização do potencial imaginativo e criativo do paciente;

Deve ocorrer a ligação entre o mundo da arte e do conhecimento psíquico pela expressão da subjetividade;

Deve trabalhar a transdiciplinaridade e interdisciplinaridade, misturando as intervenções e os saberes;

Deve visar a reinserção dos usuários e

Deve haver o reconhecimento da diversidade. (3)

A arte colabora na melhoria da saúde do indivíduo, fortalecendo a resiliência e capacidade de auto regulação dos usuários e não somente colaborando no desaparecimento de sintomas das doenças dos mesmos. (4)

As formas de expressão por meio da arte em meio coletivo retratam também a realidade e meios de produção de novas formas de superação de seus anseios e denúncias. (4)

A arte pode ser a expressão de potencial critico, político, criativo, e coletivo em uma comunidade na busca de soluções aos problemas. (4)

A técnica da dramatização pode contribuir com a reorganização e ressignificação das regras presentes na vida dos indivíduos, favorecer os processos de criação, abstração e imaginação e pode ser um mediador nas relações. (5)

As dramatizações para pessoas com transtornos mentais podem contornar as dificuldades e impedimentos de falar de seus problemas. (5)

Possui dois princípios: ser sempre um preâmbulo do que se viverá na realidade social e transformar o espectador em protagonista. (5)

Arteterapia

A arte é utilizada pelo homem desde os tempos das cavernas, porem vem sendo estudada e pesquisada como base de terapia desde o século XIX.(6)

O psiquiatra Max Simon no ano de 1876 fez a análise de pinturas de pacientes e as classificou de acordo com as patologias que os pacientes eram acometidos, outros médicos europeus nessa mesma época demonstraram interesse pelas expressões artísticas dos pacientes, dentre eles estão: Júlio Dantas (1900), Morselli (1894) e Fusac(1900).(6)

Em 1906 Mohr realizou um importante estudo comparando os trabalhos de arte de pessoas sem transtornos mentais e com transtornos mentais, e observou a presença de manifestações de conflitos pessoais e histórias de vida nessas criações. Mais tarde este estudo influenciou o estudo de testes utilizados pela psicologia. (6)

No início do século XX o psicanalista Freud interessou se pela arte e postulou que:

O inconsciente se manifesta através de imagens, que transmitem significados mais diretamente do que as palavras, que o artista pode simbolizar concretamente o inconsciente na produção artística, retratando conteúdo do psiquismo que, para ele, é uma forma de catarse. (6)

Jung foi o primeiro psicanalista a utilizar em consultório a expressão artística dos pacientes:

Segundo Jung a energia psíquica não muda de objeto enquanto não se transforma. Postulou que todos possuem disposições inatas para a configuração de imagens e idéias análogas, às quais denominou de arquétipos que surgem nos sonhos e trabalhos artísticos, ajudando na compreensão do comportamento individual. A atividade plástica e a criatividade, para Jung, são funções psíquicas inatas que contribuem com a evolução da personalidade e com a estruturação do pensamento. O Homem e seus Símbolos, um importante livro escrito por esse teórico, demonstra como conteúdos psíquicos estão presentes nas obras de arte realizadas pelo ser humano. (6)

No Brasil dois grandes psiquiatras brasileiros ajudaram na construção e fundamentação da Arteterapia: Nise da Silveira e Osorio César. (7)

Em 1923, Osorio César iniciou o trabalho com artes no hospital Juquery em São Paulo e publicou vários livros. (7)

Osório realizou observação empírica dos trabalhos realizados pelos pacientes e averiguou que o material tinha natureza própria, com distorções figurativas e deformações de caráter simbólico. Fundou a “Escola Livre de Artes” no ano de 1950. (7)

No ano de 1946 Nise da Silveira trabalhava como psiquiatra no Centro Psiquiátrico Dom Pedro II e era contra os métodos coecertivo e cruéis de tratamento realizados na época, tais como eletrochoque e lobotomia, fator este, decisivo para sua luta em favor dos pacientes, possibilitando outras formas de tratamento. (7)

Dra. Nise percebeu na linguagem não verbal instigada por intervenção das expressões artísticas como desenho, pintura, modelagem e dança, a possibilidade para penetrar no mundo psíquico dos pacientes. Os pacientes, no ateliê, podiam expressar conteúdo internos,

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